Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Sobre uma conversa muito interessante


É muito conhecido o texto do Evangelho segundo São João (Jo 3, 14-21), que fala do encontro entre Jesus e o Nicodemos.  São muitas reflexões e interpretações que já ouvimos sobre esse episódio.  Parce  até, que não  há mais nada o que falar.  Mas, mesmo assim, quero trazer aqui um comentário muito interessante, da M.Asun Gutiérrez. 
WCejnog

Os interessados pedem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: 
http://www.benedictinescat.com/montserrat/indexceramport.html



Deus não vem como juiz irado, mas como pai de amor transbordante.
Vem para manifestar a sua bondade e torná-la efetiva.
Vem para introduzir na vida a sua misericórdia
e encher a criação inteira com a sua compaixão.
Jesus comunica a sua própria experiência de Deus,
não o que se vinha a repetir em todo o lado de maneira convencional.
Deus não reserva o seu amor só para os judeus
 nem abençoa só os que vivem obedecendo à lei.
Também tem compaixão dos gentios e pecadores.
Esta atuação de Deus,
que tanto escandalizava os setores mais fanáticos,
 comove Jesus.
Não é que Deus seja injusto ou que reaja com indiferença perante o mal.
O que acontece é que não quer ver ninguém a sofrer.
Por isso a sua bondade não tem limites, nem sequer com os maus.
Este é o Deus que está a chegar.
José Antonio Pagola.

O texto, exclusivo do quarto evangelho - (Jo 3, 14-21), é um fragmento da conversa noturna com Nicodemos. O primeiro intelectual convertido à fé cristã.  Vai até Jesus “de noite“. Pode referir-se tanto à noite física porque não quer que se saiba da sua simpatia por Jesus, como à escuridão interior porque não entende, está perplexo perante os sinais de Jesus.
Jesus  vai falando, a Nicodemos e também a nós, do sentido da vida, de Deus e do seu grande amor pelo mundo, da salvação para todos, da luz e das trevas, de viver na verdade...
Nicodemos não fez a viagem em vão, não saiu defraudado daquele encontro com Jesus.

Falar com Jesus  proporciona sempre luz e paz.

Para explicar a Nicodemos as suas dúvidas depois de lhe dizer que o Filho do homem ia morrer na cruz, Jesus recorre à antiga lembrança de uma serpente de bronze,  elevada sobre um mastro, que surpreendentemente salvou da morte a muitos israelitas (Nm 21, 6-7). Não foram salvos por esse objeto, como por arte de magia, mas “por ti, Salvador universal” (Sb 16, 7).

“Tem que ser levantado” significa, ao mesmo tempo, que Jesus será levantado na cruz e exaltado na ressurreição e glorificação. O amor de Jesus, a sua vida, a sua entrega, são a norma e o exemplo para que o ser humano alcance a sua plenitude. O que cura e dá vida é o amor. O que salva é a vida impulsionada pelo amor aos outros.

Crer é a resposta ao imenso amor de Deus.  A reciprocidade do amor.
Cada gesto, cada palavra de Jesus manifesta como Deus é.
A fá supõe acolher esse amor que nos salva, que nos dá – desde já - a vida eterna.

O amor de Deus é universal, alcança toda a humanidade. O propósito do seu amor é que o mundo, e cada ser humano, tenha vida autêntica. Deus não é quem castiga os nossos erros, mas quem nos salva deles. Não deixa de ser Salvador para se converter em juiz, ao estilo da nossa mentalidade jurídica.

O centro da nossa fé é que Deus, em Jesus e por Jesus, cria, liberta e salva a toda a humanidade;  não o castigo e a condenação.

Não deveríamos repetir isto e escutá-lo mais vezes e com mais claridade?

Jesus não condena ninguém.  Quem não crê “condena-se” a não desfrutar da sorte e da alegria que é acreditar.

A fé e a não-crença é um tema recorrente no quarto evangelho. Crer em Jesus é o maior estímulo e a melhor orientação para viver em plenitude. É sentir-se amado, descobrir novas possibilidades, novas forças, novos horizontes, novo sentido para a vida de cada dia. É ter vida eterna, começar a viver desde agora algo novo e definitivo. É sentir Deus amoroso e próximo que anima e sustenta a nossa vida, tornando-a mais plena, mais feliz e mais livre.
É sentir que agora mesmo nos está a libertar.

As nossas obras revelam o nosso amor pela Luz, a nossa fé em Jesus. Não há luz mais poderosa que a do ser humano que contagia, com as suas palavras e com a sua vida, bondade, alegria e humanidade. Como Jesus.

Esta explicação teológica do evangelista conduz-nos a uma mensagem feliz e definitiva: olhando Jesus sabemos como Deus é.  Jesus revela um Deus que é Pai/Mãe, a melhor Notícia, a resposta ao que mais desejamos: luz, vida, libertação, ternura, acolhimento, compaixão, amor gratuito e incondicional...

*********************

Nenhum comentário:

Postar um comentário