Nesta e nas próximas postagens o assunto será sobre a religião e o ateísmo. É muito interessante poder abordar essa temática, que nos dias de hoje se torna cada vez mais comum, encontrando muita gente despreparada e quase que “pegando de surpresa” os menos avisados. Se bem olharmos para a nossa sociedade, que na sua maioria se declara religiosa, podemos ver claramente como as famílias estão desorientadas, as pessoas confusas e sem saber se posicionar dentro de uma discussão sobre o ateísmo e religião, a não ser fugindo da polêmica e fechando-se numa religião individualista e intimista, onde o resto não interessa.
Muitos dos nossos jovens, sobretudo secundaristas e principalmente os que ingressam na vida universitária - sofrem impacto de opiniões e slogans anti-religiosos, e ficam submetidos à forte influência ateísta, que freqüentemente predomina nesses ambientes. Representando a ciência e progresso, e possuindo o poder vindo dos cargos lhes confiados de serem formadores de novos cidadãos, não poucos docentes se aproveitam desse contexto para disseminar nos jovens primeiramente as dúvidas, e depois infiltrando neles as afirmações contrárias à religião e a fé. Dispondo de tempo e “revestidos” de respeito que os jovens, na sua grande maioria, têm para com os seus mestres, muitos professores universitários (que trabalham nas instituições seculares ou confessionais) tentam alicerçar idéias ateístas nos seus alunos, como se isso realmente fosse a única e absoluta base para afirmação do progresso científico. Essa é a triste realidade. Sabemos que muitas Universidades são consideradas, quase que unanimemente, como redutos do ateísmo e agnosticismo.
As perguntas saltam aos meus olhos: Será que isso é certo? Será que algumas pessoas, sobretudo aquelas munidas de um certo “poder maior” quando em relação aos jovens, podem atrelar impunemente as suas convicções pessoais às disciplinas que lhes foram confiadas para ensinar, praticando uma forma de “doutrinação” ateísta? São as perguntas que não devem nos deixar em paz. Sobretudo todos nós, que somos cristãos. Pelo contrário, devem nos despertar para uma reflexão crítica, e se tornar a base para exigirmos o respeito pelos direitos de todos os cidadãos.
Aliás, fica muito claro para mim como o conceito de democracia está sendo deturpado no mundo atual. A democracia, como diz o dicionário, deveria ser – em tese - a forma do governo na qual o poder emana do povo. Sendo assim, a vontade da maioria do povo não só deveria ser respeitada mas também realizada. Deveria ser também garantido o respeito e a tolerância para com todas as minorias e todos os cidadãos, assegurando todos os seus direitos e deveres. É o fundamento para existir a paz! O que freqüentemente assistimos hoje, e isso no só no Brasil mas no mundo todo, que na prática, debaixo de um “véu” da democracia, as ideias de algumas pessoas ou entidades ditas representantes de “minorias”, conseguem apoderar-se do poder de impor a toda a sociedade as suas idéias e projetos. Como é que elas conseguem fazer isso? Com certeza a democracia não é isso.
Resumindo, considero de extrema importância para toda a sociedade, e principalmente para todas as pessoas que se preocupam com o futuro desta nação, com o futuro dos seus filhos, netos e bisnetos, e aquelas cuja missão deveria ser o anúncio da vontade de Deus para que “todos tenham a vida em abundância” - que se discuta esses assuntos. Só assim poderá se assegurar a justiça e verdadeira tolerância, e, com isso, o futuro melhor para a humanidade.
WCejnog
O texto abaixo traz um pouco mais detalhes para a nossa reflexão:
(1)
(...) Desde que existe o gênero humano, o homem sempre teve algum conceito sobre Deus, o que trazia algumas conseqüências: ele era religioso, isto é, tentava adorar Deus, levando a vida de acordo com o que reconhecia como vontade d’Ele. Desse “Sim”, quando se trata de Deus, nasce a religião.
(...) Desde que existe o gênero humano, o homem sempre teve algum conceito sobre Deus, o que trazia algumas conseqüências: ele era religioso, isto é, tentava adorar Deus, levando a vida de acordo com o que reconhecia como vontade d’Ele. Desse “Sim”, quando se trata de Deus, nasce a religião.
Sabemos, no entanto, que esse “Sim”, não se impõe ao ser humano. Muitos fatos, vivências e reflexões estão mais a favor – como parece – da inexistência de Deus, do que da existência d’Ele. Por isso também temos a possibilidade de respostas diametralmente opostas para as perguntas que norteiam a toda humanidade, isto é, a possibilidade de negar Deus. Onde o homem não leva em conta Deus, falamos do ateísmo.
Ambas as possibilidades merecem uma reflexão própria. A religião e o ateísmo, a fé e descrença existem, hoje, lado ao lado em quase todos os campos da vida. Quando freqüentemente podemos ouvir que é cada vez mais difícil atualmente crer, os ateístas de convicção, como por exemplo o marxista tcheco Gardavsky, anunciam que hoje “sem dúvida é mais difícil ser ateísta do que antigamente” (Deus não morreu completamente).
Cuidado com os juízos
No século II, como escreve São Justino, um dos grandes escritores da Igreja daquele tempo, suspeitava-se que os cristãos eram ateus. (São Justino, Apologia prima. 6.1 Migne, PG VI). Pensava se assim, porque eles rejeitavam as concepções de Deus, que eram vigentes naquela época. Isto deve servir de aviso também para nós, para não chamar levianamente as pessoas de ateístas. A linha de separação entre a fé e descrença nem sempre fica bem definida. Muitos daqueles que se consideram ateístas, acreditam em alguma realidade fora da nossa vida terrestre, embora chamam ela com o outro nome.
Outros, não são propriamente ateístas, mas sim, pessoas que “buscam” as respostas. Como é freqüente ouvir: “Gostaria de acreditar em Deus, mas não consigo. Não é que estou decididamente convicto, mas ao contrario, falta-me convicção”. Uma pessoa assim não pode ser chamada de “ateísta”. Alguém que tem dúvidas e procura respostas não pode ser considerado descrente. Talvez ele até esteja intimamente mais perto de Deus do que alguém que diz que pertence a alguma Igreja, baseando se apenas no certificado do Batismo.(...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p.43-44)*
_____________________
*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
*********************
Nenhum comentário:
Postar um comentário