“O Senhor respondeu:– Se tivésseis
fé como um grão de mostarda. Diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai
plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia.” (Lc 17, 6)
O comentário de Asun Gutiérrez
Cabriada sobre a frase acima e o texto Lc 17, 5-10, que
trago hoje para o blog Indagações, pode ser uma preciosa ajuda para entendermos
melhor as palavras de Jesus. É uma
leitura fácil e proveitosa.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: Benedictinascat/Montserrat. Trabalho muito
bonito!]
O divórcio entre a fé e a vida diária de muitos
deve ser
considerado como
um dos mais graves erros
da nossa época.
(Vaticano II)
Comentário
Naquele
tempo,
os
apóstolos disseram ao Senhor:
– Aumenta a nossa fé.
– Aumenta a nossa fé.
Os apóstolos sentem a necessidade
de uma fé mais profunda, querem aumentar a sua confiança em Jesus.
Sinto essa mesma necessidade?
Jesus não vai responder
diretamente ao pedido, vai falar da gratuidade da fé, do seu poder de fazer
grandes coisas a partir do mais simples.
A fé é a adesão, aceitação,
compromisso e entrega à Pessoa e à mensagem de Jesus. É uma relação pessoal com
Ele.
O Senhor
respondeu:
– Se tivésseis fé como um grão de mostarda.
– Se tivésseis fé como um grão de mostarda.
Diríeis
a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’,
e ela
obedecer-vos-ia.
Segundo Lucas, Jesus não mede a fé
pela quantidade mas pela qualidade. “Se tivésseis fé, mesmo que fosse só”... Tenho fé? Como é a minha fé?
Herdada, infantil, rotineira,
incoerente, débil, profunda, madura, viva, pessoal, libertadora, feliz...?
Se a chave é a qualidade mais que
a quantidade, podemos perguntar-nos que se
passa num ambiente com tantos
supostos cristãos, tantos católicos, tantos colégios religiosos, tantas
catequeses, tantas paróquias.... E... quantos crentes?
Tenho fé ou um conjunto de afirmações doutrinais, um catecismo, um complicado credo que não tem muito a ver com o Evangelho nem com a fé nem transforma a minha vida?
Jesus continua a dizer-nos hoje:
se me seguisses de verdade, se tivesses fé, se vivesses segundo o Evangelho,
terias a Força necessária para mudar o mundo. A fé atreve-se e alcança o
impossível.
Quem de
vós, tendo um servo a lavrar
ou a
guardar gado, lhe dirá
quando
ele volta do campo:
‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe
dirá antes: ‘Prepara-me o jantar
e
cinge-te para me servires.
Até que
eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu’.
Terá de
agradecer ao servo
por lhe
ter feito o que mandou?
A missão não termina no campo –
evangelização -, mas na casa, vida pessoal, familiar, comunitária. O poder
anunciar, com a forma de viver, que o Evangelho é Boa Notícia que liberta e
humaniza e que todos somos convocados a fazer um mundo de irmãos,
é o maior motivo de agradecimento e de alegria, sem nos julgarmos, por isso, com direito a felicitações, louvores, recompensas ou privilégios.
é o maior motivo de agradecimento e de alegria, sem nos julgarmos, por isso, com direito a felicitações, louvores, recompensas ou privilégios.
Assim
também vós, quando tiverdes
feito
tudo o que vos foi ordenado,
dizei:
«Somos servos inúteis:
fizemos
o que devíamos fazer».
Que tenho que fazer? Ser anúncio e
presença antecipadora do Reino que cura e liberta, que nos torna pessoas
melhores e felizes, para poder contagiar alegria e bondade. Tornar presente no
mundo a Boa Notícia de Jesus.
Paradoxalmente, as pessoas
realmente úteis são as que se consideram “inúteis”. Jesus quer destacar a ideia da gratuidade. O
verdadeiro discípulo, a verdadeira discípula, concebe a sua vida como serviço
gratuito e generoso sem pensar em méritos nem necessitar de recompensas.
Ao contrário da mentalidade
farisaica que atribui a si o mérito do que faz.
“Trata-se nem mais nem menos que da superação da ideia farisaica da recompensa” (J. Jeremias).
Como um grão de mostarda
Às vezes, Senhor, quando duvido,
quando não sinto nada
e me vejo cético,
todavia sei parar
e colher um grão de mostarda
na palma da minha mão,
e olhá-lo e remirá-lo,
lembrando-me das tuas palavras.
E, às vezes, quando tudo corre bem,
quando a vida me sorri,
quando não tenho problemas
para acreditar em Ti,
nem para acreditar nos homens e mulheres,
nem para acreditar em mim...,
também me atrevo a colher um grão de mostarda
na palma da minha mão,
e o olho e remiro
lembrando-me das tuas palavras:
"Se tivésseis fé como um grão de
mostarda..."
Ulibarri Fl.
Nenhum comentário:
Postar um comentário