O comentário abaixo, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, é muito bom. Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Não deixe de ler.
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Mt 24,37-44
Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e
farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os
escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas.
Em verdade vos digo que não passará esta geração
sem que todas estas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não hão de passar.
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.
E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
IHU – Notícias
Sexta, 29 de novembro de 2013.
Com os olhos abertos
A leitura
que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
24, 37-44 que corresponde ao Primeiro Domingo de Advento, ciclo A do
Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o
texto
As
primeiras comunidades cristãs viveram
anos muito difíceis. Perdidos no vasto Império de Roma, no meio de conflitos e
perseguições, aqueles cristãos procuravam força e alento esperando a pronta
vinda de Jesus e recordando as suas palavras: Vigiai. Vivei despertos. Tende os
olhos abertos. Estai alerta.
Significam,
no entanto, algo para nós as chamadas de Jesus a viver despertos? Que é
hoje para os cristãos colocar a nossa esperança em Deus vivendo com os olhos
abertos? Deixaremos que se esgote definitivamente no nosso mundo
secular a esperança numa última justiça de Deus para essa imensa maioria de
vítimas inocentes que sofrem sem culpa alguma?
Precisamente,
a forma mais fácil de falsear a esperança cristã é esperar de Deus a nossa
salvação eterna, enquanto viramos as costas ao sofrimento que há agora mesmo no
mundo. Um dia teremos que reconhecer a nossa cegueira ante Cristo Juiz:
Quando te vimos faminto ou sedento, estrangeiro ou nu, doente ou na prisão, e
não te assistimos? Este será o nosso diálogo final com Ele se vivemos com os
olhos fechados.
Temos de
despertar e abrir bem os olhos. Viver vigilantes para ver para lá dos nossos
pequenos interesses e preocupações. A esperança do cristão não é uma
atitude cega, pois não esquece nunca os que sofrem. A espiritualidade
cristã não consiste só num olhar para o interior, pois o Seu coração está
atento a quem vive abandonado à sua sorte.
Nas
comunidades cristãs temos de cuidar cada vez mais que o nosso modo de viver a
esperança não nos leve à indiferença ou ao esquecimento dos pobres. Não
podemos isolar-nos na religião para não ouvir o clamor dos que morrem
diariamente de fome. Não nos está permitido alimentar a nossa ilusão
de inocência para defender a nossa tranquilidade.
Uma esperança em Deus, que se esquece
dos que vivem nesta terra sem poder esperar nada, não pode ser considerada como
uma versão religiosa de certo otimismo a todo custo, vivido sem lucidez nem
responsabilidade? Uma busca da própria salvação eterna de costas aos que
sofrem, não pode ser acusada de ser um sutil “egoismo profundo estendido para o
além”?
Provavelmente,
a pouca sensibilidade ao sofrimento imenso que há no mundo é um dos sintomas
mais graves do envelhecimento do cristianismo atual. Quando o Papa Francisco reclama “uma Igreja mais pobre e dos
pobres”, está a gritar a sua mensagem mais importante aos cristãos dos países
do bem-estar.
Fonte: IHU - Notícias
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