Uma breve,
interessante e muito útil reflexão para
o tempo pascal presente.
Foi
publicada no site do Instituto Humanitas
Unisinos (IHU).
Não
deixe de ler.
Wcejnog
Evangelho segundo João 14,23-29
23 Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará
a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa
morada. 24 Aquele que não me ama não guarda as minhas
palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me
enviou. 25 Disse-vos estas coisas enquanto estou
convosco. 26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o
Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o
que vos tenho dito. 27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha
paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se
atemorize! 28 Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a
vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do
Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29 E disse-vos
agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem.
Notícias
Quinta, 02 de maio de 2013
A minha paz vos dou
Após
aquelas do domingo passado, lemos hoje algumas das últimas palavras de Jesus,
antes de sua Paixão. Aos seus amigos, ele promete o Espírito Santo e a paz; a
sua paz!
A
reflexão é de Marcel
Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire,
comentando as leituras do 6º Domingo de Páscoa (5 de maio de 2013). A tradução
é de Francisco O.
Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.
Eis o texto.
Referências bíblicas:
1ª leitura: Atos 15,1-2.22-29
2ª leitura: Ap 21,10-14.22-23
Evangelho: Jo 14,23-29
1ª leitura: Atos 15,1-2.22-29
2ª leitura: Ap 21,10-14.22-23
Evangelho: Jo 14,23-29
A morada de Deus
No
evangelho de hoje, encontramos muitas palavras que nos falam de estabilidade e
permanência. Quem ama mantém-se fiel à palavra do Cristo. E esta
fidelidade será correspondida pela fidelidade de Deus que estabelece
a sua morada naquele que ama. Não pensemos em nenhuma espécie de troca, tipo
dar e receber: o amor que manifestamos é já a presença, a habitação de Deus. A questão da
moradia de Deus
entre os homens é uma constante na Bíblia. O Templo, com o “Santo dos Santos”,
é a imagem da presença permanente e ativa de Deus. Mais tarde, quando o povo exilado
na Babilônia
estiver privado do Templo, a observância da Lei (“fidelidade à Palavra”) será a
morada de Deus.
Desde o princípio do evangelho de João,
esta questão reaparece: “Onde moras?”, perguntam os discípulos, em João 1,38.
Em 2,20, Jesus
fala do “templo de seu corpo”, mas é no evangelho de hoje que encontramos a
resposta definitiva à questão do lugar em que Deus reside: “viremos e faremos nele a
nossa morada”. Mas, uma vez que se trata de amor, do amor unificante de Deus, é todo o corpo
eclesial do Cristo
que é a residência de Deus.
Esta é a nova Jerusalém
de que nos fala a segunda leitura, a cidade santa “descendo do céu” e de que o
centro, o templo, é o próprio Deus.
Cidade a uma só vez fechada, ou seja, protegida, e aberta para todos, pois
guarnecida de portas que dão para todas as direções.
A
nova morada
O
Pai e
o Filho
vêm habitar conosco, entre nós e dentro de nós: notar o plural do versículo 23.
Aí onde está o Filho
encontra-se também o Pai.
Ora, na leitura do evangelho de hoje e em todo o discurso após a Ceia de que
este faz parte, Jesus
nos fala ao mesmo tempo de sua permanência entre nós e de sua partida.
“Enquanto estava convosco”, diz ele, no versículo 25. Mas, no momento em que
está falando, às portas da Paixão, de alguma forma ele já partiu. O que temos,
então, a permanência do residente ou a ausência do que parte? Haveria
contradição nesta passagem do evangelho? Certamente que não, mas até aí a
habitação de Deus
entre nós só podia ser contemplada de fora. O templo era visto do seu pátio,
pois era proibido entrar em seu centro, onde repousava a Arca da Aliança. E o
que havia na Arca?
As tábuas da Lei. Em outros termos, a Palavra de Deus, gravada em
tábuas de pedra expostas num trono situado fora do alcance dos que a ela haviam
de se conformar. Com a vinda do Cristo,
a situação modificou-se com certeza: por ele e nele, Deus habitou o nosso mundo
não mais situado no Templo, mas presente em todo tempo e lugar. No entanto, os
seus discípulos podiam vê-lo fora de si mesmos; ele lhes era exterior. Este
modo de presença é que irá desaparecer. Por ela, o Cristo podia
certamente se achegar aos homens através de seus sentidos corporais; e a
provação de não ver mais nada nem ouvir diretamente será cruel, mas necessária
para que a habitação de Deus
seja perfeita, para que agora ela se passe ao interior de cada um e de todos.
Habitados
pelo Espírito de Deus
Em
1 Coríntios 3,17 e 6,19, Paulo
diz que somos o templo de Deus
e que nossos corpos são o templo do Espírito.
1 Pedro, 2,5 diz aproximadamente a mesma coisa. Se tudo isso se fez invisível
para nós, foi porque dali por diante tudo se tornou um só corpo conosco. Por
isso é que, no mesmo momento em que anuncia a sua partida, Jesus anuncia também
a vinda do Espírito.
Pelo Espírito,
tudo que pertence ao Cristo
e, por conseqüência, a Deus
torna-se nosso e “permanecerá para sempre conosco”. O Espírito não tem
nada de particular a nos ensinar, nenhuma mensagem pessoal, mas irá repetir
para nós tudo o que Jesus
nos disse. Por que esta repetição? Porque temos que ouvir novamente esta ou
aquela palavra de Jesus
em função do que temos que viver. Pelo Espírito,
a palavra de Jesus
deixa o domínio das generalidades para vir se encarnar bem ali, onde nos
encontramos. Por isso, em meio às sugestões e solicitações que nos atacam,
vamos poder discernir a voz do Espírito.
Esta é a voz d’Aquele que nos defende, nos assiste e nos consola, conforme o
sentido mais rico do nome “Defensor”.
Compreende-se que a presença interior do Espírito
possa nos dar segurança e nos trazer a paz. Por isso, no mesmo momento em que
nos anunciou o dom do Espírito,
Jesus
nos disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou.”
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