Mais
um texto bíblico, muito cohecido, para a nossa reflexão.
A
parábola do filho pródigo mexe muito com a nossa “lógica humana”, com as nossas
enraízadas tendências de julgar os outros pelo “olho por olho, dente por dente”...
Mas
a “lógica” de Deus é diferente da nossa. Quanta coisa ainda temos que
aprender...! Como? Por quê? Como entender melhor esse texto?
O
comentário abaixo, da autoria de M. Asun Gutiérrez Cabriada, é uma reflexão maravilhosa.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em
apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de
Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom4qC13port.pps Trabalho muito
bonito!]
Com as suas parábolas,
Jesus, tenta levar o Reino de Deus
a cada aldeia, a cada família, a cada pessoa.
Com as parábolas de Jesus “acontece” algo que não se produz
nas minuciosas explicações dos mestres da lei.
Jesus torna presente Deus irrompendo na vida dos seus ouvintes.
As suas parábolas comovem e fazem pensar;
tocam o seu coração e convida-os a abrirem-se a Deus;
sacodem a sua vida convencional e criam um novo horizonte
para o acolher e o viver de maneira diferente.
As pessoas escutam-nas como uma “boa notícia”,
a melhor notícia que podem escutar.
a cada aldeia, a cada família, a cada pessoa.
Com as parábolas de Jesus “acontece” algo que não se produz
nas minuciosas explicações dos mestres da lei.
Jesus torna presente Deus irrompendo na vida dos seus ouvintes.
As suas parábolas comovem e fazem pensar;
tocam o seu coração e convida-os a abrirem-se a Deus;
sacodem a sua vida convencional e criam um novo horizonte
para o acolher e o viver de maneira diferente.
As pessoas escutam-nas como uma “boa notícia”,
a melhor notícia que podem escutar.
José Antonio Pagola.
(Jesus: uma abordagem histórica.)
(Jesus: uma abordagem histórica.)
Evangelho Lucas 15, 1‑3. 11‑32
Naquele tempo, os publicanos e os
pecadoresaproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os
escribas murmuravam entre si, dizendo:
«Este homem acolhe os pecadores e come
com eles».
Jesus disse-lhes então a seguinte
parábola:
«Um homem tinha dois filhos. O mais
novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu
os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os
seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía,
numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região, e
ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes
daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava
ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse:
‘Quantos trabalhadores de meu pai têm
pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu
pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser
chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai.
Ainda ele estava longe, quando o pai o
viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de
beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço
ser chamado teu filho’.
Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei
depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos
pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu
filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa.
Ora o filho mais velho estava no
campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, uviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão
voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo,
porque ele chegou são e salvo’. Ele
ficou ressentido e não queria entrar.
Então o pai veio cá fora instar com
ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca
transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E
agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de
má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’.
Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás
sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e
alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido
e foi reencontrado’».
Comentário
Naquele tempo, os
publicanos e os pecadores
aproximavam-se todos de
Jesus, para O ouvirem.
Mas os fariseus e os
escribas murmuravam entre si, dizendo:
«Este homem acolhe os
pecadores e come com eles».
A cena apresenta-nos
Jesus a falar com gente pouco recomendável: pecadores públicos e
cobradores de impostos, perante o escândalo das pessoas consideradas de ordem e de bem: os fariseus e
os letrados.
No tempo de Jesus, partilhar mesa era uma forma especialmente íntima de amizade e solidariedade.
No tempo de Jesus, partilhar mesa era uma forma especialmente íntima de amizade e solidariedade.
Por nenhum motivo se podia partilhar mesa com alguém de
classe inferior e muito menos com alguém cuja conduta não se podia aprovar.
Jesus torna-se próximo dos indesejáveis e escandaliza os fariseus.
Eles também estão convidados. Jesus não exclui ninguém.
Jesus torna-se próximo dos indesejáveis e escandaliza os fariseus.
Eles também estão convidados. Jesus não exclui ninguém.
Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:
Aos fariseus e mestres da lei, escandaliza-os o
comportamento atípico de Jesus. Murmuram porque acolhe os pecadores e come com
eles.
Jesus responde-lhes com esta parábola que revela como é Deus.
Jesus dirige a parábola aos “homens religiosos”, que o tinham acusado de ser “amigo de publicanos e pecadores”(Lc 7, 34), às pessoas que não têm misericórdia, que se escandalizam do comportamento de Jesus e da mensagem do Evangelho.
Jesus responde-lhes com esta parábola que revela como é Deus.
Jesus dirige a parábola aos “homens religiosos”, que o tinham acusado de ser “amigo de publicanos e pecadores”(Lc 7, 34), às pessoas que não têm misericórdia, que se escandalizam do comportamento de Jesus e da mensagem do Evangelho.
