”Mas quando
voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18, 8)
O comentário de Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Lc 18, 1-8,
que trago hoje para o blog Indagações, fala da parábola do juiz e a viúva. É
uma reflexão muito enriquecedora.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: Benedictinascat/Montesserrat.
Trabalho muito bonito!]
Com as suas parábolas, Jesus trata de levar o reino de Deus a cada aldeia, a cada família, a cada pessoa.
Por
meio destes relatos cativadores vai removendo obstáculos e eliminado
resistências para que esta gente se abra à experiência de Deus que está a
chegar às suas vidas.
Cada
parábola é um convite premente a passar de um mundo velho, convencional e sem
horizonte para um “país novo”.
Jesus
ensinou a “captar” a presença salvadora de Deus de outra maneira, e começou a
sugerir que a vida é mais de que aquilo que se vê.
José Antonio Pagola.
Jesus:
uma abordagem histórica.
Comentário
Naquele tempo,
Jesus disse aos seus discípulos
uma parábola
sobre a necessidade de orar sempre
sem desanimar:
Lucas
mostra Jesus a orar em todos os momentos decisivos da sua vida e ensinando a
orar. A oração é o clima normal e
habitual na vida Jesus. Tem sempre levantado o coração e o olhar para o Pai, fala-Lhe,
escuta-O, vê-O em todas as coisas, vive em contínua ação de graças.
Jesus
utiliza parábolas, narra a vida
quotidiana, para que quem O escutar compreenda que Deus está a seu lado e do
seu lado.
–
Em
certa cidade vivia um juiz
que não temia a Deus
nem respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva
que vinha ter com ele e lhe dizia:
‘Faz-me
justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele
não quis atendê-la.
Mas depois disse consigo:
‘É certo
que eu não temo a Deus
nem respeito os homens; mas,
porque esta viúva me importuna,
vou fazer-lhe justiça,
para que não venha incomodar-me
indefinidamente’ “
Entre
o abandono desesperado de quem não vê futuro e a visão mágica de quem
ingenuamente crê que só é questão de rezar, Jesus insiste na oração vital e no
esforço humano. Na confiança e na esperança ativa e decidida. Orar é pedir
justiça, mas é também implicar-se em pleno no compromisso pela justiça. Não tem
sentido pedir a Deus aquilo que não estamos dispostos a realizar.
E o Senhor acrescentou:
Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça
aos seus eleitos, que por Ele
clamam dia e noite,
e iria fazê-los esperar muito tempo?
Eu vos digo que lhes fará justiça
bem depressa.
A
injustiça continua a estar vigente no mundo. O texto mostra a situação atual de
tantas pessoas marginalizadas que sofrem una total indiferença perante os seus
problemas e necessidades.
Apesar
dos “juízes iníquos”, confiamos em que há sempre Alguém que, contando com a
nossa colaboração, escuta as necessidades e os gritos dessas pessoas. Fá-las-emos
esperar? Fazemo-las esperar?
Mas quando voltar o Filho do homem,
encontrará fé sobre a terra?
A
fé não é autêntica nem dada para sempre, se não se alimenta, se torna madura e
cresce, tanto pela oração como pelo compromisso com o mundo, com a vida e com a
justiça que se pede. A fé é um dom e uma tarefa.
Talvez
não unamos com frequência fé e justiça. Talvez nos seja mais fácil unir fé e
sacramentos, fé e atos de piedade, fé e religião. Talvez necessitemos
convencer-nos de que o fundamental da fé é a justiça.
“Não
se pode viver a fá sem um compromisso com a justiça” (Pedro Arrupe)
Encontra
Jesus essa fé com ânsia de justiça em nós ?
Quanto temos de aprender
Senhor, quanto temos de
aprender ainda!
Quanto temos de aprender a
calar vendo
o que sofrem e padecem
outros!
Contudo nos pegamos
“apanhados” nos
nossos sofrimentos
pessoais e, pelo menos, familiares.
Sabemos pouco do que é a
intempérie,
pouco entendemos da nudez
nesta
sociedade consumista; a insegurança põe-nos
nervosos e
aprendemos a justificar
tudo.
Por isso necessitamos uma
conversão contínua,
porque as conversões “de
momento”sabemos
manipulá-las.
manipulá-las.
Vem Tu e tira-nos do nosso
“diminuto mundo”.
Abre-nos às boas notícias
que
falam de solidariedade e
entrega.
Faz que dentro de nós
surja uma insatisfação
que nos ajude a mudar, a colocar para nós mesmos
as grandes perguntas do
Evangelho
e a dar pequenos e simples
passos até
ao estilo de vida que Tu
nos ensinas.
Perdoa-nos “tantas e
tantas dívidas”
e diz aos nossos irmãos
pobres
que eles também nos
perdoem.
Juanjo Elezcano
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