“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o
ressuscitarei no último dia.” (Jo 6, 54)
É
muito bom poder ler uma reflexão tão concreta e atual, que tem como fundo o
texto Jo 6, 51-58. Ajuda a sair da ‘letargia’ e enxergar o que é realmente
importante.
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não
deixe de aproveitar!
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IHU – Notícias
Sexta, 20 de junho de 2014.
Estagnados
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o Evangelho de João 6, 51-58 que corresponde a Festa do Corpo e Sangue de Cristo.
Eis o texto.
Papa Francisco repete que os medos, as dúvidas, a
falta de audácia... podem impedir pela raiz que se possa impulsionar a
renovação que necessita hoje a Igreja. Na sua Exortação “A alegria do Evangelho” chega a dizer que, se
ficamos paralisados pelo medo, uma vez mais podemos ficar simplesmente como
“espectadores de uma estagnação infecunda da Igreja”.
As suas palavras fazem pensar. Que podemos perceber entre nós?
Estamos nos mobilizando para reavivar a fé das nossas comunidades cristãs, ou
continuamos instalados nessa “estagnação infecunda” de que fala Francisco? Onde
podemos encontrar forças para reagir?
Uma das grandes contribuições do Concílio foi de impulsionar o
caminho desde a “missa”, entendida como uma obrigação individual para cumprir um preceito sagrado, para a “eucaristia” vivida como
celebração gozosa de toda a comunidade para alimentar a sua fé, crescer em
fraternidade e reavivar a sua esperança em Cristo.
Sem dúvida, ao longo destes anos, temos dado passos muito
importantes. Ficam muito longe aquelas missas celebradas em latim em que o
sacerdote “dizia” a missa e o povo cristão vinha “ouvir” a missa ou “assistir”
à celebração. Mas, não estamos celebrando a eucaristia de forma rotineira e aborrecida?
Há um fato inegável. As
pessoas estão se afastando de forma imparável da prática dominical porque não
encontram nas nossas celebrações o clima, a palavra
clara, o rito expressivo, a acolhida estimulante que necessita
para alimentar a sua fé débil e vacilante.
Sem dúvida, todos, pastores e crentes, temos de nos perguntar
que estamos fazendo para que a eucaristia seja, como quer o Concílio, “centro e
cúpula de toda a vida da comunidade cristã”. Porém, basta
a boa vontade das paróquias ou a criatividade isolada de alguns, sem mais
critérios de renovação?
A Ceia do Senhor é demasiado importante para que deixemos que
continue se “perdendo”, como “espectadores de uma estagnação infecunda”. Não é
a eucaristia o centro da vida cristã? Como
permanece tão calada e imóvel a hierarquia? Por que é que nós crentes não
manifestamos a nossa preocupação e a nossa dor com mais força?
O problema é grave. Temos
de continuar “estagnados” num modo de celebração eucarística, tão pouco
atrativo para os homens e as mulheres de hoje? É esta liturgia que temos repetido
desde séculos a que melhor pode ajudar-nos a atualizar aquela ceia memorável de
Jesus onde se concentra de modo admirável o núcleo da nossa fé?
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