“Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu
reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no
Paraíso.” (Lc 23, 42-43)
O Ano Litúrgico está terminando. A
festa de Cristo Rei sempre constitui um marco forte na caminhada das
comunidades eclesiais como também na vida de todos os cristãos. E por ser uma
data especial, também é uma ocasião para fazer uma boa reflexão. O texto do Evangelho segundo
Lucas (23, 35-43) é muito apropriado para isto.
O comentário abaixo é do padre e
teólogo espanhol Josè Antonio
Pagola. Foi publicado no site do
Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
WCejnog
Sexta, 22 de
novembro de 2013
Lembra-te
de mim
A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 23, 35-43 que corresponde a Festa
de Cristo Rei, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Comentário
Segundo o relato de Lucas, Jesus agonizou em meio às zombarias
e ao desprezo daqueles que o rodeavam. Ninguém parece ter
entendido sua vida. Ninguém parece ter captado sua entrega aos que sofrem, nem
seu perdão aos culpáveis. Ninguém viu no seu rosto o olhar compassivo de Deus.
Neste momento, ninguém parece perceber naquela morte nenhum mistério.
As autoridades religiosas caçoam dele com gestos
depreciativos: “A outros ele salvou. Que salve agora a si mesmo. Se é de fato o
Messias de Deus, ‘o Escolhido!’, Deus virá em sua defesa”.
Também os soldados aderem
às zombarias. Eles não acreditam em nenhum Enviado de Deus. Eles riem do
letreiro que Pilatos mandou colocar na cruz: “Este é o Rei dos judeus”. É
absurdo que alguém possa reinar sem poder. Ele deve demonstrar sua força
salvando-se a si mesmo.
Jesus permanece calado, porém não
desce da cruz.
Que faríamos nós se o Enviado de Deus procurasse sua própria salvação fugindo
da cruz que o une para sempre a todos os crucificados da história? Como
poderíamos acreditar num Deus que nos abandonasse para sempre à nossa sorte?
De repente, em meio a tantas
zombarias e desprezo, acontece uma surpreendente invocação: “Jesus, lembra-te de mim, quando
entrares em teu Reino”. Não é um discípulo nem um seguidor de
Jesus. É um dos criminosos crucificados junto dele. Lucas o propõe como exemplo
admirável de fé no Crucificado.
Este homem a ponto de morrer
executado sabe que
Jesus é um homem inocente, que não fez nada mais que o bem para
todos. Intui na sua vida um mistério que escapa dele, mas está convencido de
que Jesus não será derrotado pela morte. De seu coração nasce uma súplica:
somente pede a Jesus que não o esqueça. Só Jesus pode fazer alguma coisa por
ele.
Jesus responde imediatamente: “Hoje
mesmo você estará comigo no Paraíso”. A partir deste momento os dois estão
unidos na angústia e na impotência, mas Jesus o acolhe como companheiro
inseparável. Os dois morreram crucificados, mas entraram juntos no mistério de
Deus.
Em meio à sociedade descrente de
nossos dias, muitos vivem confusos. Não sabem se acreditam ou não acreditam. Quase sem sabê-lo, levam no seu
interior uma pequena e frágil fé. Às vezes, sem entender por
que nem como, sobrecarregados pelo peso da vida, invocam Jesus à sua maneira.
“Jesus, lembra-te de
mim”, e Jesus escuta-os: “Você estará sempre comigo”. Deus tem seus caminhos
para encontrar cada pessoa, e nem sempre é por onde indicam os teólogos. É
decisivo ter um coração que escute a própria consciência.
Fonte: IHU - Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário