"Mas o publicano ficou a distância. Ele nem ousava olhar para
o céu, mas batendo no peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou
pecador'.
Eu
digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus.
Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado". (Lc
18, 13-14).
Trago para
o blog Indagações mais uma reflexão curta, porém, muito boa, que pode nos ajudar
muito a entender o significado das palavras de Jesus Cristo. De autoria do
padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, foi publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta,
25 de outubro de 2013
Quem
sou eu para julgar?
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas
18,9-14 que corresponde ao 30º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o
texto
A parábola
do fariseu e do publicano habitualmente desperta, em não
poucos cristãos, uma repulsa grande para com o fariseu que se apresenta ante
Deus arrogante e seguro de si mesmo, e uma simpatia espontânea para com o
publicano que reconhece humildemente o seu pecado. Paradoxalmente, o relato
pode despertar em nós este sentimento: “Dou-Te graças, meu Deus, porque não sou
como este fariseu”.
Para
escutar corretamente a mensagem da parábola, temos de ter em conta que Jesus
não a conta para criticar os setores fariseus, mas para sacudir a consciência
de “alguns que, tendo-se por justos, se sentiam seguros de si mesmos e
desprezavam os outros”. Entre estes encontramos, certamente, não poucos
católicos dos nossos dias.
A oração
do fariseu revela-nos a sua atitude interior: “Oh, Deus! Dou-Te graças porque
não sou como os outros”. Que tipo de oração é esta de acreditar-se melhor que
os outros? Até um fariseu, fiel cumpridor da Lei, pode viver numa atitude
pervertida. Este homem sente-se justo ante Deus e, precisamente por isso, se
converte em juiz que despreza e condena os que não são como ele.
O
publicano, pelo contrário, só diz: “Oh, Deus! Tem compaixão deste pecador”.
Este homem reconhece humildemente o seu pecado. Não se pode vangloriar da sua
vida. Encomenda-se à compaixão de Deus. Não se compara com ninguém. Não julga
os outros. Vive na verdade ante si mesmo e ante Deus.
A parábola
é uma penetrante crítica que desmascara uma atitude religiosa enganadora,
que nos permite viver ante Deus seguros da nossa inocência, enquanto
condenamos, a partir a nossa suposta superioridade moral, todos os que não
pensam ou atuam como nós.
Circunstâncias
históricas e correntes triunfalistas alheias ao evangelho fizeram-nos a nós,
católicos, especialmente propensos a essa tentação. Por isso, temos de ler a
parábola, cada um numa atitude autocrítica: Por que nos acreditamos melhores
que os agnósticos? Por que nos sentimos mais próximos de Deus que os não
praticantes? Que há no fundo de certas orações para a conversão dos
pecadores? O que é reparar nos pecados dos outros sem viver convertendo-nos a
Deus?
Recentemente, ante a pergunta de um jornalista, o Papa Francisco fez
esta afirmação: “Quem sou eu para julgar um gay?”. As suas palavras
surpreenderam quase todos. Ao que parece, ninguém esperava uma resposta tão
simples e evangélica de um Papa católico. No entanto, essa é a atitude de
quem vive em verdade ante Deus.
Fonte: IHU - Notícias
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