Com esta parábola, Jesus redescobre e mostra o verdadeiro rosto do Pai, que sente um amor maternal por seus filhos e filhas, com frequência desfigurado pelo peso da lei e pelo rigor do seu cumprimento farisaico.
«Um homem tinha dois
filhos. O mais novo disse ao pai:
‘Pai, dá-me a parte da
herança que me toca’.
O pai repartiu os bens
pelos filhos.
Alguns dias depois, o
filho mais novo,
juntando todos os seus haveres, partiu para um
país distante
e por lá esbanjou quanto
possuía, numa vida dissoluta.
Jesus fala-nos de Deus como de um pai amoroso.
É um pai que tolera que um filho saia de casa, com a
parte da sua fortuna que ainda não lhe corresponde, em vez de o proibir com a
sua autoridade. É um pai que dá liberdade a seus filhos, mesmo que no estejam
preparados para usar dessa liberdade com
responsabilidade e maturidade.
Tendo gasto tudo, houve
uma grande fome naquela região,
e ele começou a passar
privações.
Entrou então ao serviço de
um dos habitantes
daquela terra, que o
mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a
fome com as alfarrobas
que os porcos comiam, mas
ninguém lhas dava.
Ao afastar-se de casa a sua vida deteriora-se.
Sente saudade do que supõe estar na casa do Pai:
dignidade, carinho, alegria de se sentir filho, confiança, solidariedade,
alimento material e espiritual, felicidade...
alimento material e espiritual, felicidade...
Então, caindo em si,
disse:
‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância,
‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância,
e eu aqui a morrer de
fome!
Vou-me embora, vou ter com
meu pai e dizer-lhe:
Pai, pequei contra o Céu e
contra ti.
Já não mereço ser chamado
teu filho,
mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter
com o pai.
A fome, mais que o arrependimento, é o verdadeiro motivo
do seu regresso.
Fome física e fome de recuperar a sua dignidade e a sua
identidade.
Conhece o seu pai e sabe que, por muito que se tenha
afastado de casa, nunca poderá chegar tão longe que não lhe chegue o seu acolhimento
e o seu amor. Sabe que sempre será recebido
com os braços e o coração abertos.
Ainda ele estava longe,
quando o pai o viu:
encheu-se de compaixão e
correu a lançar-se-lhe ao pescoço,
cobrindo-o de beijos.
Disse-lhe o filho: ‘Pai,
pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado
teu filho’.
O pai sai ao encontro do filho, não necessita escutar a
sua confissão, nem que o filho pormenorize as suas faltas, nem lhe impõe
nenhuma penitência; actua como pai, não como juiz, toma a iniciativa de o
beijar e abraçar, o seu regresso a casa é uma festa.
O abraço do Pai estreita todos os nossos erros, acaricia
todas as nossas cicatrizes, apaga todas os nossos equívocos.
Saber-se amado e perdoado incondicionalmente capacita
para perdoar e para amar.
Mas o pai disse aos
servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica
e vesti-lha. Ponde-lhe um
anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei o vitelo gordo e
matai-o. Comamos e festejemos,
porque este meu filho
estava morto e voltou à vida,
estava perdido e foi
reencontrado’.
E começou a festa.
A alegria do Pai, como toda a alegria, procura
partilhar-se e comunicar-se. Organiza uma festa. Acolhe, senta à sua mesa,
oferece comunhão fraterna, alegria, liberdade e vida.
O “filho mais novo” acolheu já o amor do Pai. A sua vida sem sentido e as suas carências foram-no conduzindo aos braços do Pai que o esperava sem condições. Recupera a sua dignidade de filho, sem ter que suportar um interrogatório humilhante nem nenhuma reprimenda. Não há castigo nem penitências. Há alegria e festa.
É a graça verdadeira, a gratuita; o amor não se paga, desfruta-se celebra-se.
O “filho mais novo” acolheu já o amor do Pai. A sua vida sem sentido e as suas carências foram-no conduzindo aos braços do Pai que o esperava sem condições. Recupera a sua dignidade de filho, sem ter que suportar um interrogatório humilhante nem nenhuma reprimenda. Não há castigo nem penitências. Há alegria e festa.
É a graça verdadeira, a gratuita; o amor não se paga, desfruta-se celebra-se.
“Se o filho faz mal, a
mãe não se indigna, compadece-se.
Se o filho “volta”, a mãe não perdoa, fica doida de alegria”. (J.E.Galarreta)
Se o filho “volta”, a mãe não perdoa, fica doida de alegria”. (J.E.Galarreta)
Como demonstra a atitude do irmão mais velho, o não
ter-se afastado de casa não significa estar próximo nem conhecer o pai nem
participar do calor familiar e da fraternidade.
O pai vai ensiná-lo, a ele e a nós, que para apreciar o acolhimento e o amor, nada melhor que acolher e amar.
O pai vai ensiná-lo, a ele e a nós, que para apreciar o acolhimento e o amor, nada melhor que acolher e amar.
