“Você está com ciúme por que estou sendo
generoso?” (Mt 20,15)
Abaixo, uma reflexão muito boa e atual sobre o
texto Mt 20, 1-16 (Parábola dos trabalhadores chamados a trabalhar na vinha),
do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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- Notícias
Sexta, 19 de setembro de
2014
Não desvirtuar a bondade de
Deus
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
20,1-16 que corresponde ao 25º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o
texto
Jesus, durante
sua trajetória profética, insistiu reiteradas vezes em comunicar sua
experiência de Deus como um “mistério de bondade insondável”
que quebra todos nossos cálculos. Sua mensagem é tão revolucionária que depois
de vinte séculos ainda há cristãos que não se animam a levá-la a sério.
Para contagiar a
todos sua experiência de Deus Bom, Jesus compara sua atuação com a conduta
surpreendente do dono de uma vinha. Até cinco vezes
o próprio dono vai em busca dos novos diaristas para contratá-los para sua
vinha. Não parece estar muito preocupado da rendição no trabalho. O que ele
deseja é que nenhum diarista fique um dia a mais sem trabalho.
Por isso, no
final da jornada, ele não lhes paga adaptando-se ao trabalho realizado por cada
grupo. Apesar de que seu trabalho foi muito desigual, ele entrega para todos
uma moeda de prata: simplesmente aquilo que uma família de camponeses
da Galileia precisava cada dia para viver.
Quando o
porta-voz do primeiro grupo protesta porque os últimos foram tratados da mesma
forma que eles que trabalharam mais que ninguém, o dono da vinha responde-lhe
com estas palavras admiráveis: “Você está com ciúme por que estou sendo
generoso?”. Você vai impedir-me com seus cálculos mesquinhos de ser bom com aqueles
que necessitam de seu pão para jantar?
O que está
sugerindo Jesus? É um Deus que não atua com os critérios de justiça e igualdade
que nós temos? É verdade que Deus, mais que estar medindo os
méritos das pessoas, sempre busca responder desde sua Bondade insondável à
nossa necessidade profunda de salvação?
Confesso que sinto uma
grande pena quando encontro boas pessoas que imaginam Deus dedicado a tomar
nota cuidadosamente dos pecados e dos méritos dos seres humanos
para retribuir a cada um segundo o que ele merece. É possível imaginar um ser
mais inumano que alguém dedicado a isto desde toda a eternidade?
Crer num Deus, Amigo
incondicional, pode ser a experiência mais libertadora que seja
possível imaginar, a força mais vigorosa para viver e para morrer. Pelo
contrário, viver ante um Deus justiceiro e
ameaçador pode converter-se na neurose mais perigosa e destruidora da pessoa.
Devemos aprender
a não confundir Deus com nossos esquemas estreitos e mesquinhos. Não devemos
desvirtuar sua Bondade insondável misturando os rasgos autênticos que provêm de
Jesus com os traços de um Deus justiceiro colhidos do Antigo Testamento. Diante do
Deus Bom revelado em Jesus, o único que cabe é a confiança.
Fonte: IHU - Notícias
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