Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Transfiguração. “O determinante e fundamental é que seja Jesus, só Jesus, a luz e o motor da nossa vida” – uma reflexão.



Transfiguração de Jesus.  O texto que narra esse episódio é do Evangelho segundo Lucas, e  é muito conhecido.  Mas é bom refletirmos novamente sobre ele, pois a sua mensagem, quando interiorizada, pode tornar-se transformadora também em relação a nossa vida cotidiana, tão  cheia de  sombras, dúvidas, desânimos e lutas...

O comentário abaixo, de autoria de M. Asun Gutiérrez Cabriada, é uma reflexão maravilhosa sobre esse texto bíblico.
Não  deixe de ler.
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[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom2qC13port.pps    Trabalho muito bonito!]
A oração é a  manifestação da relação com Deus:
é expressar de algum modo a Deus a admiração, a queixa, o agradecimento, a confiança e todos os sentimentos.
É estar atento à voz silenciosa de Deus.
É submergir-se na presença bendita e oculta de Deus.
É “estar” sem mais com Deus ou em Deus...
Jesus converteu toda a sua vida em oração.
A oração de Jesus consistia em viver “perante Deus e com Deus” todo o que vivia.
Nisso deveria consistir a nossa oração.



José Arregi

  
Evangelho  Lucas 9, 28b-36

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte,  para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto, e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente.
Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém.
Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele.
Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus:
«Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».  Não sabia o que estava a dizer.
Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem.
Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».
Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.


Comentário
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago
 e subiu ao monte, para orar.
Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto,
e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente.

Lucas é o único evangelista que assinala o detalhe de que Jesus subiu à montanha para orar; e que “enquanto orava” transfigurou-se-lhe o rosto.
A oração sossegou o espírito de Jesus, dissipou toda a sombra e encheu de luz o seu interior e o horizonte do seu caminho.
A oração produz esses mesmos efeitos em mim?

Jesus convida-nos ao Tabor, a uma experiência gozosa de Deus.
Subir à montanha, símbolo do imenso e majestoso, supõe elevação, retiro, anseio de limpeza e beleza, silêncio gratificante, oração,  paz, esforço, tensão e risco na escalada, luta contra a comodidade, superação...  Sempre mais.

Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias,
que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus,
que ia consumar-se em Jerusalém.

“Êxodo” é uma palavra carregada de sentido: é a libertação de toda a escravidão, o início de uma saída e de um caminho que conduz à Páscoa, um caminho para a liberdade, é alcançar a Terra Prometida.
Para Jesus é a sua paixão, morte, ressurreição, a sua passagem definitiva para os braços do Pai.
A morte aparece a Jesus, e a nós, como um sinal transfigurado
e começa a ser vista por Ele como caminho e plenitude para a “glória”.
O final não é o Calvário, mas o Tabor. 

Pedro e os companheiros estavam a cair de sono;
mas, despertando, viram a glória de Jesus
e os dois homens que estavam com Ele.

É necessário estar despertos para escutar e ver Jesus.
Ao começar o caminho da cruz, Jesus mostra-nos o que nos espera:
a sua glória e a nossa.  A cruz e a morte não têm a última palavra, mas a glorificação, a vida plena.
A todos se nos oferecem momentos, experiências luminosas e pessoas que são luz no nosso caminho.
Hoje temos a oportunidade de as valorizar, de as reviver, de saborear a sua presença, de lhes agradecer...

Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus:
«Mestre, como é bom estarmos aqui!
Façamos três tendas: uma para Ti,
outra para Moisés e outra para Elias».
Não sabia o que estava a dizer.

A visão termina cedo e deixa os discípulos frente à realidade quotidiana.
O encontro com Deus não só não impede, mas leva ao encontro
com os irmãos.
As experiências espirituais não são para nos separar da realidade
mas para nos dar luz e força para enfrentar em toda a sua profundidade, a mensagem, o caminho e a causa de Jesus.
Para isso teremos que superar a tentação de nos conformarmos com o que fazemos, de nos instalarmos, como quis Pedro, nas nossas pequenas tendas do egoísmo, da comodidade, da falta de solidariedade...
Não é possível parar na caminhada do seguimento de Jesus.

Enquanto assim falava, veio uma nuvem
que os cobriu com a sua sombra;
e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem.
Da nuvem saiu uma voz, que dizia:
Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O».

“Nuvem” para os povos do deserto significa sombra, chuva, vida, alegria, bênção.  Está sempre relacionada com a proximidade de Deus luminoso, envolvente e maternal.
A voz já não se dirige  só a Jesus –”Tu és...”-,
mas a todos nós –”Este é...- É nossa missão contemplar Jesus e escutá-l’O, aprender o seu estilo e o seu Evangelho, vivê-lo e comunicá-lo.
Que faço para conhecer melhor e  tornar vida a mensagem de Jesus?
Escuto a sua voz em cada pessoa e nos acontecimentos de cada dia?
Sinto-me filho amado em todas as circunstâncias da minha vida?

Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho.
Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias,
a ninguém contaram nada do que tinham visto.

A lei (Moisés) e os profetas (Elias), representam toda a historia bíblica. No final do relato Lucas diz que “Jesus ficou sozinho”.
Nem sempre é fácil assumir e aceitar que “só Jesus basta”.
Há pessoas que dão mais importância na sua vida à lei, ao templo, ao culto, às imagens, aos santos, aos que consideram representações de Deus... 
O determinante e fundamental é que seja Jesus, só Jesus, a luz e o motor da nossa vida.



 Resplandece em mim



Senhor, ajuda-me a espalhar a tua fragrância aonde eu for.
Resplandece através  de mim e sê em mim,
para que todas as almas que por mim passarem
sintam a tua presença na minha alma.
Deixa que levantem o olhar
e já não me vejam a mim, mas a ti, Senhor.
Fica comigo e começarei a brilhar como Tu brilhas,
com um brilho que iluminará os outros.
E essa luz, Senhor, sairá de ti, não será minha:
serás Tu, iluminando os outros através de mim.
(...) Deixa que pregue sem pregar, não através da palavra,
mas do meu exemplo, de uma força arrebatadora,
a influência da compaixão no que faço,
a patente plenitude que o amor do meu coração Te professa.

 J.H.Newman 


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