Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 15 de janeiro de 2012

A consciência - esse “Grilo Falante”!


Onde posso encontrar Deus?   Continuo a pensar sobre esta questão.

Uma das coisas mais intrigantes no ser humano é a existência da voz da consciência. É como se fosse uma sombra  que o acompanha durante a vida inteira. Esse fato, de ser tão misterioso e evidente ao mesmo tempo, também aponta na direção de Deus.  Pode significar, para muitos, que em cada ser humano  Deus está presente como Juiz Supremo, como  uma Autoridade acima de tudo e de qualquer outra instância, mesmo quando se trata da existência e da autonomia humana.

É evidente que  a consciência de cada um de nós tem suas diferenças, pois na vida humana existem vários  fatores que deixam a sua influência.  Mas uma coisa é  certa: cada ser humano se depara com ela!   Quer queiramos  ou não,  todos estamos acompanhados de perto, atrás da orelha, pelo nosso sempre fiel amigo, o “Grilo Falante”, como o Pinóquio da literatura infantil.

É ela que tem poder de colocar-nos  diante de um tribunal independente, que nos julga.  E não temos como evitá-lo.  Será que isso não indica que atrás da nossa consciência está  presente Alguém muito maior?
Cada um de nós deveria refletir sobre isso.

                                                                                       WCejnog

O texto abaixo é muito útil para  aprofundar essa reflexão:

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(...) Além do desejo de amor e de ser feliz, também existe no ser humano  o outro desejo: o desejo de ser bom. O homem  sabe perfeitamente que não pode querer só para si tudo que ama, toda a felicidade – às vezes até às custas dos outros.  Aqui  torna se presente uma força reguladora – é a consciência.

Tentou-se explicar a existência da consciência com o medo da opinião pública, da punição, ou, então, atribuía-se a existência da consciência à educação, à influência do ambiente ou ao fator hereditário. Isso tudo, sem dúvida, influencia na formação da consciência, e por isso fica compreensível   que  o juízo sobre o tema do bem e do mal não é totalmente igual em todos os indivíduos e nações. Todos, no entanto,concordam que existe diferença entre o bem e o mal, e que o homem pode se tornar culpado quando faz o mal.

Em cada um de nós existe a consciência de que o homem deve ser bom. Até mesmo quando ninguém nos vê nem sabe do mal que fizemos, e quando nós mesmos não somos diretamente atingidos com isso, mesmo assim ficamos sentindo-nos responsáveis.

Caso contrário, porque o transgressor (ou alguém culpado)  estaria fugindo apesar de não ser procurado por ninguém? Depois de cometer um ato mal, submergem as “acusações da consciência”, nasce a consciência da culpa, e também o arrependimento. Na voz da consciência o ser humano ouve um incondicional “pare”, e descobre uma justiça absoluta, uma sentença impassível à manipulação, que mesmo que é para ele inconfortável, não “desgruda” dele.

E mais, essa voz é tão forte, que nas situações extremas as pessoas entregam até a sua própria vida para não transgredir o bem e não cometer o  mal. Aqui fica evidente que na voz da consciência o homem experimenta e descobre que não é ele o juiz da própria causa – porque como poderia julgar as suas próprias inclinações?

Até mesmo supor que  existe alguma autoridade impessoal não seria suficiente para explicar o fato da consciência. Por quê? Porque o homem livre e confiante em si cederia por acaso diante de um veredito desse, se não ouvisse nele a voz de um juiz absoluto? Quando nos sentimos responsáveis, quando temos o sentimento de culpa ou vergonha, isso pressupõe que existe alguém, diante do qual somos responsáveis e nos colocamos envergonhados e culpados.

Apenas “algo” impessoal não conseguiria mexer tanto com as nossas emoções. Não sentimos vergonha diante de uma pedra ou animal, mas somente diante de uma  pessoa.

Novamente, atrás da voz de consciência existe uma vontade absoluta, diante dela não se pode fugir. Em nossa vontade de sermos bons, nós, seres humanos, sentimos esse infinito “bem”, que é  alguém -  o BEM infinito.  É Ele que se coloca no meio da nossa vida, contra nós, na voz da consciência. (...)
 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.34-35)*

Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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