“Naquele tempo, os apóstolos disseram ao Senhor: – Aumenta a nossa fé. O
Senhor respondeu:– Se tivésseis fé como um grão de mostarda. Diríeis a esta
amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia.” (Lc 17, 5-6)
O comentário que trago hoje para o blog
Indagações, do padre e teólogo espanhol
José Antônio Pagola, é muito concreto e bom. Foi publicado no site do Instituto
Humanitas Unisinos (IHU). Não
deixe de ler.
WCejnog
IHU – Notícias
Sexta, 04 de outubro de
2013.
Somos crentes?
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 17,5-10 que corresponde ao
Domingo 27 do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Jesus tinha-lhes repetido em diversas
ocasiões: “Que pequena é a vossa fé!”. Os discípulos não
protestam. Sabem que Ele tem razão. Levam bastante tempo junto Dele. Eles
O veem entregue totalmente ao Projeto de Deus; só pensa em fazer o bem; só vive
para fazer a vida de todos mais digna e mais humana. Poderão segui-Lo até ao
fim?
Segundo Lucas, num momento
determinado, os discípulos dizem a Jesus: “Aumenta-nos a fé”. Sentem que a sua
fé é pequena e débil. Necessitam confiar mais em Deus e acreditar mais em
Jesus. Não o entendem muito bem, mas não discutem. Fazem
justamente o mais importante: pedir-Lhe ajuda para que faça crescer a sua fé.
A crise religiosa dos nossos dias não
respeita nem sequer os praticantes. Nós falamos de crentes e não crentes, como
se fossem dois grupos bem definidos: uns têm fé, outros não. Na realidade, não
é assim. Quase sempre, no coração humano, existe, ao mesmo tempo e
alternadamente, um crente e um não crente. Por
isso, também nós que nos chamamos “cristãos” temos de nos perguntar: Somos
realmente crentes? Quem é Deus para nós? Amamo-Lo? É Ele quem dirige a nossa
vida?
A fé pode debilitar-se em nós
sem que nunca nos tenha assaltado uma dúvida. Se não a cuidamos, pode diluir-se
pouco a pouco no nosso interior para ficar reduzida simplesmente a um hábito que
não nos atrevemos a abandonar, pelo sim pelo não. Distraídos
por mil coisas, já não conseguimos comunicar-nos com Deus.
Vivemos praticamente sem Ele.
Que podemos fazer? Na realidade, não
se necessitam grandes coisas. É inútil que nos coloquemos objetivos
extraordinários, pois seguramente não os vamos cumprir. O primeiro é rezar como aquele desconhecido
que um dia se aproximou de Jesus e lhe disse: “Creio, Senhor, mas vem em
ajuda da minha incredulidade”. É bom repeti-lo com o coração
simples. Deus entende-nos. Ele despertará a nossa fé.
Não temos de falar com Deus como se
estivesse fora de nós.
Está dentro. O melhor é fechar os olhos e ficar em silêncio para sentir e
acolher a Sua Presença. Tampouco temos de nos entreter em pensar Nele,
como se estivesse só na nossa cabeça. Está no íntimo do nosso ser. Temos de
procurá-lo no nosso coração.
O importante é insistir até ter uma
primeira experiência, mesmo que seja pobre, mesmo que só dure uns instantes. Se um dia
percebemos que não estamos sós na vida, se captamos que somos amados
por Deus sem merecê-lo, tudo mudará. Não importa que tenhamos vivido esquecidos
Dele. Acreditar em Deus é, antes de tudo, confiar no amor que Ele nos tem.
Fonte: IHU – Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário