Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 13 de outubro de 2012

Infalibilidade – a garantia do depósito da fé. Como entender?



Uma  das questões  que gera mais polêmicas e críticas em relação a Igreja Católica é, sem dúvida, a palavra infalibilidade¹. A  Igreja é infalível? O papa é infalível? Muitas pessoas não acreditam nisso e  não aceitam uma hipótese desse tipo. Muita gente também nem entende bem de que se trata, porque tem apenas algum conhecimento superficial sobre esta questão. Até entre os católicos encontramos não poucas pessoas que aceitam e acreditam na infalibilidade da Igreja  e do papa, mas não têm muita clareza sobre o assunto e não conseguem explicar a razão da sua fé; simplesmente acreditam.

Mas, afinal, o que significa realmente a palavra “infalibilidade”?  Onde e em quais casos ela  realmente deve ser aplicada?

O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer², fala sobre esse tema com muita clareza e propriedade e pode ser uma boa  ajuda para  qualquer pessoa que deseja dissipar as suas dúvidas em  relação a essa questão.
WCejnog

Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações é aconselhável  ler desde o início todos os seus  textos sobre este assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012  - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html  ).



(15)
A infalibilidade  da Igreja

Somente aceitando tudo aquilo o que foi dito até  aqui, será possível compreender as próximas colocações. Somente quando não se tem dúvidas de que Jesus Cristo continua vivo na sua Igreja, podemos falar da infalibilidade. Certamente já ouvimos essa palavra, sobretudo ligada ao papa, e não  é para se estranhar se ela  provoca a impressão  de arrogância e exagero; a própria formulação também não é a mais feliz. Ademais, logo no início precisamos deixar bem claro que essa característica  primeiramente refere-se à Igreja como toda, e, em segundo plano, ao  ofício do papa. Quase sempre este fato fica  despercebido.

Antes de tudo, precisamos aqui apontar o que não é a infalibilidade:  não significa  que exista  algum ser humano, que não poderia pecar ou enganar-se. Também o papa é homem que tem as  suas  fraquezas e  erros – ele também se  confessa. E também ele pode cometer enganos, até mesmo nos assuntos teológicos. A infalibilidade  não significa também, que a Igreja seria incapaz de tomar decisões erradas; que não pode e nem deveria entrar ainda mais profundamente nas verdades da fé. Não quer dizer também que todas as doutrinas, que num dia qualquer na história,  tiveram seus adeptos na Igreja – foram  livres de erros. Também os pronunciamentos do papa ou documentos e cartas papais, só por serem redigidos pelo papa, não se classificam automaticamente para serem considerados  infalíveis.

Apenas o que a Igreja ensina numa definição dogmática solene, ou no ensinamento ordinário de todos os bispos, que claramente baseiam-se na revelação Divina – constitui o depósito da fé infalível e guardado. Falamos, então, dos “dogmas” (fórmulas da fé, fórmulas de credo). Mas, até mesmo eles estão historicamente condicionados nas suas formulações e, com o passar do tempo, podem ser conhecidos ainda mais profundamente; no entanto – não anulados. Portanto, é  muito estreita a área daquilo, que  pode ser considerado  infalível.

A base sólida que nos autoriza para termos convicção de  que a Igreja nos garante a verdade no que se refere à fé (não que a Igreja  dispõe da verdade e decide nela) está no fato que ela prega a palavra de Deus, e esta não pode levar ao erro. Ademais, a Igreja tem assegurada a assistência do Espírito Santo.  Quem fala na Igreja é Jesus Cristo, “Quem vos ouve, a mim ouve,  e quem vos rejeita, a mim rejeita,  e quem me rejeita, também rejeita aquele que me enviou”  (Lc 10, 16).

Se não pudéssemos confiar na Igreja, quer dizer, que é o próprio Jesus Cristo que continua agindo nela, não poderíamos também ter mais confiança na Bíblia - no Novo Testamento, que certamente surgiu da pregação da Igreja primitiva. Se Jesus Cristo ordena aos homens para escutarem a Igreja, porque nela vai se ouvir as suas palavras, então  também nós, hoje,  podemos confiar plenamente que  essa Igreja em questões essenciais não nos oferece uma doutrina falsa.

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 156-157)³

Continua...
­­­­­­­­­­­­­­­­___________________
¹ Infalibilidade – 1. Qualidade de infalível. 2. Qualidade, privilégio de não poder errar em matéria de fé e de moral.  Fonte: Dic. Michaelis [N. Do T.]

²  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.]


³ Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”. [N. Do T.]

******************

Nenhum comentário:

Postar um comentário