Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

“Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, tudo está pronto. Vinde às bodas.” (Mt 22,4) – Comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez.


Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.” (Mt 22,14).

O que, na verdade, Jesus quis dizer com essas palavras? ...
O comentário bíblico de M. Asun Gutiérrez Cabriada sobre o texto Mt 22, 1-14  é  muito bem feito e interessante. É uma excelente oportunidade para entender melhor a mensagem de Jesus Cristo.
Vale a pena conferir!
WCejnog


Obs.: Os interessados podem  ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas de Montserrat. http://www.benedictinescat.com/montserrat  Trabalho muito bonito!


A Palavra de Deus convida ao conhecimento
e à amizade com Ele, à intimidade do banquete.
Em definitivo, convida a “entrar no Reino”, ou seja,
crer só em “Abbá”, comportar-se como filho,
pensar em “nós” mais que no “eu”.
O convite é ao Evangelho, a viver no Reino,
não nas trevas, não no julgamento, não no temor,
não no Sinai, mas no Monte das Bem-aventuranças.

José Enrique Ruiz de Galarreta

Comentário
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se de novo
aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo
e, falando-lhes em parábolas, disse-lhes:

Jesus continua a falar e a denunciar os dirigentes religiosos. Com a parábola dos convidados que não querem ir ao banquete do Rei e são substituídos por outros que em princípio não tinham sido convidados, insiste na mesma ideia dos textos anteriores. Uma nova comunidade deve substituir a que não produz frutos, a que rejeita o o convite.
Jesus fala do que chama “O Reino”, de como é Deus, do que é o importante da relação com Deus e com os outros, que não é uma série de conteúdos teóricos mas um convite a mudar de valores e atitudes, um modo novo de viver.

“Jesus é parábola e narra parábolas” (E.Schillebeeck), e fá-lo de maneira magistral.

O reino dos Céus pode comparar-se a um rei
que preparou um banquete para o seu filho.
Mandou os servos chamar os convidados
para as bodas, mas eles não quiseram vir.
Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes:
‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete,
os bois cevados foram abatidos,
tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles,
sem fazerem caso, foram um para o seu campo
e outro para o seu negócio;
os outros apoderaram-se dos servos,
trataram-nos mal e mataram-nos.
O rei ficou indignado e enviou os seus exércitos,
que acabaram com aqueles assassinos
e incendiaram a cidade.

Jesus apresenta o Reino como um banquete, como uma boda.
Símbolos de amor, amizade, comunhão e felicidade. Quando os nossos “campos”, os nossos “negócios” nos interessam mais que os interesses de Deus, Deus interessa pouco, e por pouco, por qualquer desculpa, se deixa de lado.
Ao Reino vai-se por convite, como a uma boda, como a uma festa.
Quem convoca para o Banquete não manda, convida. O mais profundo de Deus alcança-se e aceita-se por convite.
As coisas mais profundas e essenciais  da vida não se fazem por obrigação nem por dever, mas por livre decisão, por livre resposta a um convite, a uma sugestão, a um olhar, a um sussurro...
  
Disse então aos servos:
‘O banquete está pronto, mas os convidados
não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos canminhos
e convidai para as bodas todos os que encontrardes’.
Então os servos, saindo pelos caminhos,
reuniram todos os que encontraram, maus e bons.
E a sala do banquete encheu-se de convidados.


As desculpas e rejeições não detêm o plano de Deus. O Senhor não suspende o banquete. O convite estende-se a “todos os que Encontrardes”. É universal. Não pelos nossos méritos mas por amor gratuito e incondicional do Pai. Jesus derruba todos os privilégios e todas as barreiras. Os “bons e maus”, os “pobres e aleijados” (Lc 14,21), formam a nova Comunidade.

Apresento o cristianismo como o mais positivo, libertador e gozoso?
Como uma festa digna de se celebrar? Como o mostro?

Converti-o numa série de verdades em que acreditar ou de normas a cumprir ou de estruturas a respeitar?

A minha vida transmite o acolhimento, a alegria, a festa, a ternura, o amor… de Deus?

E sentir-se convidado.
Sentir-se entusiasmado com Deus e com as pessoas.
Sentir-se na Criação como em casa.
Sentir que o tudo de todos é meu e me interessa.
Saber que tudo está por terminar,
mas que cresce, de dentro para fora, e chegará.
Saber que virá: sonhar.
Saber que há que construí-lo.
E sabê-lo, sentir… por Jesus, o Filho
em quem conhecemos o Pai e a nós.

José Enrique Ruiz de Galarreta

O rei, quando entrou para ver os convidados,
viu um homem que não estava vestido
com o traje nupcial e disse-lhe:
‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’
Mas ele ficou calado.

Logicamente, não se trata de um rico traje de ceremonia nem de marca, mas da atitude.
Jesus quer que os convidados e convidadas vistamos de festa: que haja coerência entre o que dizemos acreditar e a nossa vida. Mudar de veste-conversão, requer mudar de mentalidade, sentir a alegria e a confiança de se saber filhos e filhas do Pai e levar o estilo de vida, no meio das alegrias e tristezas, saúde ou doença, gozos ou dificuldades, que Jesus nos ensina com a sua vida.

Que atitudes me faltam para completar o traje adequado para o Banquete?

O rei disse então aos servos:
‘Amarrai-lhe os pés e as mãos
e lançai-o às trevas exteriores;
aí haverá choro e ranger de dentes’.
Na verdade, muitos são os chamados,
mas poucos os escolhidos.

O nosso Deus é um Deus de vida, e não pode permitir que as suas criaturas tenham como destino final a morte nem a infelicidade.
É uma constante no Evangelho que as pessoas que se crêem privilegiadas, na posse da verdade, melhores que as outras, se auto-excluem, fecham a porta da Festa.
Não basta ser chamados – batizados -, há que querer ser escolhidos,
tornando vida a mensagem de Jesus com alegria, sem nenhum temor, porque, ainda que exigente, como a liberdade, a amizade, o amor... é chamamento que conduz à Festa, a Plenitude e à Vida.


Não esqueçais a vida

Quando vierdes, não vos esqueçais da vida,
mantida quente entre os braços.
Não sejais espectadores. A pedaços
não a espalheis pela avenida.
Trazei-a tal qual é, vida vivida:
Dobrada pelo vento e de pancadas
arranhada; esticada também com laços
de paz, de amor, de júbilo presa.
Vinde sem maquilhar. Trazei a dúvida,
o desencanto, o grito de protesto.
Vesti-vos de tudo aquilo que hoje se veste.
Mas chegue a vossa alma bem nua,
com fome de banquete, ânsia de festa,
de par em par aberta à vida nova.

Jorge Blajot

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