Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Religião e ciência partilham as mesmas raízes: espanto e admiração. Artigo de Bill Tammeus. Interessante!


"O que a religião pode trazer para o debate é uma abertura ao espanto e à admiração, enquanto os cientistas descrevem como eles acham que as coisas funcionam.' (artigo)

Abaixo, um artigo muito bom sobre a relação entre a ciência e a religião, e vicê-versa. É de autoria do Bill Tammeus*.

A matéria foi publicada pelo National Catholic Reporter no mês de abril de 2014 e, posteriormente, também no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) em maio de 2014.
Vale a pena ler!

WCejnog.


IHU - NOTÍCIAS

Religião e ciência partilham as mesmas raízes: espanto e admiração


"Muito melhor do que a arrogância de Hawking sobre capacidade humana de compreender o infinito é a expressão simples de Mather de admiração e o seu reconhecimento de que a forma deste universo é 'simplesmente muito mais complicada do que nós, seres humanos, jamais iremos compreender propriamente'", escreve Bill Tammeus, presbiteriano e ex-colunista sobre religião do jornal The Kansas City Star, em artigo publicado pelo National Catholic Reporter, 30-04-2014. A tradução de Isaque Gomes Correa.

Eis o artigo.

Há algumas semanas, John C. Mather, que ganhou o Prêmio Nobel de Física, em 2006, deu uma palestra na Universidade Católica da América, em Washington, D.C., sobre as origens e o futuro do universo.

Esta iniciativa fez bem para a universidade, pensei. Que ótima mudança em relação a séculos atrás, quando a Igreja Católica decidia unilateralmente quais eram  os detalhes da origem, do futuro e da forma do universo, às vezes tirando conclusões contrastantes às que os cientistas estavam chegando.

Eu gosto de física, embora descobri que para entender qualquer coisa nesse sentido é preciso saber também de matemática. Tendo presente minha incompetência nesta área, fui para o jornalismo, um campo onde erros matemáticos podem criar embaraços, mas provavelmente não irão resultar na morte inadvertida do mundo.

No entanto, eu ainda não desisti de meu gosto pela física. Ao longo dos anos, escrevi uma quantidade razoável  sobre ciência, em especial cosmologia e física subatômica. Assim, quando fiquei sabendo que Mather iria falar sobre tudo isso à luz das provas recentes que confiram a teoria do Big Bang, fiz uma rápida pesquisa para ver se ele já tinha dito algo publicamente sobre religião.

O que encontrei foi animador, embora o achado não me diga muito sobre se Mather é seguidor desta ou daquela tradição religiosa.

Encontrei uma entrevista dele no site da NASA. Em resposta a uma pergunta sobre as coisas que as pessoas questionam quando fala para grupos religiosos, Mather afirmou: “Temos nossas tradições religiosas que vêm de milhares de anos, e às vezes eu paro e penso: bem, se Moisés tivesse descido a montanha com alguns comprimidos  dizendo: ‘Olhem só: há prótons e nêutrons, e eles são feitos de quarks’, as pessoas não iriam entender. Então ele não falou nada. Estamos descobrindo como realmente é o universo. Ele é completamente magnífico. Creio que minha resposta seja a de um completo espanto e admiração pelo universo em que estamos, e a forma como ele funciona é simplesmente muito mais complicada do que nós, seres humanos, algum dia iremos compreender”.

Esta expressão humilde de admiração é encontrada na raiz da religião. E é uma atitude muito mais atraente do que aquela que o famoso físico Stephen Hawking apresentou em seu livro “Uma breve história do tempo”. Aí, Hawking falou sobre a esperança de se encontrar uma grande teoria unificada de todas as coisas e escreveu que “se descobrirmos uma teoria completa (...), então conheceremos a mente de Deus”.

Muito melhor do que a arrogância de Hawking sobre capacidade humana de compreender o infinito é a expressão simples de Mather de admiração e o seu reconhecimento de que a forma deste universo é “simplesmente muito mais complicada do que nós, seres humanos, jamais iremos compreender propriamente”.

Na verdade, esta é exatamente a atitude que a religião – qualquer que seja a tradição – deve defender. Nós humanos somos naturalmente curiosos a respeito do mundo em que vivemos, e deveríamos nos colocar a explorar e tirar conclusões sobre como as coisas parecem funcionar. Mas imaginar que temos condições de conhecer a mente de Deus, de forma completa, é virar a virtude beneditina de humildade de ponta cabeça.

Minha esperança é que as instituições educacionais religiosas incentivem a exploração científica aberta e honesta, e não uma ciência orientada pela agenda que tenta provar as doutrinas religiosas. Fazer uso das capacidades científicas de alguém para provar que a Terra tem apenas alguns poucos milhares de anos é ir contra a ciência, é andar para trás. A boa ciência busca por provas desta ou daquela hipótese e, então, tira conclusões – e não primeiro tira uma conclusão e, depois, vai à caça de provas para ela.

O que a religião pode trazer para o debate é uma abertura ao espanto e à admiração, enquanto os cientistas descrevem como eles acham que as coisas funcionam.
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Bill Tammeus








* Bill Tammeus é o ex-colunista da seção da Fé no jornal Kansas City Star. Ele veio para The Star em 1970 como repórter, passou quase 27 anos na página editorial do jornal, principalmente a escrever a coluna diária "Starbeams", e depois mudou sua coluna em março de 2004 para a seção de Fé semanal. Formalmente se aposentou em meados de 2006, mas continuou com a seção de Fé como colunista até meados de novembro de 2008. Além do seu blog diário, Bill escreve colunas para o Presbyterian Outlook e na edição online da  National Catolic Reporter.
Bill é ex-presidente da Sociedade Nacional de Jornais Colunistas. Ele é um ancião na Segunda Igreja Presbiteriana em Kansas City. É casado com Marcia Tammeus e tem seis filhos e sete netos. [ In: http://billtammeus.typepad.com/my_weblog/bills-brief-biography.html]

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