Ora o filho mais velho
estava no campo. Quando regressou,
ao aproximar-se da casa,
ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e
perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe: ‘O
teu irmão voltou e teu pai
mandou matar o vitelo
gordo,porque ele chegou são e salvo’.
Ele ficou ressentido e não
queria entrar.
Então o pai veio cá fora
instar com ele. Mas ele respondeu ao pai:
‘Há tantos anos que eu te
sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua,
e nunca me deste um
cabrito para fazer uma festa com os meus
amigos.
E agora, quando chegou
esse teu filho, que consumiu os teus bens
com mulheres de má vida,
mataste-lhe o vitelo gordo’.
O pai misericordioso também sai a buscar o filho mais
velho.
Este filho representa a atitude farisaica que Jesus queria, e quer, combater.
Crê-se melhor e com mais direitos que os outros, não ama, não tem coração capaz de acolher.
Indigna-o a conduta do Pai para com o seu irmão, parece-lhe demasiado branda.
Ele, tê-lo-ia ameaçado com um bom castigo, tê-lo-ia proibido participar da mesa familiar, tê-lo-ia deserdado definitivamente.
Pesa, conta, mede.... méritos e indulgências. Trabalha pela recompensa. Crê-se com direito a julgar, a excluir e a condenar. Não diz “meu irmão”, mas “esse teu filho”.
O que é que me é mais espontâneo: ser fiscal, julgar, acusar, condenar - como “os irmãos mais velhos”- ou acolher, perdoar com facilidade, como faz o pai da parábola, como faz Deus?
Alegro-me com o bem, a felicidade dos outros?
Sou filho! Sou irmão?
Este filho representa a atitude farisaica que Jesus queria, e quer, combater.
Crê-se melhor e com mais direitos que os outros, não ama, não tem coração capaz de acolher.
Indigna-o a conduta do Pai para com o seu irmão, parece-lhe demasiado branda.
Ele, tê-lo-ia ameaçado com um bom castigo, tê-lo-ia proibido participar da mesa familiar, tê-lo-ia deserdado definitivamente.
Pesa, conta, mede.... méritos e indulgências. Trabalha pela recompensa. Crê-se com direito a julgar, a excluir e a condenar. Não diz “meu irmão”, mas “esse teu filho”.
O que é que me é mais espontâneo: ser fiscal, julgar, acusar, condenar - como “os irmãos mais velhos”- ou acolher, perdoar com facilidade, como faz o pai da parábola, como faz Deus?
Alegro-me com o bem, a felicidade dos outros?
Sou filho! Sou irmão?
Disse-lhe o pai: ‘Filho,
tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma
festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava
perdido e foi reencontrado’».
A Boa Notícia, a melhor notícia é saber que assim é Deus,
como o pai amoroso da parábola.
E uma grande sorte e alegria saber que não se parece nada aos “irmãos mais velhos”.
como o pai amoroso da parábola.
E uma grande sorte e alegria saber que não se parece nada aos “irmãos mais velhos”.
A parábola não tem final.
Termina com o convite do pai a entrar em casa, acolher o irmão
e celebrar uma grande festa.
Não sabemos a sua reação. Não sabemos se entrou ou não entrou.
Termina com o convite do pai a entrar em casa, acolher o irmão
e celebrar uma grande festa.
Não sabemos a sua reação. Não sabemos se entrou ou não entrou.
Nós recebemos o mesmo convite.
E sabemos que para entrar na casa do Pai e participar na festa,
só há uma porta: o acolhimento, a ajuda, o amor aos outros.
Entramos?
E sabemos que para entrar na casa do Pai e participar na festa,
só há uma porta: o acolhimento, a ajuda, o amor aos outros.
Entramos?
Que bom
é o Senhor
Salmo 33.
O Senhor é bom, a Bondade, esbanjamento de amor.
Respeita a liberdade dos seus filhos e filhas,
prende-os só com correntes de amor.
Que bom é o Senhor!.
Não excomunga nem amaldiçoa o filho que se afasta,
mas segue com o coração os seus passos
e espera e sonha,
não se lhe cura a ferida da sua ausência.
O regresso do filho é para ele a festa das festas.
Não castiga, não pede contas,
Não castiga, não pede contas,
oferece dignidade e que
vestir,
com sandálias, anel e banquete e beleza.
Beijos e abraços são a sua penitência.
com sandálias, anel e banquete e beleza.
Beijos e abraços são a sua penitência.
Provai e vede como é bom o Senhor!.
Tão pouco maldiz nem excomunga o filho “bom”,
que não se alegrava com o regresso do irmão.
que não se alegrava com o regresso do irmão.
Quis abrir os seus olhos à luz do amor,
mudar o seu coração com sabedoria,
com paciência e
com fogo.
A imensidão do seu amor se esbanja
A imensidão do seu amor se esbanja
em todas as suas criaturas.
Que
bom é o Senhor!
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