Uma das questões
que gera mais polêmicas e críticas em relação a Igreja Católica é, sem
dúvida, a palavra infalibilidade¹. A
Igreja é infalível? O papa é infalível? Muitas pessoas não acreditam
nisso e não aceitam uma hipótese desse
tipo. Muita gente também nem entende bem de que se trata, porque tem apenas
algum conhecimento superficial sobre esta questão. Até entre os católicos encontramos
não poucas pessoas que aceitam e acreditam na infalibilidade da Igreja e do papa, mas não têm muita clareza sobre o
assunto e não conseguem explicar a razão da sua fé; simplesmente acreditam.
Mas, afinal, o que
significa realmente a palavra “infalibilidade”? Onde e em quais casos ela realmente deve ser aplicada?
O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer²,
fala sobre esse tema com muita clareza e propriedade e pode ser uma boa ajuda para
qualquer pessoa que deseja dissipar as suas dúvidas em relação a essa questão.
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Para poder
acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as
explicações é aconselhável ler desde o
início todos os seus textos sobre este
assunto (começo no dia 03 de agosto de 2012
- http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2012/08/para-entender-o-cristianismo-qual-e-sua.html ).
(15)
A infalibilidade
da Igreja
Somente aceitando tudo aquilo o que foi dito
até aqui, será possível compreender as
próximas colocações. Somente quando não se tem dúvidas de que Jesus Cristo
continua vivo na sua Igreja, podemos falar da infalibilidade. Certamente já
ouvimos essa palavra, sobretudo ligada ao papa, e não é para se estranhar se ela provoca a impressão de arrogância e exagero; a própria formulação
também não é a mais feliz. Ademais, logo no início precisamos deixar bem claro
que essa característica primeiramente
refere-se à Igreja como toda, e, em segundo plano, ao ofício do papa. Quase sempre este fato
fica despercebido.
Antes de tudo, precisamos aqui apontar o que não é a
infalibilidade: não significa que exista
algum ser humano, que não poderia pecar ou enganar-se. Também o papa é
homem que tem as suas fraquezas e
erros – ele também se confessa. E
também ele pode cometer enganos, até mesmo nos assuntos teológicos. A
infalibilidade não significa também, que
a Igreja seria incapaz de tomar decisões erradas; que não pode e nem deveria
entrar ainda mais profundamente nas verdades da fé. Não quer dizer também que
todas as doutrinas, que num dia qualquer na história, tiveram seus adeptos na Igreja – foram livres de erros. Também os pronunciamentos do
papa ou documentos e cartas papais, só por serem redigidos pelo papa, não se
classificam automaticamente para serem considerados infalíveis.
Apenas o que a Igreja ensina numa definição dogmática
solene, ou no ensinamento ordinário
de todos os bispos, que claramente baseiam-se na revelação Divina – constitui o
depósito da fé infalível e guardado. Falamos, então, dos “dogmas” (fórmulas da
fé, fórmulas de credo). Mas, até mesmo eles estão historicamente condicionados
nas suas formulações e, com o passar do tempo, podem ser conhecidos ainda mais
profundamente; no entanto – não anulados. Portanto, é muito estreita a área daquilo, que pode ser considerado infalível.
A base sólida que nos autoriza para termos
convicção de que a Igreja nos garante a
verdade no que se refere à fé (não que a Igreja
dispõe da verdade e decide nela) está no fato que ela prega a palavra de
Deus, e esta não pode levar ao erro. Ademais, a Igreja tem assegurada a assistência
do Espírito Santo. Quem fala na Igreja é
Jesus Cristo, “Quem vos ouve, a mim
ouve, e quem vos rejeita, a mim
rejeita, e quem me rejeita, também
rejeita aquele que me enviou” (Lc
10, 16).
Se não pudéssemos confiar na Igreja, quer dizer, que
é o próprio Jesus Cristo que continua agindo nela, não poderíamos também ter
mais confiança na Bíblia - no Novo Testamento, que certamente surgiu da
pregação da Igreja primitiva. Se Jesus Cristo ordena aos homens para escutarem
a Igreja, porque nela vai se ouvir as suas palavras, então também nós, hoje, podemos confiar plenamente que essa Igreja em questões essenciais não nos
oferece uma doutrina falsa.
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions
Du Dialogue, 1981, p. 156-157)³
Continua...
___________________
¹ Infalibilidade –
1. Qualidade de infalível. 2. Qualidade, privilégio de não poder errar em
matéria de fé e de moral. Fonte: Dic.
Michaelis [N. Do T.]
²
Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg,
Hesse, † 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão,
sacerdote e escritor na aposentadoria.
[N. Do T.]
³ Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados
neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição
no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma
pequena atualização dos dados, quando necessário. O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”. [N. Do T.]
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