Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A pesca milagrosa. “Eles deixaram tudo e seguiram Jesus.” Uma breve reflexão.



Episódio narrado no Evangelho segundo Lucas:
Jesus, utilizando um barco estacionado perto da praia, ensina às multidões.  Em seguida, pondo  à prova a confiança do Simão e seus companheiros pescadores, convida-os a lançarem rede em alto mar. Atenderam ao seu pedido apesar de terem motivos de sobra para não acreditar no sucesso: ainda pouco voltaram de uma investida frustrada – durante a noite toda não apanharam nada!
A pesca milagrosa deixou todos eles surpresos e cheios de medo. O Simão mostra-se sincero, e confessa: “Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador”.   Jesus, então, chama esses pescadores  para trabalharem para ele – para o seu Reino. E eles não tem mais dúvidas: deixam tudo e seguem Jesus.

O comentário abaixo, de M. Asun Gutiérrez Cabriada, é uma maravilhosa reflexão sobre o  episódio descrito acima.
Não  deixe de ler.
WCejnog
[Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom5C13port.pps    Trabalho muito bonito!]





A nós, que não somos pescadores, Jesus poderia dizer:
“Farei de vós cristianizadores de homens (e mulheres).
Quero que vades e anuncieis às pessoas
que foram criadas para ser felizes,
e que essa felicidade a vão encontrar se conformarem as

 suas vidas aos valores do Evangelho.
Ou seja, se compreenderem o que é que lhes dá sentido,
o verdadeiramente importante,
qual  é o modo de comportamento que proporciona alegria,
o que intuímos que acontecerá quando chegar

 o momento de dar o último suspiro de felicidade.

José Luis Cortés


  Evangelho segundo São Lucas (5, 1-11)



Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-se
e do barco pôs-se a ensinar a multidão.
E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.
Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos, de tal modo que quase se afundavam.
Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-lhe:
«Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador».
Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão.
Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens».
Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.




Comentário
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir
a palavra de Deus. Ele encontrava-se na margem do lago de Genesaré
e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado
 os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, 
que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. 
Depois sentou-se e do barco pôs-se a ensinar a multidão.

Jesus ensina a partir do lugar de trabalho quotidiano de uns pescadores. A barca é o seu púlpito. A palavra de Jesus congrega, chama a atenção e atrai. 

Quando acabou de falar, disse a Simão:
Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
Respondeu-lhe Simão:
Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos;
mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.

Saía-se para a faina durante a noite e Jesus pede-lhes que lancem as redes de manhãzinha.  Os pescadores confiam, mesmo sendo-lhes pedido algo contra toda a lógica. Seguindo as indicações de Jesus, uma noite de trabalho infrutuoso e de redes vazias converte-se num amanhecer de redes a transbordar.
Na quotidianidade da nossa vida, se escutarmos Jesus: “rema mar adentro e lança as redes”,  iremos tornando possível que o projeto de Jesus seja conhecido e, sobretudo, desfrutado, por todas as pessoas que encontremos no caminho. E também, como fez Jesus, descobriremos, atenderemos e denunciaremos a situação dos que se vêem obrigados a ficar na “praia” da dignidade, da justiça..., pelas injustas diretrizes que os poderosos da sociedade impõem.

Eles assim fizeram e apanharam tão grande
quantidade de peixes que as redes  começavam a romper-se.
Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco,
para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos
 os barcos, de tal modo que quase se afundavam.

Sem Jesus, é a esterilidade. Com Ele, a fecundidade surpreendente. "Sem mim, não podeis fazer nada". Jesus é quem chama e dá tarefas, o que sustém e dá a força para levar avante a tarefa.
Necessitamos também da ajuda dos outros, viver com generosidade partilhada, ajudando e deixando-nos ajudar.

Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-lhe:
Senhor, afasta-te de mim, que sou um homem pecador.
Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e
 de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada.
 Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu,
que eram companheiros de Simão.

Conhecer Jesus e a sua Boa Notícia conduz  ao seguimento:  
remar  -  ao compromisso;
ir mar adentro  -,  à confiança;
lançar as redes -,   à necessidade dos outros - pescadores de outra barca.
O encontro com Jesus, fiar-nos na sua palavra, ajuda-nos a rever a nossa vida, a aprofundar o que somos e o que fazemos.
Crer n’Ele é saber que somos aceitos, acolhidos, queridos  sempre e incondicionalmente,  mesmo que, às vezes, não confiemos em  Jesus sentindo-nos não aceitos.

Jesus disse a Simão: Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens.

A Palavra de Jesus é sempre um bálsamo.
A Palavra de Jesus consola e sossega, elimina toda a espécie de medos e de culpas.
Diz-me: não tenhas medo, não temas, és uma pessoa nova.
Não temas, és meu amigo, meu colaborador, minha colaboradora.
Não temas, estou sempre contigo, para te ajudar a libertar e tornar mais fácil  e mais feliz a tua vida e a vida dos outros.

Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.

Começou o Reino, começou a hora dos que crêem e confiam em Jesus. É um convite a anunciar o Reino, curar, levar o perdão, a libertação, a alegria e a paz, a partir da vida de cada dia.
Anunciar o Reino, deixar tudo, não é um conselho evangélico para um grupo reduzido ou para um determinado estado de vida, é missão e condição indispensável para todos os seguidores e todas as seguidoras de Jesus.
Esse “deixar tudo”, o egoísmo, a falta de solidariedade, a rotina..., todo o supérfluo e  não necessário, tudo o que nos impeça crescer e ser livres, vamo-lo realizando dia a dia, na medida em que vamos integrando os valores do Reino na nossa vida quotidiana.



Dou-Te graças, Senhor de todo o coração (Salmo 137)

Com toda a minha alma, graças, Pai.
Por teu carinho envolvente, graças,
por tua presença e palavra, graças,
por teu respeito e paciência, graças.
Que todo o meu coração Te dê graças
e que chegue a ser isso, ação de graças.

Estendes o teu braço e me salvas.

Abres a tua mão e chovem os dons.
Sinto o toque acariciante dos teus dedos
e todo o meu ser estremece.
Cada dia me chega o beijo da brisa que é teu,
o presente do teu pão que eu partilho,
a alegria da flor que é tua beleza.

Senhor, a tua misericórdia é eterna, infinita,
não abandonas a obra mais pequena das tuas mãos.



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