Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O verdadeiro problema é a “Mediocridade espiritual”. - Reflexão de José Antônio Pagola. Muito atual!


“Acolher o Espírito de Deus quer dizer deixar de falar só com um Deus a quem quase sempre colocamos longe e fora de nós, e aprender a escutá-lo no silêncio do coração. Deixar de pensar em Deus apenas com a cabeça, e aprender a percebê-Lo no mais íntimo do nosso ser.” – lemos no texto abaixo.

Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania mais uma reflexão bem concreta e muito proveitosa. É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e interiorizar.
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IHU – Notícias

Sexta, 06 de junho de 2014

Viver Deus desde dentro
  
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20, 19-23 que corresponde a Festa de Pentecostes, Ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Há alguns anos, o grande teólogo alemão Karl Rahner atrevia-se a afirmar que o principal e mais urgente problema da Igreja dos nossos tempos é a sua “mediocridade espiritual”. Estas eram as suas palavras: o verdadeiro problema da Igreja é “continuar com uma resignação e um tédio cada vez maior pelos caminhos habituais de uma mediocridade espiritual”.

O problema não parou de se agravar nestas últimas décadas. De pouco serviram as intenções de reforçar as instituições, salvaguardar a liturgia ou vigiar a ortodoxia. No coração de muitos cristãos está se apagando a experiência interior de Deus.

A sociedade moderna apostou pelo “exterior”. Tudo nos convida a viver a partir de fora. Tudo nos pressiona para nos movermos com rapidez, sem pararmos em nada nem em ninguém. A paz já não encontra resquícios para penetrar até o nosso coração. Vivemos quase sempre na superfície da vida. Estamos esquecendo o que é saborear a vida desde dentro. Para ser humana, à nossa vida falta uma dimensão essencial: a interioridade.

É triste observar que tampouco nas comunidades cristãs sabemos cuidar e promover a vida interior. Muitos não sabem o que é o silêncio do coração, não se ensina a viver a fé a partir de dentro. Privados da experiência interior, sobrevivemos esquecendo a nossa alma: escutando palavras com os ouvidos e pronunciando orações com os lábios, enquanto o nosso coração está ausente.

Na Igreja fala-se muito de Deus, mas onde e quando escutam os crentes a presença silenciosa de Deus no mais fundo do coração? Onde e quando acolhemos o Espírito do Ressuscitado no nosso interior? Quando vivemos em comunhão com o Mistério de Deus desde dentro?

Acolher o Espírito de Deus quer dizer deixar de falar só com um Deus a quem quase sempre colocamos longe e fora de nós, e aprender a escutá-lo no silêncio do coração. Deixar de pensar em Deus apenas com a cabeça, e aprender a percebê-Lo no mais íntimo do nosso ser.

Esta experiência interior de Deus, real e concreta, transforma a nossa fé. A nós surpreende como se pôde viver sem a descobrir antes. Agora sabe por que é possível acreditar inclusive numa cultura secularizada. Agora conhece uma alegria interior nova e diferente. Parece-me muito difícil manter por muito tempo a fé em Deus no meio da agitação e frivolidade da vida moderna, sem conhecer, mesmo que seja de forma humilde e simples, alguma experiência interior do Mistério de Deus.



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