“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da
Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o
conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.” (Jo 14,16-17)
Trazer
para o blog Indagações-Zapytania um bom artigo, texto ou uma boa reflexão que ajudam
a entender melhor os textos da Bíblia e descobrir a sua mensagem profunda e atual,
ou que me proporcionam o conhecimento mais completo de outros assuntos, é o
meu propósito. Compartilhar tudo isso com as outras pessoas – é a minha
satisfação e alegria.
Abaixo, uma curta mas muito atual reflexão do
padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Foi publicada no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
WCejnog
IHU
– Notícias
Sexta,
23 de maio de 2014.
O
Espírito da verdade
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o evangelho de Jesus Cristo segundo João 14, 15-21,
que corresponde ao Sexto Domingo da Páscoa, ciclo A do ano litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto.
Jesus está se
despedindo de seus discípulos. Ele os vê tristes e abatidos. Logo ele já não
estará com eles. Quem poderá preencher o vazio? Até agora foi Jesus quem
cuidou deles, quem os defendeu dos escribas e fariseus, quem apoiou sua fé
débil e vacilante, lhes descobriu a verdade de Deus e os iniciou no seu projeto
humanizador.
Jesus
lhes fala apaixonadamente do Espírito. Ele não quer que fiquem órfãos. Ele
mesmo pedirá ao Pai que não os abandone, que lhes dê “outro defensor” que
esteja sempre com eles. Jesus o chama de “Espírito da verdade”. Que há nessas
palavras de Jesus?
Este
“Espírito da verdade” não pode ser confundido com uma doutrina. Esta
verdade não deve ser procurada nos livros dos teólogos nem nos documentos de
hierarquia. É uma realidade muito mais profunda. Jesus disse
que “vive no meio de nós e está em nós”. É alento, força, luz, amor… que nos
chega do mistério último de Deus. Devemos acolhê-lo com coração simples e
confiante.
Este “Espírito da verdade” não nos transforma em proprietários
da verdade. Não vem para que imponhamos aos
outros a nossa fé, nem para que controlemos sua ortodoxia. Ele vem para que não
fiquemos órfãos de Jesus e nos convida a nos abrir à sua verdade, escutando,
acolhendo e vivendo seu Evangelho.
Este
“Espírito da verdade” não nos faz tampouco “guardiões” da verdade, mas
testemunhas. Nossa tarefa não é disputar, combater nem derrotar
adversários, senão viver a verdade do Evangelho e “amar Jesus
guardando seus mandamentos”.
Este
“Espírito da verdade” está no interior de cada um de nós, defendendo-nos de
tudo aquilo que pode nos separar de Jesus. Convida-nos a nos abrir com
simplicidade ao mistério de um Deus, Amigo da vida. Quem
procura este Deus com honradez e verdade não está longe dele.
Em certa ocasião Jesus disse: “todo aquele que é da verdade escuta minha voz”.
É assim!
Este
“Espírito da verdade” nos convida a viver na verdade de Jesus no meio de uma
sociedade onde com frequência a mentira é chamada estratégia; a exploração,
negócio; a irresponsabilidade, tolerância; a injustiça, ordem estabelecida; a
arbitrariedade, liberdade; a falta de respeito, sinceridade…
Que sentido pode ter na Igreja de Jesus se deixamos que o
“Espírito da verdade” fique esquecido nas nossas comunidades? Quem pode salvar a comunidade do próprio engano, dos
desvios e da mediocridade generalizada? Quem anunciará a Boa Notícia de Jesus
numa sociedade tão necessitada de alento e esperança?
Fonte:IHU - Notícias
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