Hoje fala se muito do relativismo. Alguns até consideram a época atual como a época do relativismo, porque o homem passou a relativizar tudo. Na minha opinião, isso é a conseqüência do sentimento de liberdade e de prepotência do ser humano, quando ele põe em dúvida todos os valores éticos e morais, empolgado com o progresso e as conquistas incríveis dos últimos tempos, julgando-se o senhor do próprio destino, da vida e da morte. Pobre do homem: de um extremo (sujeição e escravidão) cai no outro (arrogância e prepotência)!
Em relação a tudo que é material e temporário o relativismo até tem sentido, pois ajuda ao homem a reconhecer que nada neste mundo vale mais que a sua vida (quando, é claro, não considera a sua vida equivalente a uma coisa qualquer). Mas não é assim em relação a Deus. Quando se relativiza absolutamente tudo, inclusive a Deus, a pobre criatura do homem tenta ocupar o lugar d’Ele. Uma tentativa ignorante e tola, predestinada a trazer unicamente as frustrações e derrotas.
No entanto, quando o ser humano humildemente reconhece as suas condições de criatura e abraça o convite de Deus para construir um mundo digno e fraterno – ele reconhece que Deus tem o valor máximo. Logo também, apesar de poder parecer um paradoxo, tudo que é criação, e a própria humanidade, também se tornam de grande valor. “Tudo que não é eterno é eternamente inútil!” – este slogan torna se, aqui, expressivo. Assim, reconhecemos que toda a criação está abaixo de Deus, e só Ele é eterno. Relativo torna-se tudo que não é eterno, e mesmo assim, adquirindo um novo e profundo sentido.
Para o homem que crê em Deus, a fé torna-se uma fonte de renovação, de missão e de energia positiva, e não de comodismo e apatia. O seu olhar para a vida e para o ser humano torna se renovado.
Surge uma nova pergunta: será que o mundo de hoje ostenta tanta injustiça e barbaridades não por causa do comodismo dos que acreditam em Deus? Ou, talvez, porque a nossa fé é muito fraca, superficial e pouco autêntica? Precisamos pensar sobre isso.
WCejnog
O texto abaixo completa a nossa reflexão:
(9)
(...) A imagem que nós temos de Deus influencia a nossa visão sobre nós mesmos. (...) Se reconhecemos Deus como o objetivo da nossa vida, como uma misteriosa base, então todos os detalhes da nossa vida vão receber o sentido mais profundo. Conheceremos melhor para que vivemos, compreenderemos com mais profundidade quem somos.
(...) A imagem que nós temos de Deus influencia a nossa visão sobre nós mesmos. (...) Se reconhecemos Deus como o objetivo da nossa vida, como uma misteriosa base, então todos os detalhes da nossa vida vão receber o sentido mais profundo. Conheceremos melhor para que vivemos, compreenderemos com mais profundidade quem somos.
Como conseqüência da fé em Deus modifica-se também o sentido da existência terrestre do ser humano. Tudo assume uma nova posição na hierarquia dos valores. Algo que é finito não poderá continuar para o homem crente como algo “o mais importante nesta vida”. Da posição da fé em Deus estão também esclarecidos alguns enigmas da nossa vida. É claro que para o homem crente muitas questões ainda permanecerão ocultas, no entanto, poderá conquistar novas forças para superar as dificuldades que a vida lhe traz.
Não é verdade que a fé verdadeira coloca o homem contra si mesmo e contra o mundo. Ao contrário, é graças à fé que ele procura se posicionar positivamente em relação a tudo o que o cotidiano lhe traz.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 39-40)*
Continua...
______________________
*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário