Embaixo, a quarta (e última) parte do depoimento do atual Prefeito da
Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, que fala sobre o tema da Teologia da Libertação.
A matéria, intitulada ‘Minhas experiências sobre a Teologia da Libertação’,
foi publicada em 18 de setembro de 2012 no Adital. Todas as pessoas que
procuram a verdade sobre o assunto encontrarão aqui muitos valiosos esclarecimentos e
informações.
Não deixe de ler.
WCejnog
18.09.12
- Mundo
[Gerhard
Müller] ‘Minhas experiências sobre a Teologia da Libertação’
Adital
(4)
(...) Incompatíveis com a nossa espiritualidade e a
nossa fé cristã são o racismo e o paternalismo, uma sociedade que se desagrega
em classes mais altas e baixas, que funciona segundo o princípio da lei do mais
forte e com isso se desintegra.
Após tantas décadas de terrorismo e
contraterrorismo à custa de muitos milhares de inocentes, especialmente da
população indígena pobre, criou-se ⁵ a Comissão da Verdade e da
Reconciliação presidida pelo professor Salomón Lerner. Todos vocês conhecem os
resultados das investigações. A dimensão da barbárie posta de manifesto é
estarrecedora.
Só será possível um novo começo radical, com um
desenvolvimento que leve a uma sociedade mais justa e à garantia dos direitos
humanos por parte do Estado. Mas também é necessária uma espiritualidade dos
direitos humanos. A maior aspiração de cada pessoa, no mais profundo de sua
consciência, deverá ser o tomar consciência da responsabilidade do homem diante
de Deus e do espírito de fraternidade. Só assim se poderá limitar a cobiça pelo
dinheiro e pelo poder como fonte de todo o mal. E se a desculpa e a
reconciliação não devem ser concebidas como obra própria, mas como dom divino e
ordem de vida, pode crescer em nossos
corações essa gratidão que apresenta a existência como ser humano para outros
como a medida suprema do humano, das possibilidades de desenvolvimento de cada
pessoa no esplendor do amor de Deus. Deus caritas est, essa é a meta e o
instrumento da libertação e a perfeição do homem ao Deus Trino.
No Peru encontrei dois cristãos nos quais se
simboliza a saudade do povo pela experiência da dignidade imperdível do homem:
Santa Rosa de Lima e São Martinho de Porres converteram-se em amigos queridos
nos quais brilham em sua forma última os objetivos da libertação e da redenção.
Permitam-me concluir estas reflexões com uma prece
a Santa Rosa e a São Martinho para que protejam a Igreja e os peruanos
intercedendo ao Pai celestial e Criador para que Ele nos revele o seu Filho
como o mediador da esperança para a transformação do mundo para a meta mostrada
pelo espírito de Pentecostes: "Em todos eles havia temor, por causa dos
numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os que
abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas
propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a
necessidade de cada um. Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas
casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração.
Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor
acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação” (At 2,
43-47).
____________________________________
Notas:
⁵ Ver
LERNER FEBRES, Salomón; SAYER, Josef (Ed.). Contra el olvido Yuyanapaq. Informe
de la Comisión para la Verdad y la Reconciliación Perú, 2008.
Gerhard Ludwig Müller
(nasc. 31 de Dezembro de 1947) é arcebispo
Católico e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, nomeado pelo
Papa Bento XVI, 02 de Julho de 2012).
Nenhum comentário:
Postar um comentário