Existem
reflexões e/ou comentários bíblicos que realmente ajudam a gente a descobrir
e ver claramente a mensagem que Deus incesantemente dirige a humanidade.
Encontrando-os, podemos ler e analisá-los. Esta é uma maneira concreta de
procurar as respostas certas para muitas indagações que inquietam a nossa vida
de cristãos nos dias de hoje. Os textos do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola
certamente oferecem-nos uma excelente ocasião para isso.
Hoje, trago para o blog
Indagações-Zapytania mais uma reflexão bem curta mas muito concreta e
importante, de autoria desse autor. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 12, 38-44 (A oferta da pobre viúva).
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!
WCejnóg
IHU - Notícias
sexta, 06 de novembro de
2015
Contraste
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 12, 38-44 que
corresponde ao 32° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o
texto.
Eis o texto
O contraste entre as
duas situações é total. Na primeira, Jesus põe as pessoas em
guarda frente aos escribas do templo. A sua religião é falsa: utilizam-na para
procurar a sua própria glória e explorar os mais fracos. Não devem admirá-los
nem seguir o seu exemplo. Na segunda, Jesus observa o gesto de uma pobre viúva
e chama os seus discípulos. Desta mulher podem aprender algo que nunca lhes
ensinarão os escribas: uma fé total em Deus e uma generosidade sem limites.
A crítica de Jesus aos
escribas é dura. Em vez de orientar o povo em direção a Deus
procurando a sua glória, atraem a atenção das pessoas para si mesmos procurando
a sua própria honra. Gostam de “passear com amplas vestes” procurando cumprimentos
e reverências das pessoas. Na liturgia das sinagogas e nos banquetes procuram
“os lugares de honra” e “os primeiros lugares”.
Mas há algo que, sem
dúvida, dói a Jesus mais do que este comportamento fátuo e pueril de serem
contemplados, saudados e reverenciados. Enquanto aparentam uma piedade profunda
nas suas “longas rezas” em público, aproveitam-se do seu prestígio religioso
para viver à custa das viúvas, dos seres mais débeis e indefesos de
Israel segundo a tradição bíblica.
Precisamente, uma destas
viúvas vai pôr em evidência a religião corrupta destes dirigentes religiosos. O
seu gesto passou despercebido a todos, mas não a Jesus. A pobre mulher só
deixou na arca das oferendas duas pequenas moedas, mas Jesus chama no imediato
seus discípulos, pois dificilmente encontrarão naquele ambiente do templo um
coração mais religioso e mais solidário com os necessitados.
Esta viúva não anda à
procura de honras nem prestígio algum; atua de forma calada e humilde. Não
pensa em explorar ninguém; pelo contrário, dá tudo o que tem porque outros o
podem necessitar. Segundo Jesus, deu mais que todos, pois não dá o que
lhe sobra, mas “tudo o que tem para viver”.
Não nos equivoquemos.
Estas pessoas simples, mas de coração grande e generoso, que sabem amar
sem reservas, são o melhor que temos na Igreja. Elas são as que fazem
o mundo mais humano, as que creem verdadeiramente em Deus, as que mantêm vivo o
Espírito de Jesus no meio das outras atitudes religiosas falsas e
interesseiras. Destas pessoas temos de aprender a seguir a Jesus. São
as que mais se lhe parecem.
Fonte:
IHU – Notícias
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