“Tende cuidado; não vos deixeis
enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo
está próximo’. Não os sigais.” (Lc 21,8)
Trago para o blog Indagações
– Zapytania mais uma reflexão muito boa e bem concreta, que deveria servir para
todos nós, os batizados, como convite para uma séria reflexão sobre o papel dos
cristãos no mundo de hoje. De autoria do
padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, foi publicada no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU – Notícias
Sexta, 15 de novembro de 2013.
Tempos de crise
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 21,
5-19 que corresponde ao 33º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Nos evangelhos
recolhem-se alguns textos de caráter apocalíptico em que não é fácil
diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações
das primeiras comunidades cristãs, envolvidas em situações trágicas
enquanto esperam, com angústia e no meio de perseguições, o final dos tempos.
Segundo o relato de
Lucas, os tempos difíceis não hão de ser tempos de lamentos e desalento. Não
é tampouco a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra.
Precisamente em tempos de crise “tereis ocasião de dar testemunho”. É então
quando nos é oferecida a melhor ocasião de dar testemunho da nossa adesão a
Jesus e ao seu projeto.
Levamos já cinco anos
sofrendo uma crise que golpeia duramente a muitos. O ocorrido nestes tempos
permite-nos conhecer já com realismo o dano social e o sofrimento que gera.*
Não terá chegado o momento de avaliarmos como estamos reagindo? Talvez, o
primeiro seja rever profundamente a nossa atitude: Temos nos posicionado de
forma responsável, despertando em nós um sentido básico de
solidariedade, ou estamos vivendo de costas para tudo o que pode perturbar
a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos grupos e comunidades
cristãs? Teremos marcado uma linha de atuação generosa, ou vivemos celebrando a
nossa fé à margem do que está acontecendo?
A crise está abrindo uma
fratura social injusta entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e
aqueles que estão sendo excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não
sentimos o chamado para introduzir alguns “recortes” na nossa vida para poder
viver os próximos anos de forma mais sóbria e solidária?
Pouco a pouco, vamos
conhecendo mais de perto quem vai ficando mais indefenso e sem recursos (famílias
sem rendimento algum, desempregados de longa duração, imigrantes doentes...).
Será que nos preocupamos em abrir os olhos para ver se podemos comprometer-nos
em aliviar a situação de alguns? Poderemos pensar em alguma iniciativa realista
a partir das comunidades cristãs?
Não devemos esquecer que a crise não só cria
empobrecimento material. Gera, também, insegurança, medo, impotência e
experiência de fracasso. Desfaz projetos, afunda famílias, destrói a esperança. Não
teremos de recuperar a importância da ajuda entre familiares, o apoio entre
vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade cristã...?
Poucas coisas podem ser
mais nobres nestes momentos que o aprender a cuidar-nos mutuamente.
___________
* O autor refere-se à
crise na Espãnha, mas o mesmo aplica-se também aos outros
países, e ao Brasil sobretudo. (Nota do blog Ingagações)
Fonte: IHU - Notícias
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