Hoje,
o ser humano fica muito fascinado com as conquistas da CIÊNCIA e, com isso, com
o progresso cada vez mais veloz da
tecnologia, em todas as mais diversas áreas,
que facilita a sua vida. Esse fascínio, não poucas vezes, passa a ser uma
verdadeira idolatria do “aqui e agora”, do “material e sensível”... Isso
acontece, sobretudo, com as gerações jovens.
Os
nossos jovens, por exemplo, mergulhados nesta realidade, deparam-se com as
diversas “afirmações científicas” proferidas pelos representantes do “mundo
científico” (em muitos ambientes escolares, e, sobretudo, universitários –
notavelmente atéus), que opinam
praticamente sobre tudo, insinuando que “essa é a última palavra”, porque é a ciência que diz! E muitos jovens realmente aceitam isso,
acreditam, sem o necessário discernimento ou crítica.
A
pergunta é esta: a Ciência realmente tem direito para fazer afirmações deste
tipo? E mais, será que o que cada representante do “mundo científico” afirma,
pode e deve ser considerado que isso a própria ciência diz? Como entender isso?
Para
tratar um pouco mais desse assunto,
trago agora para o blog Indagações uma matéria, que foi publicada recentemente
no site da Revista Últimatum On-line. É o texto de Dallas Willard¹ (o texto é o
prefácio do livro Ciência, Intolerãncia e Fé, de Phillip Johnson), muito
interessante e útil para esclarecer as perguntas formuladas acima.
Não
deixe de ler.
WCejnog
09 de maio de 2013
A Ciência e os cientistas
Por ocasião da morte,
nesta quarta-feira, dia 08, do filósofo e escritor cristão, Dallas Willard,
republicamos o prefácio que ele escreveu para o livro Ciência, Intolerância e Fé, , de Phillip Johnson – uma sensata
reflexão sobre a cultura científica contemporânea. No texto, Willard advertia
que “a ciência não diz nada. Ela mesma não pode fazer declarações. Somente os
cientistas dizem as coisas. E estes podem ser surpreendentemente nada científicos
e muitas vezes cometem erros incríveis”. Leia o texto completo a seguir.
Eis
o texto:
Ao
ler este livro, não podemos perder de vista o que realmente está em discussão:
a autoridade que certo “estilo” intelectual e moral conquistou em nossos dias.
É ele que define o que é “aceitável” ou “bem-sucedido” nas atuais instituições
acadêmicas e organizações profissionais. Será que esse estilo tem o direito de
determinar as conclusões definitivas sobre a realidade e a vida da razão?
A
razão é a capacidade humana de determinar, por meio do “pensamento”, o que é ou
não real. Séculos atrás, o pensador honesto tinha de estar disposto a seguir a
pergunta ainda que esta conduzisse a um Universo sem Deus. O mesmo se dá com o
pensador honesto de hoje. Ele tem de se dispor a seguir a pergunta ainda que
esta conduza a um Universo governado por Deus. Atualmente, esta última
possibilidade é o motivo de aqueles que se julgam responsáveis por tudo que é
razoável e certo se tornarem intolerantes e arrogantes. Eles não suportam estar
errados sobre a não existência de um Deus real, pois agora todo o nosso sistema
educacional é baseado nessa suposição, como há algum tempo tinha como base a
hipótese da existência de Deus.
Assim,
como Phillip Johnson explica e ilustra tão bem, a razão vem sendo trocada pela
racionalização. E racionalizar é usar o raciocínio para assegurar que se chegue
ao lugar “certo”. Não faz muito tempo, os intelectuais achavam que o mais
importante era avaliar a conclusão pelo método que fora empregado para se
chegar até ela. Caso o método fosse aprovado, a conclusão receberia aceitação,
mesmo que provisória. Hoje em dia, infelizmente, o que se avalia é se o método
conduz à conclusão “certa”, em conformidade com o consenso institucional
firmado em torno de grandes personalidades. Se não chegamos à conclusão
“correta”, nosso método é errado, e, provavelmente, somos maus. E, sendo assim,
passarão a usar de ironia ao se referir a nós.
É
claro que essa conduta é algo muito antigo na história humana, mas é sempre
difícil identificá-la. As certezas atuais nunca parecem racionalizações, senão,
não seriam convicções contemporâneas. O caráter da racionalização se oculta sob
uma capa de autoridade benigna.
Para
nós hoje, a autoridade é a ciência. A “ciência”, nos disseram, declara isso ou
aquilo. É melhor acreditarmos nisso. Entretanto, a ciência não diz nada. Ela
mesma não pode fazer declarações. Somente os cientistas dizem as coisas. E
estes podem ser surpreendentemente nada científicos e muitas vezes cometem erros
incríveis – como os eventos sempre revelam com o tempo. Além do mais, muitos
porta-vozes da ciência não são cientistas ou não possuem qualificações dentro
da área em que se pronunciam. Contudo, se conseguem assumir de alguma forma uma
aura de “científico”, são capazes de racionalizar à vontade e, com isso, ainda
encontrar quem os ouça.
Phillip
Johnson é implacavelmente lógico. Isso quer dizer que ele insiste que se tenha
uma boa ou, pelo menos, uma mínima evidência para se sustentar uma alegação —
apresentar evidência é contrário ao método que conduz à conclusão chamada
“correta”. Essa característica é irritante, e muitas pessoas se incomodam com
sua insistência na apresentação de evidência. Mas essa persistência é o que,
desde a Antiguidade, caracterizou a obra científica – não um conjunto de
conclusões que deva ser defendido a todo custo. É a evidência que dirige a
“cunha” da verdade.
Na
cultura ocidental de hoje, a questão real é saber quem tem o direito de
estabelecer as normas políticas. O conhecimento confere o direito de agir e de
dirigir. Então, a pergunta se torna esta: Quem pode dizer o que é conhecimento?
Quem consegue definir o conhecimento de forma bem-sucedida, de forma que suas
convicções sejam tidas como conhecimento e as dos outros não o sejam, essa
pessoa conseguirá estabelecer as normas políticas e dirigir a vida humana.
Contudo,
se o indivíduo conseguir definir com sucesso o conhecimento em termos de
“ciência” materialista, não haverá mais conhecimento para nortear a vida, pois
a “ciência” interpretada de forma materialista nada diz sobre como a vida deve
ser vivida. Só pode ajudá-lo se ele já souber como a vida deve ser vivida. É
exatamente isso o que o naturalismo, de forma inconsistente, admite, porque as
“suas” respostas a respeito de como a vida deve ser vivida — e certamente ele
as tem — não podem derivar da ciência que ele proclama ser a fonte de todo
conhecimento. Desse modo, leva-se à racionalização em vez do raciocínio. E
assim, como perspectiva intelectual, tem-se apenas um estilo, sem nenhum
conteúdo.
Ao
ler este livro, examine a evidência e aspire a intelectualidade que mantém a
mente genuinamente aberta.
________
¹Dallas Willard
era filósofo e escritor cristão. Faleceu dia 08 de maio de 2013, vítima de
câncer.
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-ciencia-e-os-cientistas?__akacao=1400014&__akcnt=336438de&__akvkey=2969&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Newsletter+%DAltimas+153+-+14%2F05%2F2013
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