Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Convite urgente à conversão: Deus está sempre disposto a dar uma nova oportunidade... – Reflexão.


Quaresma. Os textos bíblicos escolhidos para este tempo convidam à reflexão.
No Evangelho segundo Lucas, capítulo 13, temos um episódio muito interessante, onde Jesus explica que os acontecimentos e acidentes que marcam a vida das pessoas não podem ser interpretados como  castigo pelos seus pecados.

Jesus contesta a maneira como nós facilmente tentamos compreender as coisas e até explicar a própria vida - do nosso jeito, defendendo a nossa visão e condenando a dos outros: nós, sim, somos melhores, justos, intocáveis...    Se eles – os outros  -  padecem,  é porque merecem!...  E acrescenta: E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo!”...

Em seguida, Jesus conta a parábola do dono da vinha, que cuida também da figueira plantada alí, esperando que ela dê frutos.   Este é o jeito de Jesus falar de Deus: Deus é paciente, confia no homem e espera que ele “dê frutos bons”... Convida-o sempre à conversão.

Como entender melhor esse texto?  O comentário abaixo, da autoria de M. Asun Gutiérrez Cabriada, é uma linda reflexão sobre isso.
Não  deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom3qC13port.pps    Trabalho muito bonito!]

Jesus começa a falar uma linguagem nova.
Há que proclamar a todos esta boa notícia.
O povo tem de se converter,
mas a conversão não vai consistir em se preparar para um julgamento,
mas em “entrar” no “reino de Deus” e acolher o seu perdão salvador.
O povo deve escutar agora uma Boa Notícia.
Com Jesus todo começa a ser diferente.
O medo a um julgamento dá lugar à alegria  de acolher Deus, amigo da vida.
Todo começa a falar da proximidade de Deus.
Jesus convida à confiança total num Deus Pai.
A sua palavra se faz poesia.
José Antonio Pagola.
Jesus: uma abordagem histórica”



Evangelho segundo Lucas  (13, 1-9)

Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores  do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo.
E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não.
E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. 
Jesus disse então a seguinte parábola:
«Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.
Disse então ao vinhateiro:
Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Por que há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’.
Mas o vinhateiro respondeu-lhe:
‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».


Comentário

Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores  do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo.
 
Os dois acontecimentos  e a parábola que refletimos hoje são exclusivos de Lucas.
Jesus aproveita os acontecimentos ocorridos para demonstrar que o anúncio da boa nova não pode fazer-se sem uma atenção próxima a tudo o que acontece e para que o que o escutam compreendam que as desgraças não são sanções pelos pecados.
Jesus ensina a ler a história e a vida cotidiana a partir da ótica de Deus. O Deus de Jesus, Deus de amor e de vida, respeita a liberdade humana em todos os acontecimentos, convidando sempre à conversão, a uma vida mais evangélica e, portanto, a uma vida mais humana, mais livre e mais feliz.

E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? 
Julgais que eram mais culpados do que todos os outros
 habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não.

Jesus vai contra a ideia, muito presente no seu tempo, segundo a qual a doença, as desgraças, a pobreza são consequência das ações cometidas pelos que sofrem essas situações.
Jesus rejeita a tradicional teoria da retribuição: ao pecado corresponde-lhe o castigo.
Por desgraça, atualmente ainda há restos desta mentalidade dos que se julgam “bons” e pensam que os outros merecem castigo.
Por essa ideia deformada de um Deus inquisidor, muitas pessoas vivem constrangidas, com consciência culpada e culpabilizadora, totalmente contrária ao desejo e ao estilo de Jesus.

E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. 

É um convite urgente e estimulante à conversão, a uma mudança de sentido, de estilo de vida, de forma de pensar e de atuar.
Um convite a nos libertarmos de tudo o que nos impede de amadurecer como pessoas e como crentes. Converter o nosso coração ao amor de Deus e ao próximo é um caminho pelo qual sempre podemos progredir.
Em concreto, de que e a quê necessito converter-me?

Jesus disse então a seguinte parábola:
«Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. 
Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.

O dono da vinha não exige um fruto que não se possa dar. Não pede impossíveis. Mesmo que não encontre os frutos esperados, mostra-se paciente.
Deus está sempre disposto a dar uma nova oportunidade e continua a confiar no ser humano que Ele criou para que dê frutos de justiça e de bondade.

Disse então ao vinhateiro:
‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro.
Deves cortá-la. Por que há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’.


Não se trata de uma ameaça, mas de um convite a uma mudança de vida mais plena e feliz. Deus quer ver-nos crescer e dar o melhor que temos dentro, sem ficarmos na mediocridade por medo de arriscar, por costume, preguiça, rotina...
No meu caso, quanto terá que esperar para ver o fruto?

Mas o vinhateiro respondeu-lhe:
‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, 
vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. 
Talvez venha a dar frutos. Se não der,
 mandá-la-ás cortar no próximo ano».

Jesus compromete-se conosco, cuida o nosso processo de conversão. O amor semeia e espera, ajuda e espera, ensina e espera, confia e espera.
O amor compromete e compromete-se.
O amor incondicional e gratuito oferece sempre uma nova oportunidade e espera uma resposta positiva da pessoa amada.
Jesus acompanha-nos sempre com carinho, paciência e dedicação e garante-nos o triunfo final, apesar das dificuldades do caminho da vida. Repete-nos e demonstra que o nosso Deus é um Deus de amor, não de castigo.


Anunciar a quaresma,
 anunciar a Páscoa

Anunciar a quaresma
é anunciar a Páscoa.
Aquela é caminho para esta,
aquela é porta para esta.
Anunciar a Quaresma
sem ter os olhos fixos
na formosura da Páscoa,
anunciar só a Quaresma
é tão absurdo
como anunciar uma festa
que logo a seguir não se celebra,
um dia de alegria
que acaba por não chegar.
Quem recebe o anúncio da Quaresma
está a receber o anúncio da Páscoa.

Fidel Aizpurua

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário