Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 13 de setembro de 2014

Olhar com fé o crucificado. – Reflexão de José Antônio Pagola. Muito esclarecedora!


Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3,16)

Abaixo, uma reflexão atual e muito interessante do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre a Festa da Exaltação da Santa Cruz.  É importante indagar sobre o sentido dessa festa nos dias de hoje.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler.
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IHU - Notícias
Sexta, 12 de setembro de 2014

Olhar com fé o crucificado

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 3, 13-17 que corresponde a Festa da Exaltação da Santa Cruz, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto.

A festa que hoje celebram os cristãos é incompreensível e até disparatada para quem desconhece o significado da fé cristã no Crucificado. Que sentido pode ter celebrar uma festa que se chama “Exaltação da Cruz” numa sociedade que procura apaixonadamente o conforto, a comodidade e o máximo bem-estar?

Mais de um perguntará como é possível continuar ainda hoje a exaltar a cruz. Não ficou já superada para sempre essa forma mórbida de viver exaltando a dor e procurando o sofrimento? Temos de continuar a alimentar um cristianismo centrado na agonia do Calvário e das chagas do Crucificado?

São sem dúvida perguntas muito razoáveis, que necessitam uma resposta clarificadora. Quando os cristãos olham o Crucificado, não exaltam a dor, a tortura e a morte, mas o amor, a proximidade e a solidariedade de Deus que quis partilhar a nossa vida e a nossa morte até ao extremo.

Não é o sofrimento que salva, mas o amor de Deus que se solidariza com a história dolorosa do ser humano. Não é o sangue que, na realidade, limpa o nosso pecado, mas o amor insondável de Deus que nos acolhe como filhos. A crucificação é o acontecimento em que melhor nos revela o Seu amor.

Descobrir a grandeza da Cruz não é atribuir não sei que misterioso poder ou virtude à dor, mas confessar a força salvadora do amor de Deus quando, encarnado em Jesus, sai a reconciliar o mundo consigo.

Nesses braços estendidos que já não podem abraçar as crianças e nessas mãos que já não podem acariciar os leprosos nem abençoar os doentes, os cristãos “contemplam” Deus com os Seus braços abertos para acolher, abraçar e sustentar as nossas pobres vidas, quebradas por tantos sofrimentos.

Nesse rosto apagado pela morte, nesses olhos que já não podem olhar com ternura as prostitutas, nessa boca que já não pode gritar a Sua indignação pelas vítimas de tantos abusos e injustiças, nesses lábios que não podem pronunciar o Seu perdão aos pecadores, Deus nos revela como em nenhum outro gesto o Seu amor insondável à Humanidade.

Por isso, ser fiel ao Crucificado não é procurar cruzes e sofrimentos, mas viver como Ele numa atitude de entrega e solidariedade, aceitando se necessário a crucificação e os males que nos podem ocorrer como consequência. Esta fidelidade ao Crucificado não é de dor, mas de esperança. A uma vida “crucificada”, vivida com o mesmo espírito de amor com que viveu Jesus, só lhe espera a ressurreição.

Fonte: IHU - Notícia



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