Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 4 de março de 2012

O Tabor - o ponto de partida, não um lugar para ficar.


Hoje é II Domingo de Quaresma. O Calendário Litúrgico nos propõe a leitura o texto  do Evangelho segundo São Marcos que fala  da Transfiguração de Jesus (Mc, 9, 2-10). Certamente é um texto muito conhecido e já ouvimos inúmeros  comentários.

Mesmo assim, trago aqui mais uma reflexão sobre esse acontecimento da vida de Jesus e dos seus apóstolos, que sem dúvida impressiona e comove o leitor. Podemos encontrá-la em PPS, no site das Monjas Benedictinas de Monteserrat.  O texto abaixo é de M. Asun Gutiérrez.
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Assim que começa o caminho da cruz, Jesus já nos propõe 
o destino último deste caminho: a sua glória e a nossa.

Jesus convida-nos ao Tabor, a uma experiência gozosa de Deus, a subir com Ele à montanha,a contemplar a manifestação do Pai.
Subir à montanha, símbolo do imenso e majestoso, supõe elevação, retiro,anseio de limpeza e beleza, silêncio gratificante, oração, paz, esforço,  tensão e superação na subida, luta contra o comodismo, olhar para cima... Sempre mais.

O Tabor é o ponto de partida, não um lugar para ficar. Há que descer à realidade.  A subida, o encontro com Deus, ajuda-nos a eliminar temores, dá-os forças e ânimo para seguir adiante e ser coerentes e consequentes na vida com a nossa fé.

Jesus convida-nos a não nos instalarmos nas nossas tendas de falta de solidariedade, egoísmo, comodidade, rotina...  Anima-nos a descer das nuvens e a nos implicarmos na realidade da vida quotidiana,  a continuar a anunciar e viver a Boa Notícia com rosto alegre e “transfigurado”.
Há que continuar o caminho.  Seguimos Jesus.  Ele precede-nos e nos acompanha.

“Nuvem” para os povos do deserto significa sombra, chuva, vida, alegria, bênção...  Está sempre relacionada com a proximidade de Deus, luminoso, envolvente, maternal.
Agora o Pai não fala só a Jesus: “Tu és meu Filho”. Dirige-Se a todos  nós: “Este é meu Filho”.
Ele é a minha Palavra.  O que diz e o que faz é minha Palavra. Vivei a Palavra de meu Filho  e tornar-vos-eis filhos. Vivei-a, e vos tornareis palavra.  Essa será a vossa transfiguração.

Sei  escutar os outros?
Escuto Jesus em cada pessoa e nos acontecimentos de cada dia?
Sinto-me filho amado em todas as circunstâncias da minha vida?

A Lei – Moisés - e os Profetas – Elias - desapareceram. Só fica Jesus, a sua Voz, a sua Palavra, a sua Pessoa.
Nem sempre é fácil assumir e aceitar que “só Jesus basta”.
Pode resultar mais cômodo e mais fácil substituí-l’O  por outras pessoas, pela lei,o templo, o culto, as imagens, os santos...

O fundamental é que seja Jesus, só Jesus, a luz e o motor da nossa vida.
Não ver nem ouvir mais que a Ele. Ele é o único a quem devemos seguir e escutar.
Jesus não quer que se divulgue o seu messianismo. O horizonte da glória pascal antecipada, só se poderá entender e anunciar à luz da Ressurreição.

O  deserto da Quaresma,  com o seu gozo e sofrimento,  saúde e doença,  amizade e solidão, êxitos e fracassos,  luz e obscuridade... tem como meta a alegria da Páscoa.
Sabemos que o processo termina com a vitória e a gloria de Jesus e a nossa. Tudo conduz à Vida.

Com Jesus e por Jesus, a entrega e a morte têm sentido:  conduzem à ressurreição, à vida plena. O Calvário não é o fim. A luz vence sempre as trevas.

A todos nos oferece, no nosso caminho, momentos de transfiguração. Momentos que nos ajudam a fortalecer a fé, a ativar a esperança, a reavivar o amor, a dissipar dúvidas, a não cair na rotina e o desânimo, a descobrir a solidariedade.

Momentos de plenitude que nos fazem saborear as primícias do Reino.

Sinto que caminho para a plena libertação?


Tabor de cada dia

Quando te esqueceste de ti mesmo,
quando te esgotaste no serviço aos últimos,
quando aceitaste o sofrimento como companheiro,
quando soubeste perder,
quando já não pretendes ganhar,
quando partilhaste o que tu necessitavas,
quando te arriscaste pelo pobre,
quando enxugaste as lágrimas do inocente,
quando resgataste alguém do seu inferno,
quando te introduziste no coração do mundo,
quando puseste a tua vontade nas mãos de Deus,
quando te purificaste do teu orgulho,
quando te esvaziaste de tantos tarecos supérfluos,
quando te sentes ferido...
brilha em ti, grátis, a luz de Deus,
sentes a sua presença irradiando frescura primaveril,
e o seu perfume te envolve e reanima.
Já não necessitas outros tesouros.

Deus te acompanha, te fala, te protege.
Te sentes mergulhado num mar de felicidade...

E não estás nas nuvens,
é um Tabor que se te oferece grátis,
para que desfrutes já o presente
e caminhes firme e sem temores.
   
Ulibarri Fl.

(fonte: http://www.benedictinescat.com/montserrat/indexceramport.html )

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