Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 27 de outubro de 2013

Parábola do Fariseu e do Publicano. – Reflexão do José Antonio Pagola.


 "Mas o publicano ficou a distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador'.
Eu digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado". (Lc 18, 13-14).

Trago para o blog Indagações mais uma reflexão curta, porém, muito boa, que pode nos ajudar muito a entender o significado das palavras de Jesus Cristo. De autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, foi  publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 25 de outubro de 2013

Quem sou eu para julgar?

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 18,9-14 que corresponde ao 30º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A parábola do fariseu e do publicano habitualmente desperta, em não poucos cristãos, uma repulsa grande para com o fariseu que se apresenta ante Deus arrogante e seguro de si mesmo, e uma simpatia espontânea para com o publicano que reconhece humildemente o seu pecado. Paradoxalmente, o relato pode despertar em nós este sentimento: “Dou-Te graças, meu Deus, porque não sou como este fariseu”.

Para escutar corretamente a mensagem da parábola, temos de ter em conta que Jesus não a conta para criticar os setores fariseus, mas para sacudir a consciência de “alguns que, tendo-se por justos, se sentiam seguros de si mesmos e desprezavam os outros”. Entre estes encontramos, certamente, não poucos católicos dos nossos dias.

A oração do fariseu revela-nos a sua atitude interior: “Oh, Deus! Dou-Te graças porque não sou como os outros”. Que tipo de oração é esta de acreditar-se melhor que os outros? Até um fariseu, fiel cumpridor da Lei, pode viver numa atitude pervertida. Este homem sente-se justo ante Deus e, precisamente por isso, se converte em juiz que despreza e condena os que não são como ele.

O publicano, pelo contrário, só diz: “Oh, Deus! Tem compaixão deste pecador”. Este homem reconhece humildemente o seu pecado. Não se pode vangloriar da sua vida. Encomenda-se à compaixão de Deus. Não se compara com ninguém. Não julga os outros. Vive na verdade ante si mesmo e ante Deus.

A parábola é uma penetrante crítica que desmascara uma atitude religiosa enganadora, que nos permite viver ante Deus seguros da nossa inocência, enquanto condenamos, a partir a nossa suposta superioridade moral, todos os que não pensam ou atuam como nós.
Circunstâncias históricas e correntes triunfalistas alheias ao evangelho fizeram-nos a nós, católicos, especialmente propensos a essa tentação. Por isso, temos de ler a parábola, cada um numa atitude autocrítica: Por que nos acreditamos melhores que os agnósticos? Por que nos sentimos mais próximos de Deus que os não praticantes? Que há no fundo de certas orações para a conversão dos pecadores? O que é reparar nos pecados dos outros sem viver convertendo-nos a Deus?

Recentemente, ante a pergunta de um jornalista, o Papa Francisco fez esta afirmação: “Quem sou eu para julgar um gay?”. As suas palavras surpreenderam quase todos. Ao que parece, ninguém esperava uma resposta tão simples e evangélica de um Papa católico. No entanto, essa é a atitude de quem vive em verdade ante Deus.



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