“Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: ‘Éfeta!’, que quer dizer ‘abre-te!’.” (Mc 7,33-34)
Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e atual, que tem como
pano de fundo o texto bíblico Mc, 31-37
(Jesus cura o surdo-mudo).
É de autoria do padre e teólogo
espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU-
Notícias
Sexta,
04 de setembro de 2015.
Curar a nossa surdez
A leitura que a Igreja
propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Marcos 7,31-37 que corresponde
ao 23° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Os profetas de Israel
usavam com frequência a «surdez» como uma metáfora provocativa para falar do
encerramento e da resistência do povo ao seu Deus. Israel «tem ouvidos, mas não
ouve» é o que Deus diz. Por isso, um profeta chama a todos para a conversão com
estas palavras: «Surdos, escutai e ouvi».
Neste enquadramento, as
curas de surdos, narradas pelos evangelistas, podem ser lidas como «relatos de conversão»
que nos convidam a deixar-nos curar, por Jesus, da surdez e das resistências
que nos impedem de escutar a sua chamada para segui-lo.
Em concreto, Marcos
oferece no seu relato matizes muito sugestivos para trabalhar esta conversão
nas comunidades cristãs.
• O surdo vive afastado
de todos. Não parece estar consciente do seu estado. Não faz nada para
aproximar-se de quem o pode curar. Por sorte para ele, uns amigos interessam-se
por ele e levam-no até Jesus. Assim tem de ser a comunidade cristã: um grupo de
irmãos e irmãs que se ajudam mutuamente para viver em torno de Jesus deixando-se
curar por Ele.
• A cura da surdez não é
fácil. Jesus toma consigo o doente, retira-se para um lado e concentra-se nele.
É necessário o recolhimento e a relação pessoal. Necessitamos, nos nossos
grupos cristãos, um clima que permita um contato mais íntimo e vital dos
crentes com Jesus. A fé em Jesus Cristo nasce e cresce nessa relação com Ele.
• Jesus trabalha
intensamente os ouvidos e a língua do doente, mas não basta. É necessário que o
surdo colabore. Por isso, Jesus, depois de levantar os olhos ao céu, procurando
que o Pai se associe ao seu trabalho curador, grita ao enfermo a
primeira palavra que tem de escutar quem vive surdo a Jesus e ao seu Evangelho:
«Abre-te».
É urgente que os
cristãos escutem também hoje esta chamada de Jesus. Não são momentos fáceis
para a sua Igreja. Pede-se que atuemos com lucidez e responsabilidade. Seria
funesto viver hoje surdos à sua chamada, não ouvir as suas palavras de vida,
não escutar a sua Boa Nova, não captar os sinais dos tempos, viver encerrados
na nossa surdez. A força salvadora de Jesus pode-nos curar.
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