O comentário de Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Lc 17,
11-19, que trago hoje para o blog Indagações, pode ser uma preciosa ajuda para
entendermos melhor as palavras de Jesus e refletirmos sobre as nossas próprias
atitudes no nosso dia a dia. É uma leitura fácil e proveitosa.
Não deixe de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: Benedictinascat/Montesserrat. Trabalho muito bonito!]
Jesus
contagia saúde e vida.
A terapia que Jesus põe em marcha é a sua própria pessoa:o seu amor apaixonado à vida, o seu acolhimento entranhável a cada doente, a sua força para regenerar a pessoa a partir das suas raízes, a sua capacidade de contagiar a sua fé na bondade de Deus.
O
seu poder para despertar no ser humano energias desconhecidas cria as
condições que tornam possível a recuperação
da saúde.
A
cura que a chegada do reino de Deus suscita é gratuita, e
assim a terão que dar também os seus discípulos.
José
Antonio Pagola.
Jesus:
uma abordagem histórica.
COMENTÀRIO
–
Jesus, Mestre, tem compaixão de nós.
Os judeus desprezavam os leprosos,
consideravam-nos impuros, tanto legal como religiosamente, e eram expulsos da
comunidade civil e do culto. Deviam viver em lugares isolados, para não
contaminar os outros. Sofriam marginalização moral, social e religiosa.
Jesus aproxima-se deles e eles aproximam-se
de Jesus, apesar da proibição da lei. Encontrar-se com Jesus é sempre ponto de
partida, estímulo de esperança.
Nós, cristãos, suscitamos nas pessoas
marginalizadas e rejeitadas, a confiança e a esperança que encontravam em
Jesus? Aproximamo-nos delas? Com que atitude?
Ao vê-los, Jesus disse-lhes:
Ide mostrar-vos aos sacerdotes.
E sucedeu que no
caminho ficaram
limpos da lepra.
Um deles, ao ver-se
curado,
voltou atrás,
glorificando a Deus em alta voz,
e prostrou-se de rosto em terra
aos pés de Jesus, para Lhe agradecer.
Era um samaritano.
Os leprosos judeus admitem no seu grupo um
leproso samaritano. A dor irmana-os.
A cura não se realiza logo, mas enquanto iam a
caminho. O texto mostra o contraste entre a lei e a fé. Dos dez leprosos, nove
limitam-se a cumprir a lei, permanecem no velho e caduco sistema de vida
anterior. O seu coração não mudou nada. Só um deles, o samaritano, o impuro e
pagão, vê que está curado, não necessita que ninguém certifique a sua
cura, interrompe o velho caminho para o templo, converte-se e volta louvando a
Deus. É o único que corresponde ao projeto libertador de Jesus.
Jesus, tomando a palavra. disse:
Não foram dez os que
ficaram curados?
Onde estão os outros
nove?
Não se encontrou quem
voltasse
para dar glória a Deus
senão este estrangeiro?
Se a única oração que dissesse em toda a vida fosse: “OBRIGADO!”,
bastaria.
(Eckhart)
De que “lepras” me limpa o encontro com Jesus?
De que “lepras” limpo as pessoas que encontro no
caminho?
Que atuações de Jesus na minha vida me movem a
dar graças?
É mais fácil para mim a oração de petição que a
de louvor e ação de graças?
Limito-me a pedir ou também a louvar, admirar,
contemplar e agradecer?
Que a nossa vida se converta em permanente e
entusiasta ação de graças, ao nos convertermos, pela fé em Jesus, em pessoas
livres e libertadoras.
E disse ao homem:
Levanta-te e segue o teu
caminho;
a tua fé te salvou.
Jesus não diz: “Eu te salvei”.
A fé, que vê e agradece, torna possível a cura
integral. As palavras de Jesus ,“levanta-te”, “põe-te de pé”, são um convite ao
seguimento.
Como o samaritano, devemos “levantar-nos e
andar”, atuar de acordo com o amor gratuito recebido, mostrando-o, de maneira
especial, a todas as pessoas rejeitadas e marginalizadas pelo sistema social,
político e religioso, dando grátis o que recebemos grátis.
Como Jesus.
Oração duma leprosa
Tu,
Senhor, vieste, pediste-me tudo e eu tudo entreguei.
Gostava
de ler, e agora estou cega. Gostava de passear pelo bosque e agora as
minhas pernas estão paralisadas.
Gostava
de colher flores, sob o sol da primavera, e agora não tenho
mãos.
Olha,
Senhor, como ficou o meu corpo outrora tão belo.
Mas
não me revolto. Dou-Te graças. Te darei graças
por toda a eternidade, porque, se morrer esta noite, sei que a minha
vida foi maravilhosamente plena.
Vivi
o Amor e fiquei muito mais cheia de tudo quanto o meu coração
pôde ansiar. Pai, que bom foste com a tua pequena Verônica..!
Esta
noite, Amor meu, te peço pelos leprosos do mundo inteiro.
Peço-Te,
sobretudo, pelos que a lepra moral abate, destrói, mutila e
destroça. É sobretudo a eles a quem amo e por quem me
ofereço em silêncio, porque
são meus irmãos e irmãs.
Ofereço-Te
a minha lepra física para que eles não conheçam
o tédio, a amargura e
a frieza da lepra moral.
Sou
tua filha, meu Pai; leva-me pela mão como uma mãe leva
o seu filinho.
Aperta-me
contra o teu coração como um pai faz ao seu filho.
Afunda-me
no abismo do teu coração, para habitar nele, com todos
os que amo, por toda a eternidade.
Verônica
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