“Depois começou a
percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do
reino e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.” (Mt
4, 23)
Para refletir sobre as palavras
acima, que fazem parte da passagem do Evangelho segundo Mateus (4, 12-23),
trago para o blog Indagações o comentário muito bom e
interessante de Asun Gutiérrez Cabriada.
Não deixe
de ler.
WCejnog
[Os
interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das
Monjas Beneditinas de Montesserrat: benedictinescat.com
Trabalho muito bonito!]
Uma
hierarquia de valores, uma utopia, um trabalho oferecido...
uma nova
ética, melhor, mais exigente, mais apaixonante?
Pois não.
É isso, mas é mais e melhor que isso.
O Reino é
algo recebido, é a obra de Deus,
é o trabalho do Vento de Deus, do
Espírito:
compete-nos não tanto “obedecer” mas “aceitar”,
não tanto “cumprir com esforço” como “descobrir com alegria”.
O Reino é
graça, o Reino é gratuito.
O Reino é um presente, é a presença do Vento de Deus.
Compete-nos deixar-nos levar pelo Vento;
o nosso
esforço é despregar velas, escutar com atenção.
José
Enrique Galarreta
Comentário
Quando Jesus ouviu dizer
que João Batista fora preso,
retirou-se para a Galileia.
Deixou Nazaré e foi habitar
Deixou Nazaré e foi habitar
em Cafarnaum, terra à beira-mar,
no território de Zabulão e Neftali.
Para começar a sua
atividade apostólica Jesus escolhe a Galileia, terra de pessoas afastadas,
pouco praticantes, nada clericais, de costumes pouco piedosos, desprezada pelas
autoridades judaicas. Galileia será o seu povo.
Mateus diz que a salvação vem desta Galileia desprezada e sob suspeita
pelos intérpretes oficiais da Lei. Deus serve-se do que oficialmente não conta
ou é olhado com desdém para levar avante o seu plano. Esta escolha dá a entender que a salvação que
Jesus vai oferecer é universal.
Assim se cumpria
o que o profeta Isaías anunciara ao
dizer:
Terra de Zabulão e terra de Neftali,
estrada do mar, além do Jordão,
Galileia dos gentios:
o povo que vivia nas trevas
Terra de Zabulão e terra de Neftali,
estrada do mar, além do Jordão,
Galileia dos gentios:
o povo que vivia nas trevas
viu uma grande luz;
para aqueles que habitavam
para aqueles que habitavam
na sombria região da morte,
uma luz se levantou.
uma luz se levantou.
Os seguidores e
seguidoras de Jesus têm de atuar como Ele atuou. Comunicar a sua mensagem de
abundância de paz, liberdade interior, fraternidade, justiça, alegria, luz...
Tenho tendência a ver o escuro, o negativo, na minha vida e na dos outros?
Sinto alegria e luz
interior? Tento alegrar e iluminar a vida aos outros?
Desde então, Jesus começou a pregar:
- Arrependei-vos,
- Arrependei-vos,
porque o reino de Deus
está próximo.
Jesus começa por nos convidar a
mudar, a nos encontrarmos com Alguém que quer tornar-nos melhores pessoas, mais
humanas e mais felizes.
É sempre bom momento para se
converter, porque é sempre bom momento para amar, para ser feliz, para
agradecer, para se deixar transformar pela acolhimento, a proximidade, a
companhia e o amor de Deus e dos outros.
Deus está próximo. Não chega ao
som de trombetas, vem como brisa, como sussurro, sentimo-l’O dentro do coração,
porque o Reino de Deus não está fora, está no nosso interior. “Algo novo está a
brotar” Não o notais? Jesus é o começo desse “algo novo”, diferente de todo o anterior, que já
começou e que não tem fim. A autêntica conversão, a autêntica felicidade, é
conhecer Jesus e viver como Ele viveu.
Caminhando ao longo do mar da
Galileia.
Viu dois irmãos:
Simão, chamado Pedro, e seu irmão
André,
que lançavam as redes ao mar,
pois eram pescadores. Disse-lhes
Jesus:
- Vinde e segui-Me
- Vinde e segui-Me
e farei de vós pescadores do homens.
Eles deixaram logo as redes
Eles deixaram logo as redes
e seguiram-n’O.
Jesus chama pessoas simples no seu
trabalho quotidiano.
Como a Pedro, André... Chama-nos a
cada um de nós pelo nosso nome.
O chamamento não é a minorias, é a
todos, realiza-se cada dia à nossa volta, no nosso trabalho, nas atividades
diárias; a resposta, pessoal, responsável e livre, também se vai dando cada
dia. Nem o chamamento nem a resposta são uma vez para sempre.
O caminho do seguimento percorre-se
e renova-se todos os dias da nossa vida.
Jesus convida-nos a viver felizes,
a alegrar e libertar todas as pessoas,
levando a Nova, a Boa, a Melhor Notícia. Como Ele faz.
Um pouco mais adiante,
viu outros dois irmãos:
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmãos
João,
que estavam no barco,
na companhia de seu pai Zebedeu,
a consertar as redes.
Jesus chamou-os
e eles, deixando o barco e o pai,
seguiram-n’O.
Jesus continua a repetir-nos o
convite a sair da rotina, das falsas seguranças, do comodismo mental e existencial e a nos
convertermos em seus mensageiros, tornando prioritário na nossa vida
quotidiana tudo aquilo que tenha a ver com o projeto do Reino de Deus: a
verdade, a justiça, a solidariedade e a dignidade de todas as pessoas, especialmente
as empobrecidas, as que se vêem privadas de consolo, luz, horizonte e
esperança.
Que “redes” tenho que deixar para
seguir Jesus, para ser mais livre e mais feliz?
Depois começou a percorrer toda a
Galileia,
ensinando nas sinagogas,
proclamando o Evangelho do reino
e curando todas as doenças
e enfermidades entre o povo.
Jesus acompanha sempre as suas palavras com atos.
Ao ver as pessoas agoniadas,
angustiadas, oprimidas, empobrecidas, tratadas injustamente, com medos e
escrúpulos nas suas relações com Deus, não se limita a falar: consola, cura,
liberta, denuncia, ensina, acolhe, devolve a dignidade... cura as almas e os
corpos, mostrando como Deus é e como deve atuar quem O queira seguir.
Toma-me pela mão
Deus meu, toma-me pela mão!
Seguir-Te-ei de maneira resoluta, sem muita resistência.
Seguir-Te-ei de maneira resoluta, sem muita resistência.
Não fugirei a nenhuma das tormentas que
caiam sobre mim nesta vida.
Suportarei o choque com o melhor das minhas
forças.
Mas dá-me de vez em quando um breve instante
de paz.
Não pensarei, na minha inocência, que a paz
que descerá sobre mim é eterna.
Aceitarei o desassossego e o combate que
virá depois.
Agrada-me manter-me no calor e na segurança,
mas não me oporei quando tiver que enfrentar o frio.
Desde que tu me leves pela mão.
Eu Te seguirei por todo o lado e tentarei não ter medo.
mas não me oporei quando tiver que enfrentar o frio.
Desde que tu me leves pela mão.
Eu Te seguirei por todo o lado e tentarei não ter medo.
Esteja onde estiver, tentarei irradiar um
pouco de amor,
do verdadeiro amor ao próximo que há em mim.
do verdadeiro amor ao próximo que há em mim.
(Etty Hillesum. Diário durante a
perseguição nazi).
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