Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sobre a ditadura do relativismo e pluralismo filosofico. - Artigo de Luiz Fernando dos Santos. Muito atual!



Acho muito interessante e oportuno o artigo de Luiz Fernando dos Santos* sobre a ditadura do relativismo e pluralismo  filosófico no mundo contemporâneo. Muitas pessoas talvez não se dão conta do real perigo que essa corrente filosófica e cultural representa para o ser humano. No entanto, para quem se pergunta pelo futuro das gerações vindouras, essa é uma questão  vital e merece uma análise e reflexão muito séria. De modo especial os cristãos precisam fazer uma auto-crítica, porque a influência dessas ideologias (mencionadas acima) também é capaz  de deformar a sua fé cristã, tornando-a estéril e alienada.

O texto foi publicado na revista Ultimato – Opinião, no mês de setembro de 2014.
Vale a pena ler!

WCejnóg

Ultimato-Opinião

11 de setembro de 2014.

Tolerância e Exclusividade: numa época de muitas escolhas a singularidade de Cristo faz sentido?

Por Luiz Fernando Dos Santos



“Quem tem o Filho, tem a Vida!” (1Jo 5.12).

Vivemos em plena ditadura, a mais cruel das ditaduras e ninguém se dá conta ou reclama. Estamos sob o regime ditatorial do relativismo, do pluralismo radical, daquilo que os eruditos chamam de pluralismo filosófico ou hermenêutico. Este é o mais perigoso e sério desenvolvimento da pós-modernidade, é a postura de que qualquer noção de uma declaração ideológica ou religiosa em particular é intrinsecamente superior a outra é necessariamente errada.

O único credo absoluto é o credo do pluralismo! Nenhuma religião tem o direito de se destacar a si mesma correta ou verdadeira. Mas, nenhuma outra instituição tem o direito de defender verdades universais e absolutas. Não há mais que se falar em ética, mas em muitas éticas, pois há muitas verdades. Tudo depende da percepção, da conveniência e do subjetivo. Esta hermenêutica radical é um processo de desconstrução dos princípios que regeram e fundaram a cultura ocidental sobre os valores judaico-cristãos e até aqui, o que apresentaram no lugar não passou de falácias e o homem não se viu numa condição mais livre, mais feliz ou superior.

Antes pelo contrário, o que assistimos dia a dia é uma cultura do efêmero, dos excessos, da ostentação, do consumismo. Encontramos todos os dias personalidades desintegradas, pessoas sem identidade correndo atrás do sentido da vida fazendo toda sorte de testagens. O ícone pop desta cultura e quem sabe seu melhor intérprete talvez tenha sido mesmo o Raul Seixas e a sua sociedade alternativa com sua metamorfose ambulante. Cada um deve fazer o que “der da telha”, cada um deve viver em contínua transformação e mudança de opinião sem jamais possuir nenhum princípio ou balizamento moral.

A ditadura do relativismo, como em toda ditadura, tem lá os seus mecanismos de coerção. O primeiro deles é consumismo irresponsável e doentio. O Consumismo traz a ideia de que não possuir e não consumir tal bem, Marca ou modelo ‘é não-ser’, não existir socialmente, não poder interagir culturalmente. O consumismo, através do marketing agressivo, gera enormes falsas necessidades apelando para as fraquezas e vulnerabilidades mais expostas das pessoas, de modo que elas desenvolvem verdadeiro pânico de se virem alienadas e não aceitas em seu círculo social. E, para manter cativos os homens gera-se esta cultura vertiginosa de um novo lançamento e uma nova moda (sempre descartável e superficial) a cada semana.

O segundo mecanismo desta ditadura é a indústria do entretenimento pelo entretenimento. As artes, as produções culturais, a TV, o Cinema e a indústria fonográfica não possuem quase ou nenhum interesse em comunicar qualquer sentido à realidade. Nem mesmo se prestam para fazer uma leitura crítica do homem e do mundo. O que desejam é explorar o universo sensorial do homem comunicando algum prazer, na maioria das vezes, explorando a sensualidade através de paixões desgovernadas, bizarras e doentias. Há toda uma indústria que banaliza a violência, a morte e desmistifica a sacralidade da vida em todos os seus estágios, coisificando assim a existência humana e embrutecendo toda uma geração. Mas, este tipo de entretenimento alienante também aportou nas Igrejas Evangélicas. Não poucos púlpitos e programas de cultos também exploram o bizarro e o dantesco manipulando emoções e carências sem nenhum pudor e sem nenhum compromisso ético. Muito da subcultura cristã gospel não produz coisa alguma além de música comercial com letras e melodias que por pouco não são confundidas com mantras.

Neste contexto secularizado, de múltiplas escolhas, de relativismo levado às últimas consequências como viver a nossa fé cristã?

Algumas pistas:

1. Jamais ceder à tentação de uma igreja “Avestruz”. Não podemos, em face de tantos e complexos desafios da cultura contemporânea enfiar a cabeça em um buraco e fingir que não temos nada a oferecer, nada a compartilhar e assumir um papel irrelevante;

2. Não podemos nos deixar capitular à mentalidade da época e assim assumir nosso lugar neste mosaico, neste caldeirão de “muitas verdades” e nos contentar com um discreto papel coadjuvante;

3. Não podemos ser intolerantes e segregacionistas. Não podemos assumir um papel arrogante e sairmos por aí simplesmente acusando, difamando e destruindo reputações. Longe de nós tais coisas;

4. Precisamos sim em amor, com genuíno e desinteressado amor, com lógica racional, apego à verdade e a Justiça, apresentar a exclusividade de Cristo e sua Superioridade sobre as pessoas em primeiro lugar e só depois às suas ideias;

5. Precisamos, na dependência do Espírito Santo, convencer de que não somos os donos da verdade, absolutamente. Mas, servos dela.

O caos do relativismo é a grande chance dos cristãos e da Igreja a partir de sua vida integral e íntegra, apresentar um sistema e um estilo de vida que responda a todas as inquietações do homem e da sociedade. Neste mundo plural a singularidade de Cristo faz todo o sentido!
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É pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP). 



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