Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

“O corpo de Jesus. E o sangue...” – Comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez.



Festa de Corpus Christi.
O comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Jo 6, 51-58  é muito bom e convida para uma serena meditação.
Não deixe de ler.
WCejnog

Obs.: Os interessados podem  ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas de Montserrat. www.benedictinescat.com/montserrat  Trabalho muito bonito!


Comentário

Naquele tempo, disse Jesus à multidão:
Eu sou o pão vivo que desceu do céu.
Se alguém comer deste pão,
viverá para sempre.
Este pão é a minha carne,
que eu darei pela vida do mundo.

Jesus diz que Ele é pão, não diz que o pão é Ele.  Jesus identifica-se com o alimento – pão - que Deus dá à humanidade - descido do céu - e que é preciso comer – assimilar – mediante a fé: escutá-lo, aceitá-lo, acolhê-lo, compenetrar-se com a sua palavra e seus sentimentos, para ter já vida eterna.
Jesus dá a sua carne, toda a sua pessoa.

Que dou para que haja alegria,alimento,solidariedade,vida no mundo?

Então os judeus
começaram a discutir exaltadamente entre si:
"Como pode este homem nos oferecer
a sua carne para comermos?"

Jesus fala de comer a sua carne e de beber o seu sangue, algo insólito e abominável para a mentalidade bíblica.
Quando se sacrificava uma vítima no templo, o sangue era derramado sobre o altar, jamais era bebido.  As discussões, as rejeições e os escândalos são a consequência de tomar ao pé da letra as palavras de Jesus, falseando e reduzindo o seu autêntico sentido.

O realmente importante é que o Deus de Jesus não é um Deus afastado e misterioso, a quem há que aplacar oferecendo-lhe sacrifícios, incensos e ritos.

O Deus de Jesus, o nosso Deus, é próximo, faz-se presente e oferece-se nas realidades quotidianas da nossa vida, põe-se ao alcance das nossas mãos, dos nossos lábios, dos nossos sentidos: tocai, saboreai, ouvi, comei, bebei, senti… Curiosamente, na explicação que Jesus dá aos judeus repete as expressões que os enfadaram tanto.

 Jesus lhes disse: "Eu digo a verdade:
Se vocês não comerem a carne
do Filho do homem e
não beberem o seu sangue,
 não terão vida em si mesmos.
Todo aquele que come a minha carne
e bebe o meu sangue
tem a vida eterna,
e eu o ressuscitarei no último dia.
Pois a minha carne
é verdadeira comida
e o meu sangue é verdadeira bebida.

O pão que se parte e comparte resume o sentido da vida de Jesus: 

uma vida entregue, uma vida para os outros.

Segundo a visão bíblica a “carne” designa a pessoa inteira na sua condição mortal.
O convite é a segui-l’O: abrir os braços aos irmãos, sarar, acolher, libertar, alimentar, partilhar, não excluir nem excomungar ninguém, estar dispostos a lavar os pés e a tornar-nos pão, vinho, luz, paz, contagiar esperança... Essa é a autêntica vida. Isso é viver ressuscitados. Como faz Jesus e como nos recomenda fazer em sua memória.

Todo aquele que come a minha carne
e bebe o meu sangue
gpermanece em mim e eu nele.

Alimenta o que morre de fome,
porque se não o alimentas estás a matá-lo
.
Vaticano II - G.S. 69

Partilhar a mesa é o grande símbolo da convivência, da solidariedade, da inclusão. Os banquetes são a melhor metáfora  do Reino.
Durante a sua vida, Jesus aproveitou o momento das refeições para transmitir os seus ensinamentos: a sua concepção do Reino, o modo de atuar dos que querem segui-l’O, a sua imagem do Pai. Mostrou-nos tudo o necessário para nos dar vida, para que dêmos vida, para que nos tornemos participantes da sua vida. Para que sejamos alimento e alento para os outros. Em primeiro lugar para as pessoas que não têm, pela injustiça e falta de solidariedade, o alimento nem as condições necessárias para uma vida digna e feliz.

Da mesma forma como o Pai que vive
me enviou e eu vivo por causa do Pai,
assim aquele que se alimenta de mim
viverá por minha causa.

Jesus oferece-nos vida em plenitude, uma vida que se mede com o termómetro da liberdade e do amor. Uma vida alegre e cheia de esperança, sempre em crescimento.
Jesus comunica vida quando cura, quando acolhe, quando escuta, quando come, quando olha...
Compete-nos seguir o seu exemplo, fazer que participem e comunicar essa vida aos outros.
É o momento de tornar vida a mensagem e a recomendação de Jesus. Viver por Ele e como Ele, identificando-nos com a sua mentalidade, as suas preferências, as suas opções, a sua maneira de atuar, para ir construindo um mundo mais justo, mais solidário, mais humano, mais evangélico, onde as pessoas vivam com dignidade e sejam felizes.
Trata-se de viver e contagiar o fascínio de um estilo de vida como o seu.

Este é o pão que desceu do céu;
não é como aquele que os vossos pais comeram;
quem comer deste pão
viverá eternamente.

Apesar de terem comido o maná, “os pais morreram”; este alimento - a lei - resultou ineficaz para comunicar vida.
O pão do céu que é Jesus suprime para sempre a morte para os que O comem – crêem - .

 Quem escuta e torna vida a minha palavra, passou da morte à vida”.

 Meu corpo. Meu sangue.

Este é meu corpo.
Meu corpo triunfante em vossos corpos gloriosos.
Meu corpo maltratado em vossos corpos torturados.
Meu corpo vigoroso em vossos corpos viçosos.
Meu corpo deteriorado em vossos corpos achacados.
Este é meu corpo.
Este é meu sangue.
Meu sangue pujante em vosso sangue violento.
Meu sangue vertido em vosso sangue derramado.
Meu sangue vivificante em vosso sangue renovado.
Meu sangue ofendido em vosso sangue desprezado.
Meu corpo é pão: uma fogaça de pão bento.
Um corpo de farinha de outro tipo.
Meu sangue é vinho: um sangue de qualidade
como vinho generoso. Reserva especial.
Esse é meu corpo.  Esse é meu sangue.
Amém.


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