É muito bom o comentário de Asun Gutiérrez Cabriada sobre o
episódio do Evangelho segundo Lucas (19, 1-10), onde
Jesus aborda Zaqueu e pede para se hospedar na sua casa. Penso que cada um de
nós pode aproveitá-lo para fazer uma boa meditação.
Não
deixe de ler.
WCejnog
[No Brasil, as leituras correspondem
à Festa de Todos os Santos e Santas transferida do dia 01 para o dia 03 de
novembro.]
Zaqueu não tem mais que dois méritos:
é curioso e baixinho.
Nada mais. O resto corre por conta de Jesus.
é curioso e baixinho.
Nada mais. O resto corre por conta de Jesus.
Não procura Jesus, Jesus procura-o.
Não se esforça por mudar, Jesus muda-o.
O que compete a Zaqueu é responder,
e não pode menos que responder,
porque Jesus lhe roubou o coração.
porque Jesus lhe roubou o coração.
Sentiu-se reabilitado,
recuperou a consciência da sua dignidade,
foi tratado como uma pessoa, como um filho.
Zaqueu responde como um filho, como uma pessoa.
recuperou a consciência da sua dignidade,
foi tratado como uma pessoa, como um filho.
Zaqueu responde como um filho, como uma pessoa.
E vai a viver dignamente,
porque Jesus lhe devolveu a dignidade.
porque Jesus lhe devolveu a dignidade.
Sentir-se filho, sentir que Deus gosta de mim...
E começar a viver como filho, como Deus espera de mim.
E começar a viver como filho, como Deus espera de mim.
A conversão não é abrandar o juiz.
A conversão é responder ao amor de meu Pai.
José Enrique Galarreta
Naquele
tempo, Jesus entrou em Jericó
e
começou a atravessar a cidade.
O texto, exclusivo de Lucas,
situa-se no final da “secção da viagem”. O caminho da Galileia a Jerusalém
sublinha a dimensão universal da Boa Notícia e vai preparando os acontecimentos
da morte e ressurreição de Jesus. Nesse contexto entra Jesus em Jericó, cidade
comercial e rica.
Na história de Zaqueu se
entrelaçam os principais temas de Lucas: a viagem, a riqueza, a inversão de
valores, o encontro, o hoje da salvação, o desejo de ver, a busca da verdade,
da saúde integral, do sentido da vida, a identidade e missão de Jesus...
Vivia
ali um homem rico chamado Zaqueu,
que era
chefe de publicanos.
Procurava
ver quem era Jesus,
Zaqueu é chefe de cobradores de impostos e rico. Está ao serviço das
forças de ocupação e, segundo o sistema de impostos da época, é alguém que
empobrece o seu povo para seu próprio proveito. É desprezado pela sociedade
judaica, considerado um pecador público. A sua ficha não podia ser pior.
A Jesus, basta-lhe a curiosidade
de Zaqueu para tomar a iniciativa do encontro.
mas,
devido à multidão,
não
podia vê-lo, porque era
de
pequena estatura.
Então
correu mais à frente
e subiu
a um sicómoro, para ver Jesus,
que
havia de passar por ali.
Somos às vezes um obstáculo para
que os outros possam ver Jesus?
Zaqueu, atento à proximidade de
Jesus, quer vê-l’O.
Perante a dificuldade de realizar o seu desejo, não se dá por vencido e, apesar dos obstáculos e dificuldades, vai em frente, em busca duma solução para o conseguir.
Perante a dificuldade de realizar o seu desejo, não se dá por vencido e, apesar dos obstáculos e dificuldades, vai em frente, em busca duma solução para o conseguir.
Quero conhecer Jesus? Que faço
para o conseguir?
Quando Jesus chegou ao local,
olhou
para cima e disse-lhe:
– Zaqueu, desce depressa,
– Zaqueu, desce depressa,
que Eu
hoje devo ficar em tua casa.
Jesus, como em tantas ocasiões,
não pede nem necessita do arrependimento prévio de Zaqueu. Não lhe exige
conversão nem lhe dá conselhos morais.
Jesus autoconvida-se para casa,
para a mesa de uma pessoa rejeitada pela maioria, uma má pessoa para os que se
atrevem a julgar.
