Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 4 de outubro de 2014

‘Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?’ ( Mt, 21,40) – Comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada. Muito bom!


“Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos.” (Mt 21,43)

É muito bom o comentário bíblico (abaixo) de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Mt 21, 33-43.  A leitura e interiorização deste texto pode ser uma excelente oportunidade para entendermos  melhor a mensagem de Jesus Cristo.
Vale a pena ler!
WCejnog


Obs.: Os interessados podem  ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas de Montserrat. www.benedictinescat.com/montserrat/ . Trabalho muito bonito!

O que se respira junto a Jesus é inusitado, algo verdadeiramente único.
A sua presença tudo enche.
O importante é a sua pessoa, a sua vida inteira, curando, acolhendo, perdoando, libertando do mal,  amando apaixonadamente as pessoas acima de toda a lei, e indicando a todos que o Deus que está já a irromper nas suas vidas é assim: amor insondável e só amor.
Escutam com atenção as parábolas que vai contando pelas aldeias, animando a todos a descobrir um mundo novo.

José Antonio Pagola.
Jesus. Uma abordagem histórica.


Comentário

Escutai outra parábola: Havia um proprietário
que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe,
cavou nela um lagar e levantou uma torre;
depois, arrendou-a a uns vinhateiros
e partiu para longe.

Mateus continua a mostrar o confronto e a tensão crescente entre Jesus e os dirigentes religiosos.
Ausentar-se não significa que o Dono abandone a sua vinha, a história, ou cada um de nós, mas que nos dá um tempo para assumir a nossa tarefa e a nossa responsabilidade no seu projeto; respeitando sempre a nossa liberdade.

Quando chegou a época das colheitas,
mandou os seus servos aos vinhateiros
para receber os frutos. Os vinhateiros, porém,
lançando mão dos servos, espancaram um,
mataram outro, e a outro apedrejaram-no.
Tornou ele a mandar outros servos,
em maior número que os primeiros.
E eles trataram-nos do mesmo modo.

A vinha, na Bíblia, é imagem do que pertence a Deus.
Jesus denuncia-anuncia o destino e a sorte que espera os profetas. Os verdadeiros profetas são sempre caluniados, perseguidos e martirizados, pelos que atuam como se a vinha fosse sua. Como o foi Jesus.

Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho,
dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’.
Mas os vinhateiros, ao verem o filho,
disseram entre si: ‘Este é o herdeiro;
matemo-lo e ficaremos com a sua herança.’
E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha
e mataram-no.

A parábola é dirigida aos dirigentes religiosos, de todos os tempos, que se consideram proprietários da vinha, e a exploram em benefício próprio. Sublevam-se contra o único Dono, perseguem os profetas, lançam fora o Filho, prescindem d’Ele e da sua mensagem e ocupam o seu lugar.
Jesus não denuncia o povo no seu conjunto, as os seus chefes (Joachim Jeremias)

Quando vier o dono da vinha,
que fará àqueles vinhateiros?

Jesus pergunta aos que dirige a parábola e espera resposta.
Com a sua infinita paciência dá sempre uma nova oportunidade  para  mudar de atitude.

Que respondo às perguntas de Jesus?

Eles responderam:
- Mandará matar sem piedade esses malvados,
e arrendará a vinha a outros vinhateiros,
que lhe entreguem os frutos a seu tempo.

Não se fala da destruição da vinha mas de a entregar a outros vinhateiros.
A nova comunidade substitui a que não produz frutos.
A esperança está presente. A obra de Deus continua. Os que se julgam donos da vinha não formam a comunidade que Jesus quer.
Há sempre, e sempre haverá, trabalhadores que partilham o seu pão, o seu tempo, as suas alegrias, as suas penas, a sua valentia, a sua coerência, as suas possibilidades, a sua vida... formando a nova comunidade de Jesus, a que produz, a tempo, os frutos que o mundo necessita. São os novos vinhateiros, capazes de dar fruto.

Para ter claro quais são os frutos que Deus espera, podemos voltar a ler Isaías (primeira leitura): “esperava direito, e damos-lhe violência;  justiça,   e não há mais senão lamentos."
Os frutos, portanto, estão na linha do direito e da justiça.

Disse-lhes Jesus:
- Nunca lestes na Escritura:
 ‘A pedra que os construtores rejeitaram
 tornou-se a pedra angular;
tudo isto veio do Senhor
e é admirável aos nossos olhos’?
Por isso vos digo:
Ser-vos-á tirado o reino de Deus
e dado a um povo que produza os seus frutos.

Jesus fala aos dirigentes religiosos, com argumentos da Escritura, citando-lhes o salmo 118, da qual eles eram peritos. Segundo os sinópticos reagem com ira e preocupação: “os sumos sacerdotes e os fariseus, compreenderam que se dirigia a eles (v.45).

Continuará a ser atual o aviso de Jesus, de que será retirado o Reino aos primeiros destinatários, e será dado aos que derem melhores frutos?

Não será esta a explicação da languidez de muitas comunidades que se julgam cristãs? Não será a consequência do caminho que segue Jesus perante os que defraudam as suas expectativas?

Não será o momento de entregar a vinha a outros vinhateiros, a outras mãos, a outras atitudes, que acolham realmente a Pessoa e a mensagem de Jesus?

É o que Jesus diz que é necessário fazer.


Bem aventuranças dos profetas

Felizes os que denunciam qualquer mal contra um ser humano, onde quer que se encontre.
Felizes os que não só denunciam, mas que também anunciam com as suas palavras, o seu compromisso e a sua vida um futuro de esperança.
Felizes os que tiram do seu coração ser profetas de calamidades, para se converterem em  porta-vozes de boas notícias.
Felizes os que treinam o seu olhar para mostrar as causas e as consequências das ações sociais e políticas que atentam contra os mais desfavorecidos.
Felizes os que contemplam os sinais dos tempos, os refletem e os passam pelo filtro do coração.

... //...                                              
Miguel Ángel Mesa

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