Onde podemos encontrar Deus?
Imagino que quem já enfrentou na vida algum grande sofrimento ou perda, certamente modificou muitos pontos da sua visão sobre a vida e sobre os valores que o mundo ostenta. O ser humano nunca se apercebe tão indefeso e fraco, e sobretudo tão “pequeno”, do que no momento quando toma consciência da fragilidade da sua vida. Não pensamos sobre isso, mas o risco de morte nos acompanha constantemente, desde o momento em que fomos concebidos.
Na verdade, não sabemos se estaremos vivos daqui a pouco... É um bom motivo para alimentar constantemente, no nosso íntimo, uma sincera gratidão pela vida! Porque as coisas sempre costumam ‘acontecer’ com os outros (e acontecem a cada segundo, a cada dia, sem parar!) e nós estamos apenas ‘assistindo’... Mas quando o sofrimento ou alguma ‘desgraça’, ou morte atinge alguém mais próximo de nós, ai começamos cair em prantos. Mais ainda quando a infelicidade, ou doença, ou a própria morte começa a esbarrar em nós... Uma coisa é falar, discutir e imaginar (quanta besteira o homem fala nessa fase!), e outra é sofrer, vivenciar, morrer...
Imagino que num momento assim provavelmente deve cair cada máscara de arrogância, prepotência e egoísmo humano. O homem estará a sós, com o seu medo e ignorância, diante do mistério da sua vida.
Será que podemos ter dúvidas que nos momentos-limites o ser humano encontra Deus?
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O texto abaixo aprofunda mais esta reflexão:
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(...) Deus deixa-se encontrar dentro da nossa vida. Podemos encontrá-lo em todo lugar. Também em situações limite: sofrimento, solidão, tragédias e na morte – podemos encontrá-lo.
(...) Deus deixa-se encontrar dentro da nossa vida. Podemos encontrá-lo em todo lugar. Também em situações limite: sofrimento, solidão, tragédias e na morte – podemos encontrá-lo.
Uma picada de mosquito – infecção de sangue. Já não foi possível salvar essa pessoa. E aconteceu isso justamente no momento quando conseguiu praticamente tudo para ter tranqüila a sua existência. Nesses momentos todos os outros que continuam vivos, sentem que o ser humano é sujeito a algum poder infinito.
A morte questiona na própria base o sentido da vida humana. Tentamos não pensar nisso e conseguimos esquecer, até um certo ponto, mas não definitivamente. No final, há momento em que o ser humano chega ao limite, que significa a negação de todas as suas experiências e projetos. Ele tenta-se defender o máximo que pode com toda a sua sabedoria e esperança. No íntimo do seu coração praticamente consegue vencer essa batalha, chegando a afirmar: “Isto não é o fim. Com certeza, não pode me esperar apenas um ‘nada’. O que eu vejo e o que vivenciei e experimentei nesses 20 ou 80 anos da minha vida, isso não é tudo. O caminho prossegue!”.
Será que o homem poderia tremer assim diante do “nada” como treme diante da morte? A dor desferida pela morte seria incompreensível, se não existisse em nós alguma coisa imortal, que protesta contra um fim deste tipo. Existe em nós uma força que não quer saber de nenhuma fronteira e que se revolta contra um limite, que é a morte. Onde fica a fonte dessa força?
Será que o homem poderia tremer assim diante do “nada” como treme diante da morte? A dor desferida pela morte seria incompreensível, se não existisse em nós alguma coisa imortal, que protesta contra um fim deste tipo. Existe em nós uma força que não quer saber de nenhuma fronteira e que se revolta contra um limite, que é a morte. Onde fica a fonte dessa força?
Também o homem ateu admite freqüentemente alguma insondável realidade e poder, que transcende a sua vida. Essa realidade não parece “jogada no mundo”, como ele mesmo, mas se mostra como algo que manda, envia e governa. Então, ele fala do “destino”. Mas o que pode ser esse “destino”?
– Uma pessoa crente não enxerga fora da vida humana só alguma força cega, uma potência anônima, mas vê nisso um ser pessoal. Caso contrário, como poderiam ser realizadas nossas esperanças e expectativas pessoais como confiança e amor? Esse ser pessoal se chama Deus. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 35-36)*
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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