Os fariseus excomungam Zaqueu. Jesus vai a comer com ele. Difícil imaginar Jesus rejeitando, proibindo..., sentar à sua mesa as pessoas divorciadas e casadas de novo nem a ninguém que queira conhecê-lo e aproximar-se d’Ele, mesmo que, a princípio, só seja por curiosidade como Zaqueu.
Jesus sabe e demonstra que as pessoas não melhoram com a intransigência e críticas negativas, nem ameaçando-as com proibições, excomunhões e castigos, mas aceitando-as, acolhendo-as e confiando nelas.
Ele
desceu rapidamente
e recebeu Jesus com alegria.
Jesus não se contenta em passar,
quer ficar, alojar-se na nossa vida e, com o seu olhar e a sua Palavra,
incluir-nos, a todos, no projeto amoroso do Pai.
O encontro e o convite de Jesus produz sempre alegria, transforma e muda a vida.
Enche-me de alegria o meu encontro
com Jesus? Como o demonstro?
Ao verem
isto,
todos
murmuravam, dizendo:
– Foi
hospedar-sSe
em cada
de um pecador.
O texto convida a refletir sobre a
própria atitude com os outros. Sou pessoa de bom coração, misericordiosa,
acolhedora..? Ou, pelo contrário, atrevo-me a criticar, julgar, rejeitar com
facilidade, como as pessoas farisaicas que se crêem melhores que as outras e
com direito a murmurar, julgar, excluir, condenar..?
A comunhão de mesa implica comunhão de vida. Comer com um pecador é ir contra a lei, tornar-se impuro. Escândalo e provocação para os que lhes importa mais o cumprimento da lei que as pessoas, para os que se consideram melhores que os outros e não sabem descobrir a misericórdia de Deus tornada presente em Jesus.
Escandaliza-me a atitude de Jesus e a das pessoas que actuam como Ele?
Entretanto,
Zaqueu apresentou-se
ao
Senhor dizendo:
– Senhor, vou dar aos pobres
– Senhor, vou dar aos pobres
metade
dos meus bens e, se causei
qualquer
prejuízo a alguém,
restituirei quatro vezes mais
Jesus não exclui ninguém. O
chamamento de Jesus ao rico é o convite a deixar de o ser, a deixar de
açambarcar e a começar a repartir e a partilhar.
Zaqueu não desaproveita a ocasião da sua vida e entra na lógica do Reino. Recobra a sua verdadeira estatura, a sua dignidade, e manifesta a sua decisão de mudança.
O encontro com Jesus não pode
deixar ninguém indiferente, muda a vida tornando-a mais austera, mais
solidária, mais generosa, mais humana, mais feliz.
Disse-lhe
Jesus:
– Hoje entrou a salvação nesta casa,
– Hoje entrou a salvação nesta casa,
porque
Zaqueu também é filho de Abraão.
Com
efeito, o Filho do homem veio
procurar
e salvar o que estava perdido.
Uma ocasião mais na qual Jesus
mostra, com a sua palavra e com a sua atuação, o retrato de um Deus que acolhe,
liberta, transforma a vida.
De que necessito ser salvo? Comunico a salvação de Jesus?
Como a Zaqueu, Jesus me procura, sai ao meu encontro, olha-me, chama-me pelo meu nome, quer alojar-se em minha casa para a encher e encher-me de luz, alegria, libertação e paz.
És ...
És um Deus de vida e esperança.
Não é inofensivo aproximar-se de
Ti.
Não é uma cortesia inocente
deixar-te entrar, abrir-te a porta,
Mostrar-te a casa e dar-te assento
na sala.
Hóspede inquieto e perigoso, terno
e brincalhão, inteligente e eficaz!
Zaqueu assinou um cheque em
branco.
Acredito em Ti. Acredito que és
capaz de dar a volta à cabeça, ao coração e à vida, a todas as vidas de todas
as pessoas.
Capaz de reformar todos os planos
e desviar todas as rotas.
De abrir novos caminhos. De
oferecer horizontes inéditos.
Acredito que és capaz de te fixar
em quem está no sicómoro;
de te fazeres convidado a comer
por surpresa;
de te hospedares em casa de um
pecador;
de repetir, hoje, a história.
No te faças rogar.
Olha-me como Tu sabes olhar e
faz-te convidado a comer em minha casa.
Ulibarri Fl.
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