Hoje em dia muito se fala e discute sobre o tema da tolerância, em todos os seus sentidos. E isso é muito positivo. A sociedade que quer evoluir, além de assegurar - no espírito da verdadeira democracia - a todos os seus cidadãos os mesmos direitos e deveres, precisa que os mesmos cidadãos respeitem-se mutuamente, aprendendo e demonstrando na prática o respeito e a tolerância em todos os domínios. Na verdade, o sucesso de alcançar um futuro promissor, justo e tranqüilo para todos os cidadãos depende disso. Não se pode construir a paz duradoura e segura com o uso da força, através dos meios policiais e militares, e da violência (se todos respeitassem ao outro – não haveria ladrões, homicidas, corruptos..!). Ao contrário – o uso da força freqüentemente gera ainda mais violência. O caminho para a paz e a esperança de um futuro melhor passa, com toda a certeza - pelo coração de cada cidadão.
“A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.” (Mahatma Gandhi)
Como escrevi numa das postagem anteriores, o mais importante quando se fala da tolerância é que ela deve ser mútua. A sociedade deve fazer esforços para que isso fique muito claro para todos os cidadãos (os meios de Comunicação e Educação deveriam servir para isso como instrumentos eficientes!). Como disse o Gandhi: quando tiver a tolerância mútua, ela se transformará em “ lei de ouro do comportamento”. Numa sociedade democrática, por exemplo, é de suprema importância que se tolere e que se respeite as minorias e garanta os seus direitos. Isso é muito importante e suficiente para garantir a paz e a vida. Mas - e isso precisa ser dito claramente - o direito de ser e viver em paz deve ser respeitado e assegurado para todas as minorias, porém, isso jamais lhes dá o direito de querer impor as suas concepções à maioria. Quem precisa e quer ser respeitado e aceito, deve também respeitar os outros. Esta é a verdade.
O mesmo se refere também à tolerância religiosa. Todos nós, sem exceções, precisamos aprender a ter atitudes respeitosas diante das confissões de fé diferentes da nossa, e saber conviver com as pessoas que são adeptas de outras religiões. Mas, também, isso quer dizer que a tolerância não é o mesmo que a indiferença. Ora, quando não prestamos atenção ou quando refutamos os valores do próximo – as nossas atitudes não são de tolerância. A tolerância para ser autêntica, pressupõe o respeito mútuo e, acima de tudo, o entendimento mútuo. Por outras palavras, a tolerância religiosa (e qualquer outro tipo de tolerância) de uma pessoa são as suas atitudes de respeito e compreensão para com aquilo que é diferente dos seus valores.
É bom também lembrar que a tolerância como capacidade de ouvir e aceitar os outros, compreendendo o valor das diversas formas de entender a vida, nunca pode concordar com as posições de alguém, que atenta contra os direitos de outras pessoas. Pode acontecer, por exemplo, que alguém tenha valores impregnados de preconceito racial ou religioso e visam o extermínio do próximo. Neste caso não significa que uma postura deste tipo possa ser tolerada.
Uma pergunta para cada um de nós: somos tolerantes?
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O texto abaixo fala mais sobre a tolerância religiosa:
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(...) A liberdade religiosa é um dos fundamentais direitos de cada ser humano. Cada um deve ter assegurada a possibilidade de exercer as suas práticas religiosas de forma e modo que considera certas e adequadas, e isso também inclui a forma pública e comunitária. Por isso não se pode proibir e atrapalhar a ninguém viver de acordo com as suas convicções religiosas.
(...) A liberdade religiosa é um dos fundamentais direitos de cada ser humano. Cada um deve ter assegurada a possibilidade de exercer as suas práticas religiosas de forma e modo que considera certas e adequadas, e isso também inclui a forma pública e comunitária. Por isso não se pode proibir e atrapalhar a ninguém viver de acordo com as suas convicções religiosas.
Por outro lado – não é permitido também obrigar alguém a seguir determinadas práticas religiosas. Esta liberdade baseia-se na dignidade da pessoa, o assunto que foi conhecido melhor e aprofundado com decorrer dos séculos. Não podemos negar que nesse campo a própria Igreja Católica nem sempre teve este pensamento e a conduta adequada. O Concílio Vaticano II claramente expressava pesar em relação a esse passado, que não foi condizente com o Evangelho.
A liberdade de religião não significa, no entanto, que ser ou não ser pessoa religiosa deve ser deixado unicamente por conta da ilimitada vontade do homem. Este, como criatura, vive na presença de Deus, que é uma relação analógica à dos filhos com os pais: transforma-se o respeito, amor e obediência em dever natural. Quando alguém reconhece Deus como seu Senhor e Criador, expressará isso também na sua vida, isto é, vai servir a Deus. Justamente aqui começam, no entanto, as restrições dos homens.
Muitas vezes eles aceitam a religião, para – deste modo – satisfazer as “necessidades religiosas”, ou como a base moral para a edificação e consolo do ser humano. Quem assim entende a religião, esse só vai a igreja quando alguma coisa o perturba ou quando o desespero o obriga a rezar. Nos outros momentos da sua vida ele disse: “as celebrações na igreja não me convencem”, “a oração nada me acrescenta”. Neste caso a relação com Deus fica dependendo do sentimento e até do humor da pessoa. É fácil notar que aqui a ordem fica invertida, e o homem ocupa o lugar que é de Deus. E isso é algo ostensivamente anti-religioso. Na religião, porém, em primeiro lugar sempre trata-se de Deus, e, logicamente, em conseqüência toda a vida do ser humano fica impregnada com o conteúdo religioso. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p.49)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me do livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben” e, usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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Muito, muito obrigada o seu post me serviu de grande ajuda para meu trabalho escolar, eu nem sabia como falar.
ResponderExcluirObs: nem uma linha sequer foi copiada na minha redação.
B.K
muito bom mais nao foi tao bem esclarecido como eu estava procurando.Mais mesmo assim obrigada
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