Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 25 de janeiro de 2014

“Jesus mostra como Deus é e como deve atuar quem O queira seguir.” - Comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada. Muito bom.


“Depois começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.” (Mt 4, 23)

Para refletir sobre as palavras acima, que fazem parte da passagem do Evangelho segundo Mateus (4, 12-23), trago para o blog Indagações o comentário muito bom  e  interessante de Asun Gutiérrez Cabriada.   
Não  deixe de ler.
WCejnog


[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: benedictinescat.com Trabalho muito bonito!]


Uma hierarquia de valores, uma utopia, um trabalho oferecido...
uma nova ética, melhor, mais exigente, mais apaixonante?
Pois não. É isso, mas é mais e melhor que isso.
O Reino é algo recebido, é a obra de Deus,

é o trabalho do Vento de Deus, do Espírito:
compete-nos não tanto “obedecer” mas “aceitar”,
não tanto “cumprir com esforço” como “descobrir com alegria”.

O Reino é graça, o Reino é gratuito. 

O Reino é um presente, é a presença do Vento de Deus. 
Compete-nos deixar-nos levar pelo Vento;
o nosso esforço é despregar velas, escutar com atenção.


José Enrique Galarreta



Comentário
Quando Jesus ouviu dizer
que João Batista fora preso,
retirou-se para a Galileia.
Deixou Nazaré e foi habitar
em Cafarnaum, terra à beira-mar,
 no território de Zabulão e Neftali.
 
Para começar a sua atividade apostólica Jesus escolhe a Galileia, terra de pessoas afastadas, pouco praticantes, nada clericais, de costumes pouco piedosos, desprezada pelas autoridades judaicas. Galileia será o seu povo.  Mateus diz que a salvação vem desta Galileia desprezada e sob suspeita pelos intérpretes oficiais da Lei. Deus serve-se do que oficialmente não conta ou é olhado com desdém para levar avante o seu plano.  Esta escolha dá a entender que a salvação que Jesus vai oferecer é universal.

Assim se cumpria
o que o profeta Isaías anunciara ao dizer:
Terra de Zabulão e terra de Neftali,
estrada do mar, além do Jordão,
Galileia dos gentios:
o povo que vivia nas trevas
 viu uma grande luz;
para aqueles que habitavam
na sombria região da morte,
uma luz se levantou.

Os seguidores e seguidoras de Jesus têm de atuar como Ele atuou. Comunicar a sua mensagem de abundância de paz, liberdade interior, fraternidade, justiça, alegria, luz...


Tenho tendência a ver o escuro, o negativo, na minha vida e na dos outros?

Sinto alegria e luz interior? Tento alegrar e iluminar a vida aos outros?

Desde então, Jesus começou a pregar:
- Arrependei-vos,
 porque o reino de Deus
está próximo.

Jesus começa por nos convidar a mudar, a nos encontrarmos com Alguém que quer tornar-nos melhores pessoas, mais humanas e mais felizes.
É sempre bom momento para se converter, porque é sempre bom momento para amar, para ser feliz, para agradecer, para se deixar transformar pela acolhimento, a proximidade, a companhia e o amor de Deus e dos outros. 
 
Deus está próximo. Não chega ao som de trombetas, vem como brisa, como sussurro, sentimo-l’O dentro do coração, porque o Reino de Deus não está fora, está no nosso interior. “Algo novo está a brotar” Não o notais? Jesus é o começo desse “algo  novo”, diferente de todo o anterior, que já começou e que não tem fim. A autêntica conversão, a autêntica felicidade, é conhecer Jesus e viver como Ele viveu.

Caminhando ao longo do mar da Galileia.
Viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão André,
que lançavam as redes ao mar,
pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus:
- Vinde e segui-Me
e farei de vós pescadores do homens.
Eles deixaram logo as redes
e seguiram-n’O.

Jesus chama pessoas simples no seu trabalho quotidiano.
Como a Pedro, André... Chama-nos a cada um de nós pelo nosso nome.

O chamamento não é a minorias, é a todos, realiza-se cada dia à nossa volta, no nosso trabalho, nas atividades diárias; a resposta, pessoal, responsável e livre, também se vai dando cada dia. Nem o chamamento nem a resposta são uma vez para sempre.
O caminho do seguimento percorre-se e renova-se todos os dias da nossa vida.

Jesus convida-nos a viver felizes, a alegrar e  libertar todas as pessoas, levando a Nova, a Boa, a Melhor Notícia. Como Ele faz.

Um pouco mais adiante,
viu outros dois irmãos:
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmãos João,
que estavam no barco,
na companhia de seu pai Zebedeu,
a consertar as redes.
Jesus chamou-os
e eles, deixando o barco e o pai,
seguiram-n’O.

Jesus continua a repetir-nos o convite a sair da rotina, das falsas seguranças,  do comodismo mental e existencial e a nos convertermos em seus mensageiros,  tornando prioritário na nossa vida quotidiana tudo aquilo que tenha a ver com o projeto do Reino de Deus: a verdade, a justiça, a solidariedade e a dignidade de todas as pessoas, especialmente as empobrecidas, as que se vêem privadas de consolo, luz, horizonte e esperança.

Que “redes” tenho que deixar para seguir Jesus, para ser mais livre e mais feliz?

Depois começou a percorrer toda a Galileia,
ensinando nas sinagogas,
proclamando o Evangelho do reino
e curando todas as doenças
e enfermidades entre o povo.

Jesus acompanha sempre  as suas palavras com atos.
Ao ver as pessoas agoniadas, angustiadas, oprimidas, empobrecidas, tratadas injustamente, com medos e escrúpulos nas suas relações com Deus, não se limita a falar: consola, cura, liberta, denuncia, ensina, acolhe, devolve a dignidade... cura as almas e os corpos, mostrando como Deus é e como deve atuar quem O queira seguir.

Toma-me pela mão

Deus meu, toma-me pela mão!
Seguir-Te-ei de maneira resoluta, sem muita resistência.
Não fugirei a nenhuma das tormentas que caiam sobre mim nesta vida.
Suportarei o choque com o melhor das minhas forças.
Mas dá-me de vez em quando um breve instante de paz.
Não pensarei, na minha inocência, que a paz que descerá sobre mim é eterna.
Aceitarei o desassossego e o combate que virá depois.
Agrada-me manter-me no calor e na segurança,
mas não me oporei quando tiver que enfrentar o frio.
Desde que tu me leves pela mão.
Eu Te seguirei por todo o lado e tentarei não ter medo.
Esteja onde estiver, tentarei irradiar um pouco de amor,
do verdadeiro amor ao próximo que há em mim.

(Etty Hillesum. Diário durante a perseguição nazi).



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