A
reportagem ''Ser cristão não é ser idiota'', diz bispo emérito de Sucumbios, que foi publicada em novembro de 2011 no site IHU,
traz muitas novas informações, que
representam um ‘desabafo’ do bispo Gonzalo López Marañón de Sucumbíos, que
trabalhou durante 40 anos naquela região.
Qual é a avaliação dele dos acontecimentos?
Uma leitura atenciosa dessa
reportagem (abaixo) esclarece muitos detalhes.
Não deixe de ler.
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Notícias
Segunda, 21 de novembro de 2011
''Ser
cristão não é ser idiota'', diz bispo emérito de Sucumbios.
Dom Gonzalo
López Marañón
O bispo
espanhol Gonzalo López Marañón (Medina de Pomar, Burgos, 1933)
"reflete" há pouco mais de um mês em Ávila, um ano e um mês depois de
se ver envolvido em uma polêmica e ter que abandonar a província amazônica de
Sucumbíos (Equador), onde exerceu seu ministério durante quatro décadas.
A
reportagem é da agência Efe, 20-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Esse
carmelita descalço chegou à capital de Ávila no último dia 15 de
outubro, festa de Santa Teresa de Jesus, padroeira da cidade,
para se instalar no Centro Internacional Teresiano-Sanjuanista (CITeS) ou
Universidade da Mística.
Esse foi
o lugar escolhido por López Marañón para "refletir" sobre o
seu futuro, enquanto participa como ouvinte, com cerca de 40 alunos de 20
nacionalidades, do curso "Misticismo e Ciências Humanas".
Nesse
ambiente, ele vai passar os próximos meses até o fim desse seminário, em junho,
durante o qual ele vai decidir qual será seu futuro aos 78 anos, já que, depois
de "40 anos de vida missionária na Amazônia", ele precisa de
"um tempo novo, não vazio", diz.
E isso
depois de se ver envolvido em uma polêmica disputa que dividiu os católicos
daquela província equatoriana, localizada muito perto da fronteira da Colômbia,
depois da sua substituição por Rafael Ibarguren, dos Arautos do
Evangelho, designado pelo Vaticano.
A visão
mais hierárquica da Igreja por parte dessa congregação contrastava com a ideia
dos carmelitas, que apostaram durante as últimas quatro décadas em estruturas
"mais participativas, em vez de uma Igreja tão institucional ou
paroquial", nas quais primavam as "comunidades eclesiais".
Assim
explica Gonzalo López Marañón, que apontando como ele se limitou a
impulsionar as "comunidades eclesiais de base", geralmente integradas
por "pessoas pobres", tal como, em sua opinião, foi decidido no Concílio
Vaticano II e posteriormente na primeira conferência de bispos celebrada em
Medellín (Colômbia).
"Nossa
decisão foi de entrar nesse trabalho de Igreja", lembra o bispo, que
assinala que, quando chegou em 1970 a San Miguel de Sucumbíos, "não
havia nenhuma comunidade nesse estilo" e, quando teve que sair, "toda
a floresta está repleta" delas.
Nesse
sentido, ele resume seu sentimento a respeito: "Quando eu saí, essa é a
minha alegria, minha coroa e minha cruz".
A esse
respeito, ele diz entender que a sua saída forçada dessa região se deveu ao
fato de "cumprir com o que a Igreja tinha decidido" no Concílio
Vaticano II, embora acrescente: "Quando a Igreja toma decisões tão
valentes, isso é bom para os filmes, mas muito mal para a vida".
Da forma
como esse carmelita com sotaque equatoriano vê as coisas, "se essa Igreja
é uma Igreja de comunidades e de leigos, a parte clerical, a parte de cima,
fica um pouquinho preocupada e até pensa que eles estão sendo anulados, e isso
não é verdade".
Além
disso, ele argumenta que, no momento em que "aparecem o homem e a mulher
novos e libertos em Jesus Cristo, o mundo treme, e, na parte que lhe toca, a
Igreja também treme".
López
Marañón entende
que, nesse contexto, ocorreu a sua remoção, embora a mobilização de seus fiéis
tenha obrigado o Vaticano a designar um vigário da Conferência
Episcopal Equatoriana, Dom Ángel Polibio, com o qual, de acordo com
o bispo de Burgos, a situação também não parece "estar
tranquila", já que "a pressão de cima é muito grande".
Em uma
comparação com os pais cujos filhos se tornam independentes, ele se orgulha de
que seus "filhos" do Equador aprenderam a "enfrentar algo
que lhes estava despojado do que a vida lhes dera" e "não se deixaram
humilhar", porque, em sua opinião, e como dizem no Equador, "ser
cristão não é ser idiota".
Perguntado
se voltaria ao Equador, ele afirma que esse não é o seu projeto, já que
essa etapa está encerrada, embora especifique: "Se Deus quiser que eu
volte, eu voltarei, mas se ele quiser que eu vá para o Alasca, eu irei
ao Alasca aos meus 79 anos", assim que finalizar o curso que está participando
em Ávila sobre uma mística que ele foi aplicando em seus 40 anos no
Equador.
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