Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Crise religiosa. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!


“Eu afirmo a vocês que o Reino de Deus será tirado de vocês e será dado para as pessoas que produzem os frutos do Reino.”  (Mt 21,43)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual,  sobre o texto Mt 21, 33-43 (Parábola dos “vinhateiros homicidas”), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!

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IHU - Notícias

Sexta, 03 de outubro de 2014

Crise religiosa
  
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 21,33-43 que corresponde ao 27º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto



A parábola dos “vinhateiros homicidas” é o relato em que Jesus vai mostrando com traços alegóricos a história de Deus com o Seu povo eleito. É uma história triste. Deus tinha-os cuidado desde o início com todo o carino. Era a Sua “vinha preferida”. Esperava fazer deles um povo exemplar pela sua justiça e a sua fidelidade. Seriam uma “grande luz” para todos os povos.

No entanto, aquele povo foi repudiando e matando sucessivamente os profetas que Deus lhes ia enviando para recolher os frutos de uma vida mais justa. Por fim, num gesto incrível de amor, enviou-lhes o Seu próprio Filho. Mas os dirigentes daquele povo acabaram com Ele. Que pode fazer Deus com um povo que defrauda de forma tão cega e obstinada as Suas expectativas?

Os dirigentes religiosos que estão escutando atentamente o relato respondem espontaneamente nos mesmos termos da parábola: o senhor da vinha não pode fazer outra coisa que dar morte àqueles lavradores e colocar a sua vinha em mãos de outros. Jesus tira rapidamente uma conclusão que não esperavam: “Por isso Eu vos digo que se tirará a vós o Reino de Deus e será dado a um povo que produza frutos”.

Comentaristas e predicadores interpretaram com frequência a parábola de Jesus como a reafirmação da Igreja cristã como “o novo Israel” depois do povo judeu que, após a destruição de Jerusalém no ano setenta, dispersou-se por todo o mundo.

No entanto, a parábola fala também de nós. Uma leitura honesta do texto obriga-nos a fazer-nos graves perguntas: Estamos produzindo no nosso tempo “os frutos” que Deus espera do seu povo: justiça para os excluídos, solidariedade, compaixão para com o que sofre, perdão...?

Deus não tem por que abençoar um cristianismo estéril do qual não recebe os frutos que espera. Não tem por que identificar-se com a nossa mediocridade, as nossas incoerências, desvios e pouca fidelidade. Se não respondemos às suas expectativas, Deus continuará a abrir caminhos novos ao seu projeto de salvação com outras pessoas que produzam frutos de justiça.

Nós falamos de “crise religiosa”, “descristianização”, “abandono da prática religiosa”...  Não estará Deus preparando o caminho que torne possível o nascimento de uma Igreja mais fiel ao projeto do reino de Deus? Não é necessária esta crise para que nasça uma Igreja menos poderosa, mas mais evangélica, menos numerosa, mas mais entregue a fazer um mundo mais humano? Não virão novas gerações mais fiéis a Deus?


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