Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de novembro de 2013

“Vigiai. Vivei despertos. Tende os olhos abertos. Estai alerta.” – Comentário de José Antonio Pagola. Muito bom!


O comentário abaixo, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, é muito bom.  Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Não deixe  de  ler.

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Mt 24,37-44

Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.

E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o   sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão.  Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.

Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.

IHU – Notícias
Sexta, 29 de novembro de 2013.

Com os olhos abertos 
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
 Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 24, 37-44 que corresponde ao Primeiro Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
  
Eis o texto









As primeiras comunidades cristãs viveram anos muito difíceis. Perdidos no vasto Império de Roma, no meio de conflitos e perseguições, aqueles cristãos procuravam força e alento esperando a pronta vinda de Jesus e recordando as suas palavras: Vigiai. Vivei despertos. Tende os olhos abertos. Estai alerta.

Significam, no entanto, algo para nós as chamadas de Jesus a viver despertos? Que é hoje para os cristãos colocar a nossa esperança em Deus vivendo com os olhos abertos? Deixaremos que se esgote definitivamente no nosso mundo secular a esperança numa última justiça de Deus para essa imensa maioria de vítimas inocentes que sofrem sem culpa alguma?

Precisamente, a forma mais fácil de falsear a esperança cristã é esperar de Deus a nossa salvação eterna, enquanto viramos as costas ao sofrimento que há agora mesmo no mundo. Um dia teremos que reconhecer a nossa cegueira ante Cristo Juiz: Quando te vimos faminto ou sedento, estrangeiro ou nu, doente ou na prisão, e não te assistimos? Este será o nosso diálogo final com Ele se vivemos com os olhos fechados.

Temos de despertar e abrir bem os olhos. Viver vigilantes para ver para lá dos nossos pequenos interesses e preocupações. A esperança do cristão não é uma atitude cega, pois não esquece nunca os que sofrem. A espiritualidade cristã não consiste só num olhar para o interior, pois o Seu coração está atento a quem vive abandonado à sua sorte.

Nas comunidades cristãs temos de cuidar cada vez mais que o nosso modo de viver a esperança não nos leve à indiferença ou ao esquecimento dos pobres. Não podemos isolar-nos na religião para não ouvir o clamor dos que morrem diariamente de fome. Não nos está permitido alimentar a nossa ilusão de inocência para defender a nossa tranquilidade.

Uma esperança em Deus, que se esquece dos que vivem nesta terra sem poder esperar nada, não pode ser considerada como uma versão religiosa de certo otimismo a todo custo, vivido sem lucidez nem responsabilidade? Uma busca da própria salvação eterna de costas aos que sofrem, não pode ser acusada de ser um sutil “egoismo profundo estendido para o além”?

Provavelmente, a pouca sensibilidade ao sofrimento imenso que há no mundo é um dos sintomas mais graves do envelhecimento do cristianismo atual. Quando o Papa Francisco reclama “uma Igreja mais pobre e dos pobres”, está a gritar a sua mensagem mais importante aos cristãos dos países do bem-estar.

Fonte:  IHU - Notícias

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