“Eu afirmo a vocês que o Reino de
Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do
Reino.” (Mt 21,43)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, sobre o texto Mt 21, 33-43 (Parábola dos “vinhateiros homicidas”), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU - Notícias
Sexta, 03 de outubro de
2014
Crise religiosa
A leitura que a
Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
21,33-43 que corresponde ao 27º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano
Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o
texto
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A parábola
dos “vinhateiros homicidas” é o relato em que Jesus vai
mostrando com traços alegóricos a história de Deus com o Seu povo eleito. É uma
história triste. Deus tinha-os cuidado desde o início com todo o carino. Era a
Sua “vinha preferida”. Esperava fazer deles um povo exemplar pela sua justiça e
a sua fidelidade. Seriam uma “grande luz” para todos os povos.
No entanto,
aquele povo foi repudiando e matando sucessivamente os profetas que Deus lhes
ia enviando para recolher os frutos de uma vida mais justa. Por fim, num gesto
incrível de amor, enviou-lhes o Seu próprio Filho. Mas os dirigentes daquele
povo acabaram com Ele. Que pode fazer Deus com um povo que defrauda de
forma tão cega e obstinada as Suas expectativas?
Os dirigentes
religiosos que estão escutando atentamente o relato respondem espontaneamente
nos mesmos termos da parábola: o senhor da vinha não pode fazer outra coisa que
dar morte àqueles lavradores e colocar a sua vinha em mãos de outros. Jesus
tira rapidamente uma conclusão que não esperavam: “Por
isso Eu vos digo que se tirará a vós o Reino de Deus e será dado a um povo que
produza frutos”.
Comentaristas e
predicadores interpretaram com frequência a parábola de Jesus como a reafirmação
da Igreja cristã como “o novo Israel” depois do povo judeu que,
após a destruição de Jerusalém no ano setenta, dispersou-se por todo o mundo.
No entanto, a
parábola fala também de nós. Uma leitura honesta do texto obriga-nos a
fazer-nos graves perguntas: Estamos produzindo no nosso tempo “os frutos” que
Deus espera do seu povo: justiça para os excluídos, solidariedade, compaixão
para com o que sofre, perdão...?
Deus não
tem por que abençoar um cristianismo estéril do qual não recebe os frutos que
espera. Não tem por que identificar-se com a nossa
mediocridade, as nossas incoerências, desvios e pouca fidelidade. Se não
respondemos às suas expectativas, Deus continuará a abrir caminhos novos ao seu
projeto de salvação com outras pessoas que produzam frutos de justiça.
Nós falamos de
“crise religiosa”, “descristianização”, “abandono da prática religiosa”... Não estará Deus preparando o caminho que torne
possível o nascimento de uma Igreja mais fiel ao projeto do reino de Deus? Não é
necessária esta crise para que nasça uma Igreja menos poderosa, mas mais
evangélica, menos numerosa, mas mais entregue a fazer um mundo mais humano?
Não virão novas gerações mais fiéis a Deus?
Fonte: IHU Notícias
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