Abaixo, uma linda reflexão, muito
concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 5, 21-43 (Jesus cura uma
mulher no meio da multidão).
É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
(Obs.: No Brasil, neste domingo celebra-se a Solenidade
de São Pedro e São Paulo.)
Vale a pena ler!
WCejnog
IHU- Notícias
sexta, 26 de junho de
2015
Feridas secretas
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 5,
21-43 que corresponde ao 13° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
Eis o texto
Não conhecemos o seu
nome. É uma mulher insignificante, perdida no meio da gente
que segue Jesus. Não se atreve a falar com Ele como Jairo, o chefe da sinagoga,
que conseguiu que Jesus se dirija para sua casa. Ela não poderá nunca ter essa
sorte.
Ninguém sabe que é
uma mulher marcada por uma doença secreta. Os mestres da Lei ensinaram-na a
ver-se como uma mulher «impura», enquanto tenha perdas de sangue. Passou muitos
anos procurando um curador, mas ninguém conseguiu curá-la. Onde poderá
encontrar a saúde que necessita para viver com dignidade?
Muitas pessoas vivem
entre nós experiências parecidas. Humilhadas por
feridas secretas que ninguém conhece, sem forças para confiar a alguém a sua
«doença», procuram ajuda, paz e consolo sem saber onde os encontrar. Sentem-se
culpados quando muitas vezes são apenas vítimas.
Pessoas boas que se
sentem indignas de aproximar-se para receber Cristo na comunhão; cristãos
piedosos que viveram a sofrer, de forma insana, porque se lhes ensinou a ver
como sujo, humilhante e pecaminoso tudo relacionado ao sexo; crentes que,
ao final da sua vida, não sabem como romper a cadeia de confissões e comunhões
supostamente sacrílegas... Não poderão conhecer nunca a paz?
Segundo o relato, a
mulher doente «ouve falar de Jesus» e intui que está ante alguém que pode
arrancar a «impureza» do seu corpo e da sua vida inteira. Jesus não fala de
dignidade ou indignidade. A Sua mensagem fala de amor. A Sua pessoa
irradia força curadora.
A mulher procura o seu
próprio caminho para encontrar-se com Jesus. Não se sente com forças para
olhá-Lo nos olhos: aproximar-se-á por detrás. Dá-lhe vergonha
falar-Lhe da sua doença: atuará silenciosamente. Não pode tocá-lo
fisicamente: tocará apenas o manto. Não importa. Não importa nada. Para
sentir-se limpa, basta essa confiança grande em Jesus.
É dito por Ele mesmo.
Esta mulher não tem de se envergonhar ante ninguém. O que fez não é mau. É um
gesto de fé. Jesus tem os Seus caminhos para curar feridas secretas, e
dizer a quem o procura: «Filha,
filho, a tua fé curou-te. Vai em paz e com saúde.»
Fonte: IHU - Notícias
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