Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

BEM-AVENTURADOS – Comentário bíblico de Asun Gutiérrez Cabriada.


Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa. (Mt 5,11-12)

O comentário abaixo de Asun Gutiérrez Cabriada que trago hoje para o blog Indgações-Zapytania é muito interessante e contempla a passagem bíblica (Mt 5,1-12) conhecida como As Bem-Aventuranças. Vale a pena ler.
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Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, 
acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: 
benedictinescat.com/montserrat. Trabalho muito bonito!


É o primeiro mandamento de Deus, “aprende a ser bom e feliz”.
Talvez seja o único mandamento de Deus. E se tivesse que ficar com uma única palavra do Evangelho, deixando todas as outras, ficaria com esta: BEM-AVENTURADOS.
Com esta palavra inaugurou e nesta palavra resumiu Jesus, toda a sua mensagem. 
Um dia, ardia-lhe dentro a chama dos profetas, de todos os profetas e, decidido, subiu ao monte, como Moisés noutro tempo, mas não carregado com duas pesadas pedras para gravar nelas dez mandamentos, mas carregado com o vento do Espírito, empurrado pelo vento alegre e transformador do Espírito e proclamou aos quatro ventos oito alegres éditos: “felizes”.

José Arregi 

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Comentário

Naquele tempo, ao ver as multidões,
Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos e Ele
começou a ensiná-los, dizendo:

Jesus assinala as pistas que conduzem a autêntica felicidade. O caminho realista para uma vida plena e cheia de sentido. Jesus não se limitou a proclamar as bem-aventuranças, mas experimentou-as e praticou-as durante toda a sua vida. Ele é as bem-aventuranças feitas pessoa humana.
 
Não são leis nem códigos nem normas morais, é Evangelho, Boa Notícia. Não é somente um anúncio de felicidade futura, mas de felicidade presente. Quem vive segundo o espírito das bem-aventuranças é feliz. Revelam como é o coração de Jesus e, portanto, como é o coração de Deus e como tem de ser o coração dos seus seguidores e seguidoras. 

Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.

Jesus não optou pelos pobres. Foi pobre.
Optou pelo ser humano, por todo o ser humano, a partir dos pobres, sendo um deles. Os pobres de espírito confiam plenamente em Deus, têm liberdade  e independência interior, não têm a idolatria de possuir e açambarcar. Estão abertos e agradecidos ao que os outros e Deus
lhes queiram dar cada dia. É o caminho para a felicidade plena.

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.

Trata-se da felicidade interior. É plena a felicidade que nasce de dentro, a que permite continuar a ser feliz perante as dificuldades e conflitos que inevitavelmente virão de fora. É o consolo e a sabedoria de Jesus.
Trabalhar para que a vida seja mais humana, mais suportável, mais tolerável, mais feliz, para converter a terra num bem comum para todos, é fonte da autêntica felicidade. 
Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque serão saciados.

Quem deseja ardentemente um mundo mais justo, umas pessoas melhores, incluindo-se a si mesmo; quem sente o coração inquieto pelas injustiças do mundo e luta contra elas, não se saciará só no “mais além”, mas viverá feliz no trabalho e na esperança de cada dia.
Quem, qual é a causa da minha Sede? Como alivio a minha Sede e a dos outros?

Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.

Quem é misericordioso, consigo mesmo e com os outros, sente paz interior, atua com bondade, solidariedade, ternura, amabilidade... É a atitude de quem se reconhece como filhas e filhos de Deus, irmãs e irmãos dos outros.
Jesus mostra-nos, com a sua vida, com as suas palavras e as suas obras, o que é que significa a misericórdia e o lugar que ocupa para Ele.
Jesus é todo misericórdia, comove-se perante todo o tipo de necessidades, prefere “a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13).
As pessoas misericordiosas orientam a vida ao serviço dos outros. E são felizes.

Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.

É feliz quem tem um coração limpo, transparente, sincero, não hipócrita, livre de armadilhas, de cálculos e duplas intenções.
É feliz quem pensa bem, confia e não julga os outros, deseja o bem, descobre e se fixa no positivo.
Quem tem um coração limpo vê a Deus. Vê e faz ver a pureza, a felicidade, a bondade, a beleza, a simplicidade... todos os reflexos a través dos quais se pode contemplar Deus.
Um coração limpo é uma constante presença de Deus, uma evidência do Espírito de Jesus, fonte da autêntica felicidade,  profunda e constante experiência na sua vida. 
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.

As pessoas que semeiam reconciliação, que não marginalizam nem julgam nem condenam ninguém, que utilizam uma linguagem pacificadora, que não necessitam de se destacar... criam a paz no seu interior e no ambiente que as rodeia. E são felizes.
Só quem está em paz e harmonia consigo mesmo pode criar e construir a paz para os outros.
O amor, a si mesmo e aos outros, é a força que constrói a autêntica paz.

Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus.

Jesus foi o grande perseguido até à morte, por defender a verdade, a justiça, a dignidade das pessoas. As pessoas que lutam por um mundo mais justo, como Jesus, não são comodistas.  As pessoas valentes não são temerárias, são as que se mantêm fiéis às suas convicções, interiormente livres e não dependem da opinião dos outros. Os que têm que suportar a perseguição, consequência inevitável da opção pelo reino de Deus, são os que verdadeiramente têm Deus por rei. E são felizes. 

Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, 
vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo,
disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande
nos Céus a vossa recompensa.

Quem vive pacificamente, em harmonia com o sistema estabelecido, tem que se perguntar seriamente se entrou ou não entrou no projeto de Deus.
Naturalmente a felicidade não está na pobreza ou nas lágrimas ou na perseguição, mas mais dentro, no espírito, na atitude de plena confiança, entrega e abertura perante Deus, em todas as circunstâncias e acontecimentos da vida.



Bem-aventuranças cheias de humor

Felizes os que se riem de si mesmos, porque nunca acabará a sua alegria e diversão.
Bem-aventurados os que não confundem um grão de areia com uma montanha,
porque pouparão muitas preocupações e irritações.
Bem-aventurados os que sabem escutar e calar, porque aprenderão muitas coisas novas.
Bem-aventurados se apreciais um sorriso e não pondes má cara perante os acontecimentos, pois caminhareis pela vertente feliz da vida.
Bem-aventurados se fordes compreensivos e até benévolos com os maus gestos dos outros:
ter-vos-ão por tontos, mas é esse o preço da caridade.
Bem-aventurados se pensardes antes de atuar e orais antes de pensar, porque evitareis muitos erros e tolices.
Bem-aventurados se souberdes calar e sorrir, mesmo que os contradigam e vos importunem, porque o Evangelho tocou o vosso coração.
E, sobretudo, bem-aventurados se reconheceis em todos o Senhor.
Porque irradiareis luz, bondade e alegria.

Joseph Folliet.




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