Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 18 de outubro de 2014

Os pobres são de Deus. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem esclarecedora!




“Dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22,21)  - "Poucas palavras de Jesus foram tão citadas como estas. E nenhuma talvez mais distorcida e manipulada a partir dos interesses muito alheios ao Profeta, defensor dos pobres.” – afirma o autor.

Abaixo, uma reflexão bem concreta e muito atual do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola sobre o texto Mt 22,15-22 (o tributo a César).
Penso que a leitura desse texto pode ser uma ótima oportunidade para entendermos  melhor a verdadeira mensagem de Jesus Cristo.
O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).  

Vale a pena ler.

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IHU - Notícias
Sexta, 17 de outubro de 2014

Os pobres são de Deus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22, 15-21 que corresponde ao 29º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Pelas costas de Jesus, os fariseus chegam a um acordo para lhe preparar uma armadilha decisiva. Eles não vão pessoalmente se encontrar com Jesus. Enviam discípulos acompanhados por alguns partidários de Herodes Antipas. Talvez entre eles haja também poderosos arrecadadores de tributos para Roma.

A armadilha está bem pensada: “É lícito pagar imposto a César ou não?” Se ele responde negativamente podem acusá-lo de rebelião contra Roma. Se ele legitima o pagamento dos tributos, ficará desprestigiado diante dos pobres camponeses que vivem oprimidos pelos impostos e são aqueles que ele ama e defende com todas as suas forças.

A resposta de Jesus foi resumida de forma lapidária ao longo dos séculos nestes termos: “Dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Poucas palavras de Jesus foram tão citadas como estas. E nenhuma talvez mais distorcida e manipulada a partir dos interesses muito alheios ao Profeta, defensor dos pobres.

Jesus não está pensando em Deus e no Cesar de Roma como dois poderes que podem exigir cada um deles, em seu próprio terreno, seus direitos a seus súditos. Como todo fiel judeu, Jesus sabe que a Deus “pertence a terra e tudo o que ela contém, o mundo e os que nele habitam” (salmo 24). O que pode ser de César que não seja de Deus? Por acaso os súditos do imperador não são filhos e filhas de Deus?

Jesus não se detém nas diferentes posições que enfrentam naquela sociedade herodianos, saduceus ou  fariseus sobre os tributos a Roma e seu significado: se eles portam “a moeda do imposto” na sua sacola, então que cumpram suas obrigações. Mas ele não vive a serviço do Império de Roma senão abrindo caminhos ao reino de Deus e sua justiça.

Por isso lembra-lhes de algo que ninguém lhe perguntou: “deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Quer dizer, não dar a nenhum César o que é de Deus: a vida de seus filhos e filhas. Como ele já tem dito em outras oportunidades a seus seguidores, os pobres são de Deus, os pequenos são seus prediletos, o reino de Deus lhes pertence. Ninguém pode abusar deles.

Não se deve sacrificar a vida, a dignidade ou a felicidade das pessoas a nenhum poder. E, sem dúvida, ninguém possa sacrificar hoje mais vidas e ocasionar mais sofrimento, fome e destruição do que essa “ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano” que, segundo o papa Francisco, conseguiram impor os poderosos da Terra. Não podemos permanecer passivos  e indiferentes calando a voz de nossa consciência na prática religiosa.


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