Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

4. Todos devemos passar pela morte. A questão do julgamento. Como entender a doutrina cristã?



Prossegue a reflexão sobre o tema da morte e do destino final de cada ser humano. A Bíblia em diversas passagens fala do julgamento, pelo qual deverá passar todo homem, quando chegar ao fim da sua vida aqui, na terra. Como entender essa verdade da doutrina cristã e o ensinamento da Igreja católica? Como interpretar as expressões bíblicas, que  nos falam do juízo final? Qual é a mensagem principal?

O texto abaixo, de autoria de Ferdinand Krenzer¹, fala do assunto de uma maneira bem interessante.
Não deixe de ler.
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Para poder acompanhar com facilidade a reflexão do autor e aproveitar ao máximo as explicações seria bom ler desde o início todos os seus textos sobre este assunto (é uma série de 11 textos publicados aqui, no  blog Indagações, com o começo no dia 29 de janeiro de 2013  - http://indagacoes-walenty.blogspot.com.br/2013/01/sobre-morte-o-que-sabemos-no-que.html  ).

 (4)

O homem será julgado

Como será que imaginamos o julgamento que, segundo a doutrina cristã, espera todo ser  humano após a sua  morte? Paulo, na 2ª Carta aos Corintios, escreve: “Pois teremos todos de comparecer perante o tribunal de Cristo. Aí cada um receberá segundo o que houver praticado pelo corpo, bem ou mal” (1Cor 5, 10).
Muitos, talvez, pensam em algum tribunal, diante do qual o morto será apresentado para ser julgado por Deus. Outros ainda, talvez,  imaginam um livro aberto, no qual estão escritos todos os dados da nossa vida. Todavia, tudo isso apenas nos conscientiza que  o ser humano precisará prestar as contas da sua vida. Ou seja, a última palavra  não pertence à arrogância e à injustiça. Existe uma instância que  zela pela lei.

A Bíblia diz, sobretudo, que  Deus quer realmente salvar o ser humano, e não está interessado em condená-lo. Evangelista João escreve: “Deus amou tanto o mundo que entregou o Filho Unigênito para que todo aquele que  crer nele, não pereça mas tenha a vida eterna. É que Deus enviou o Filho ao mundo, não para julgar e  sim para salvar o mundo. Quem crê nele não é julgado, e  quem não crê, já está julgado, porque não creu no nome do Filho Unigênito de Deus.[...]” (Jo 3, 16 ss); no Evangelho segundo Lucas lemos: ”Pois o Filho do homem veio procurar e  salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10), e São Paulo escreve: “Ele  deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Porque um é Deus, um também o mediador entre Deus e os homens, um homem: Cristo Jesus, que se entregou para redenção de todos.” (1Tm 2,4-6).

Isto, se o homem alcança ou não o objetivo da sua vida, depende dele mesmo. No momento da morte ele chega a conhecer-se, a si próprio, plenamente, e esse conhecimento é privado de qualquer fingimento.  Fica claro cada detalhe, e também a totalidade da vida, feita de todas as decisões pormenores.  O homem, nesse olhar geral sobre a sua vida, vê claramente o que fez certo, ou o que fez errado. Assim, para o ser humano o julgamento é, em primeiro lugar, sobre si mesmo. Simultaneamente realiza-se também o julgamento de Deus – na  medida que o homem claramente chega a conhecer a Deus e as suas exigências.

A Bíblia também esclarece que  o julgamento do homem não tem lugar só depois da sua morte, mas já agora, em sua vida. No Evangelho segundo Lucas lemos: ”Não julgueis e não sereis julgados;  não condeneis e não sereis  condenados; absolvei e sereis absolvidos. Dai, e vos será dado: uma  medida boa, apertada, sacudida, transbordante vos será colocada no regaço. Pois a medida com que medirdes, será usada  para medir-vos” (Lc 6, 37-38), e no evangelho segundo Mateus está escrito: “E eu vos digo: de toda palavra  fútil que os homens falarem, terão de dar contas no dia do juízo. É que  serás justificado  ou condenado por tuas palavras” (Mt 12, 36-37). Portanto, praticamente será confirmado após a morte o julgamento, que o ser humano realiza  com a sua conduta diária. O juízo de Deus é só uma assinatura debaixo das decisões da consciência do homem.

 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 348-349)²

Continua... 
(a próxima parte (5) - Existe o ppurgatório - foi postada no dia 03 de novembro de 2014).
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¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.]

²  Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”. [N. Do T.]




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