Mais
uma matéria interessante sobre a questão do celibato dos padres na Igreja Católica. Foi publicada recentemente no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
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IHU - Notícias
Quinta, 16 de janeiro de 2014
Psicoterapeuta pede que o
celibato seja facultativo
Wunibald Müller adverte insistentemente a Igreja católica há
anos. Em discussões e comunicações, tem frequentemente sustentado a necessidade
de uma renovação da sua Igreja. E, na qualidade de psicólogo e teólogo,
colocou o dedo sobre um ponto particularmente dolorido: a atitude rígida da
Igreja sobre a sexualidade humana e a obrigação do celibato para os sacerdotes,
que, no mundo moderno, é agora pouco compreendido.
A
reportagem é de Ross Andreas, publicada pelo jornal Sueddeutsche,
29-12-2013.
Müller sabe do que está falando. Como diretor da Reecollectio-Haus no convento beneditino de Münsterschwarzach, na Baixa Francônia, o psicólogo encontra muitos
sacerdotes com problemas psicológicos que o buscam como terapeuta, porque não
conseguiram realizar-se nessa forma de vida, e desejam tomar as rédeas de sua
situação. Mas até agora, nem Roma nem os bispos pensam em querer mudar alguma
coisa nessa situação dolorosa para as pessoas envolvidas.
Agora Müller coloca
plena esperança no Papa Francisco, que descreve como “uma bênção para a nossa
Igreja”. “A porta não está fechada. Está apenas encostada. Depende dele para
que se abra. “Peço insistentemente que abra a porta”, escreve Müller. Müller refere-se ao Pontífice diretamente,
sem preâmbulos, sobre sua experiência profissional. Em aproximadamente 25 anos,
ele teve o privilégio de conhecer não só externamente, mas também interiormente
muitas centenas de sacerdotes.
“Conheci
um número incalculável de padres que, por causa do estilo de vida celibatário
que lhe é exigido, encontra-se em uma situação de grande dificuldade
psicológica”, escreve Müller.
Sempre mais frequentemente, estão entre eles jovens sacerdotes. “Parto do
pressuposto de que o Senhor saiba dessa dificuldade. O Senhor contribuiu com a
sua ação benéfica, para garantir o aumento da disponibilidade dos sacerdotes
que vivem uma relação a enfrentar a própria verdade e realidade”, continua Müller na
sua carta ao Papa.
Muitos desses padres desejariam manter e viver a sua relação, mas seria mesmo
um pecado se eles perdessem a igreja. Wunibald
Müller apela em
sua carta também ao teólogo Karl Rahner, que, já há quarenta anos, havia apoiado a
oportunidade de uma separação entre sacerdócio e celibato, se a Igreja estivesse na situação de não ter um
número suficiente de padres. Outro motivo para a separação seria, no entanto, o
fato de que muitos sacerdotes não se sentem mais bem em viver de maneira
celibatária. Encontrar-se-iam, portanto, na alternativa de ou deixar seu ofício
eclesiástico ou permanecer no cargo, vivendo suas relações sexuais em segredo.
A
sexualidade e intimidade praticada dessa maneira não poderiam ser implantadas
de maneira autêntica, e seriam, portanto, também causa “de modo especial de
comportamento física e espiritualmente pouco saudáveis, que obscurecem a vida
celibatária e trazem-lhe descrédito”, argumenta Müller. O psicoterapeuta vê “um motivo ainda mais
profundo” para a separação entre o sacerdócio e o celibato. Trata-se de levar
verdadeiramente a sério a constituição humana e a força criadora, “que Deus nos
deu na sexualidade”. Müller refere-se, nesse contexto, a Ildegarda von Bingen, da qual transferiu a
declaração de que Deus nos deu, com a sexualidade, uma força em que não está
somente o lascivo Satanás, mas também a “força da eternidade”.
Ainda uma
vez Müller apela ao papa Francisco, “pelo amor de Deus, pelo amor ao
homem e pela nossa Igreja, para fazer tudo o que lhe é possível, afim de que,
na nossa Igreja, possamos ainda ter padres que escolhem seriamente uma vida em
que a sua força sexual seja investida no compromisso com os outros, e, dessa
maneira, tornar-se frutífera, e implementá-la de uma forma consoante com a
força de vida que está na sexualidade”.
Ao mesmo
tempo, Müller desejaria que, no futuro, no entanto,
nós tivéssemos também sacerdotes que pudessem celebrar e desfrutar de sua
sexualidade e, enriquecer e alimentar as relações íntimas “com paixão, dando o
melhor de si no seu serviço como sacerdotes”.
O teólogo
de Münsterschwarzach também se declara, na sua carta, a
favor do sacerdócio feminino. Do ponto de vista dogmático, não vê nada em
contrário em tal pedido, mostra-se, no entanto, cético no que tange ao momento.
“Essa inovação absolutamente sem precedentes, nós dois não a podemos viver”,
escreve ele ao papa.
Fonte:IHU - Notícias
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