Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Início da Quaresma. “Bendito sejas, Pai, por este tempo tão propício!” – uma boa reflexão.



Começa o tempo litúrgico da Quaresma. O trecho do Evangelho segundo Lucas fala das tentações que Jesus sofreu durante os 40 dias, no deserto. O que isso tem a dizer para nós, cristãos de hoje?

Para quem estiver interessado em fazer uma boa reflexão sobre  esse texto e  interiorizar a mensagem profunda que ele contêm, trago para o blog Indagações o comentário de M. Asun Gutiérrez Cabriada. 
Não  deixe de ler.
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 [Os interessados pedem ler esse texto em apresentação de PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: 
Quaresma é o tempo que vem e vai,
Tempo para ser vivido em caminho,
sem se instalar, sem ser retido, sem lamento,
com a esperança sempre à flor da pele
e o olhar fixo em outro tempo,
a Páscoa, que é definitiva.


Florentino Ulibarri 



Evangelho segundo Lucas (4, 1-13)



Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome.  O Diabo disse-lhe:

«Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão».
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’».
O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-lhe num instante todos os reinos da terra e disse-lhe:
«Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu».
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’».
Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-lhe:
«Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’».
Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo. 

 Comentário

 Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-se
das margens do Jordão. Durante quarenta dias,
esteve no deserto, conduzido pelo Espírito,
e foi tentado pelo Diabo.  Nesses dias não comeu nada e,
 passado esse tempo, sentiu fome.

O Espírito é protagonista na vida de Jesus.  O Espírito é quem O leva ao deserto. Não é uma cilada, mas algo que responde ao plano amoroso de Deus.

O deserto é lugar de busca, de discernimento, de austeridade, de silêncio, de escuta, de descanso, de oração.  Lugar de misericórdia e de amor:  “De ti recordo o teu carinho juvenil, o amor do teu noivado, aquele teu seguir-me pelo deserto” (Jr 2,2).
Podia ser uma alternativa neste tempo quaresmal procurarmos um pouco de deserto? Desfrutar momentos, reflectindo em silêncio, buscando o encontro connosco mesmos e com Deus?

A Jesus, o Espírito O faz sentir fome de serviço, de humildade, de entrega, de compaixão, de justiça, de confiança...Também a mim?

O Diabo disse-lhe:  Se és Filho de Deus,
manda a esta pedra que se transforme em pão».
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’».

As tentações tentam oferecer a Jesus um caminho triunfalista. Utilizar o milagre fácil em proveito próprio. O objectivo é que Jesus actue à margem do plano de Deus.  Jesus ensina-nos que as tentações não se evitam: atravessam-se e superam-se. Demonstra-nos que não são a sedução do mal, mas a prova, a comprovação da fidelidade. É a ocasião de amadurecer, de ser pessoas mais realistas, mais fortes, mais compassivas, mais compreensivas. É  a oportunidade de voltar ao Evangelho, de sentir de novo o fascínio dos gestos e das palavras de Jesus. 
De que vivo? Qual é o meu alimento para amadurecer e para crescer?

O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-lhe 
num instante  todos os reinos da terra e disse-lhe: 
 «Eu Te darei todo este poder  e a glória destes reinos,
  porque me foram confiados 
e os dou a quem eu quiser.
Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu».
Jesus respondeu-lhe:  
 «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus 
adorarás, só a Ele prestarás culto’».

É a tentação do desejo de domínio, da sede de poder, o desejo de submeter os outros, de exigir obediência.
A alternativa que Jesus propõe a esta tão frequente tentação  é o serviço:”estou entre vós como aquele que serve”.
No lava-pés deixa-nos em testamento a forma de exercer o poder.
Adorar só a Deus torna-nos pessoas livres, fraternas e felizes.

Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre
 o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus,
atira-Te daqui abaixo, porque está escrito:
‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito,
para que Te guardem’; e ainda:
‘Na palma das mãos te levarão, para que não
 tropeces em alguma pedra’».
Jesus respondeu-lhe: «Está mandado:
 ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».

Continua a ser atual a tentação de tentar utilizar Deus, de querer ser como Deus, tratar de fazer um Deus à nossa medida.
A tentação da arrogância, dos privilégios, do poder, da prepotência, do prestígio... pode apresentar-se até baseando-se na Escritura.
Jesus não nasceu para que os anjos O levem  em bolandas, mas para abraçar,  tocar leprosos, curar feridas, libertar, aligeirar jugos, denunciar escravidões e mostrar a compaixão do Pai para com todas as suas criaturas.
Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.

Com a sua vitória Jesus mostra-nos que todas as dificuldades, que sem dúvida teremos, podem ser superadas.
Como Ele, contamos com a força do Espírito e a luz da Palavra.
Jesus foi tentado no deserto, nos caminhos e nas cidades.
Foi tentado pelos familiares e pelos discípulos, pelo povo e pelas autoridades civis e religiosas.
Jesus foi tentado, viveu e experimentou todas as situações e circunstâncias que nos cabe viver.
“Jesus tolera ser tentado para que n’Ele aprendamos todos a triunfar” (San Ambrosio).

TEMPO PROPÍCIO


Bendito sejas, Pai, por este tempo tão oportuno,
para a conversão e o encontro, que Tu concedes grátis
a todos os teus filhos e filhas que andamos desorientados

pelos caminhos da vida.


Bendito sejas, Pai, porque chamas a cada homem e mulher,
seja qual  for a sua história ou a sua vida, a empreender cada dia, de maneira mais pessoal e consciente, o seu compromisso de seguir Jesus, teu Filho e nosso Irmão.


Bendito sejas, Pai, por nos despertares dos nossos doces sonhos, tão vaporosos e infecundos, por nos interpelares no radical da vida, por nos libertares das nossas falsas seguranças,  por pores a descoberto os nossos ídolos secretos que tanto defendemos  e tentamos justificar.

Bendito sejas, Pai, porque nos dás o teu Espírito,
o único que nos pode converter,
o único que nos pode dar um coração de filhos,
o único que pode atravessar os nossos pensamentos,
o único que nos pode  guiar pela senda do Evangelho,
o único que torna possível o nosso regresso ao teu seio.
Bendito sejas, Pai, por este tempo tão propício!

Ulibarri  Fl. 



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