Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Curar a nossa surdez. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



“Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: ‘Éfeta!’, que quer dizer ‘abre-te!’.” (Mc 7,33-34)

Abaixo, uma excelente  reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc, 31-37 (Jesus cura o surdo-mudo).
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!

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IHU- Notícias
Sexta, 04 de setembro de 2015.          

Curar a nossa surdez

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 7,31-37 que corresponde ao 23° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto


Os profetas de Israel usavam com frequência a «surdez» como uma metáfora provocativa para falar do encerramento e da resistência do povo ao seu Deus. Israel «tem ouvidos, mas não ouve» é o que Deus diz. Por isso, um profeta chama a todos para a conversão com estas palavras: «Surdos, escutai e ouvi».

Neste enquadramento, as curas de surdos, narradas pelos evangelistas, podem ser lidas como «relatos de conversão» que nos convidam a deixar-nos curar, por Jesus, da surdez e das resistências que nos impedem de escutar a sua chamada para segui-lo.

Em concreto, Marcos oferece no seu relato matizes muito sugestivos para trabalhar esta conversão nas comunidades cristãs.

• O surdo vive afastado de todos. Não parece estar consciente do seu estado. Não faz nada para aproximar-se de quem o pode curar. Por sorte para ele, uns amigos interessam-se por ele e levam-no até Jesus. Assim tem de ser a comunidade cristã: um grupo de irmãos e irmãs que se ajudam mutuamente para viver em torno de Jesus deixando-se curar por Ele.

• A cura da surdez não é fácil. Jesus toma consigo o doente, retira-se para um lado e concentra-se nele. É necessário o recolhimento e a relação pessoal. Necessitamos, nos nossos grupos cristãos, um clima que permita um contato mais íntimo e vital dos crentes com Jesus. A fé em Jesus Cristo nasce e cresce nessa relação com Ele.

• Jesus trabalha intensamente os ouvidos e a língua do doente, mas não basta. É necessário que o surdo colabore. Por isso, Jesus, depois de levantar os olhos ao céu, procurando que o Pai se associe ao seu trabalho curador, grita ao enfermo a primeira palavra que tem de escutar quem vive surdo a Jesus e ao seu Evangelho: «Abre-te».

É urgente que os cristãos escutem também hoje esta chamada de Jesus. Não são momentos fáceis para a sua Igreja. Pede-se que atuemos com lucidez e responsabilidade. Seria funesto viver hoje surdos à sua chamada, não ouvir as suas palavras de vida, não escutar a sua Boa Nova, não captar os sinais dos tempos, viver encerrados na nossa surdez. A força salvadora de Jesus pode-nos curar.
  

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