Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 5 de outubro de 2013

“Aumenta a nossa fé”. (Lc 17, 5) – Comentário de Assun Gutiérrez. Muito bom!


“O Senhor respondeu:– Se tivésseis fé como um grão de mostarda. Diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia.” (Lc 17, 6)

O comentário de Asun Gutiérrez Cabriada sobre a frase acima e o texto Lc 17, 5-10, que trago hoje para o blog Indagações, pode ser uma preciosa ajuda para entendermos melhor as palavras de Jesus.  É uma leitura fácil e proveitosa.
Não  deixe de ler.
WCejnog


[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: Benedictinascat/Montserrat. Trabalho muito bonito!]


O divórcio entre a fé e a vida diária de muitos 
deve ser considerado como 
um dos mais graves erros 
da nossa época.

(Vaticano II)


Comentário

Naquele tempo,
os apóstolos disseram ao Senhor:
– Aumenta a nossa fé.

Os apóstolos sentem a necessidade de uma fé mais profunda, querem aumentar a sua confiança em Jesus.
Sinto essa mesma necessidade?

Jesus não vai responder diretamente ao pedido, vai falar da gratuidade da fé, do seu poder de fazer grandes coisas a partir do mais simples.

A fé é a adesão, aceitação, compromisso e entrega à Pessoa e à mensagem de Jesus. É uma relação pessoal com Ele.

O Senhor respondeu:
– Se tivésseis fé como um grão de mostarda.
Diríeis a esta amoreira:
 ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’,
e ela obedecer-vos-ia.

Segundo Lucas, Jesus não mede a fé pela quantidade mas pela qualidade. “Se tivésseis fé, mesmo que fosse só”...  Tenho fé? Como é a minha fé?

Herdada, infantil, rotineira, incoerente, débil, profunda, madura, viva, pessoal, libertadora, feliz...?

Se a chave é a qualidade mais que a quantidade, podemos perguntar-nos que se  passa  num ambiente com tantos supostos cristãos, tantos católicos, tantos colégios religiosos, tantas catequeses, tantas paróquias.... E... quantos crentes?

Tenho fé ou um conjunto de afirmações doutrinais, um catecismo, um complicado credo que não tem muito a ver com o Evangelho nem com a fé nem transforma a minha vida?

Jesus continua a dizer-nos hoje: se me seguisses de verdade, se tivesses fé, se vivesses segundo o Evangelho, terias a Força necessária para mudar o mundo. A fé atreve-se e alcança o impossível.

Quem de vós, tendo um servo a lavrar
ou a guardar gado, lhe dirá
quando ele volta do campo:
 ‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar
e cinge-te para me servires.
Até que eu tenha comido e bebido.
 Depois comerás e beberás tu’.
Terá de agradecer ao servo
por lhe ter feito o que mandou?

A missão não termina no campo – evangelização -, mas na casa, vida pessoal, familiar, comunitária. O poder anunciar, com a forma de viver, que o Evangelho é Boa Notícia que liberta e humaniza e que todos somos convocados a fazer um mundo de irmãos,
é o maior motivo de agradecimento e de alegria, sem nos julgarmos, por isso, com direito a felicitações, louvores, recompensas ou privilégios.

Assim também vós, quando tiverdes
feito tudo o que vos foi ordenado,
dizei: «Somos servos inúteis:
fizemos o que devíamos fazer».

Que tenho que fazer? Ser anúncio e presença antecipadora do Reino que cura e liberta, que nos torna pessoas melhores e felizes, para poder contagiar alegria e bondade. Tornar presente no mundo a Boa Notícia de Jesus.

Paradoxalmente, as pessoas realmente úteis são as que se consideram “inúteis”.  Jesus quer destacar a ideia da gratuidade. O verdadeiro discípulo, a verdadeira discípula, concebe a sua vida como serviço gratuito e generoso sem pensar em méritos nem necessitar de recompensas.
Ao contrário da mentalidade farisaica que atribui a si o mérito do que faz.

“Trata-se nem mais nem menos que da superação da ideia farisaica da recompensa
” (J. Jeremias).


Como um grão de mostarda

Às vezes, Senhor, quando duvido,
quando não sinto nada
e me vejo cético,
todavia sei parar
e colher um grão de mostarda
na palma da minha mão,
e olhá-lo e remirá-lo,
lembrando-me das tuas palavras.
E, às vezes, quando tudo corre bem,
quando a vida me sorri,
quando não tenho problemas
para acreditar em Ti,
nem para acreditar nos homens e mulheres,
nem para acreditar em mim...,
também me atrevo a colher um grão de mostarda
na palma da minha mão,
e o olho e remiro
lembrando-me das tuas palavras:
"Se tivésseis fé como um grão de mostarda..."

Ulibarri Fl. 




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