O
assunto do qual trata o artigo Atacar o
Papa Francisco, para quê?, de José María Castillo, é muito importante e
oportuno.
Acho
que é necessário que se fale sobre esses “jogos” de poder e de oposição ao papa Francisco e
contra as possíveis mudanças na Igreja Católica, que existem dentro dos altos
círculos eclesiásticos.
É
bom saber que isso existe e, sem dúvida, precisamo-nos indagar pelos motivos e
argumentos que esses ‘opositores’ usam. As
perguntas são duras: Por que, será, que eles fazem isso? O que está, realmente,
em jogo? ...
O
artigo foi publicado no mês de maio deste ano (2015) no blog do autor, e,
postriormente, também no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
Não deixe de
ler!
WCejnóg
Quinta, 21 de maio de
2015
Atacar
o Papa Francisco, para quê?
“Francisco incorreu em alguma heresia? Ele se desviou da fé da
Igreja? Falo da ‘fé da Igreja’, não da ‘fé de quem ataca o Francisco’. Mas então, se não puderem demonstrar
que estamos diante de um ‘papa herege’, o que, na realidade, pretendem aqueles
que atacam este Papa? Será
que querem um Papa ‘à
sua medida’? Que o digam claramente.”
A reflexão é de José María Castillo e publicada
por seu blog Teología sin Censura,
19-05-2015. A tradução é de André
Langer.
Eis o artigo
Diz-se em Roma, e no mundo inteiro, que o Papa Francisco está suportando
uma forte
oposição, que, segundo fontes autorizadas, tem suas raízes
e seus protagonistas na mesma cidade, no mesmo Estado, onde o Papa mora e a partir de
onde Francisco governa
a Igreja universal. Evidentemente, é compreensível que na Igreja universal haja
pessoas ou grupos que não
concordam com a forma de ser e governar deste Papa. Assim como também é
compreensível que haja quem não esteja de acordo com algumas das coisas que ele
diz. Este tipo de desacordo sempre foi comum na Igreja. E não teria porque
chamar a nossa atenção. E menos ainda deveria nos preocupar o desacordo de quem
não se identifica com o modo de ser ou de falar do atual sucessor de Pedro na Igreja.
O que está acontecendo,
neste momento, é que não se trata de que há pessoas
ou grupos que não concordam com o Papa. O problema está em que se trata de pessoas ou grupos que
atacam o Papa. “Desacordo”
é diferente de “ataque”. O desacordo baseia-se na “diferença”, o que é
inevitável e, em muitos casos, inteiramente lógico. O ataque, ao contrário, não
se limita a manifestar a diferença. Porque aquele que ataca o outro, o que na
realidade pretende fazer é que o outro mude. E se não mudar, que seja tirado do
meio, ou seja, que se vá para outro lugar. Estamos, portanto, diante de uma
situação séria, muito séria. Eu me atreveria a dizer que a Igreja (não apenas
o Papa) enfrenta um
problema de raízes muito profundas. E de consequências imprevisíveis.
Sendo assim, a pergunta
que qualquer um se faz é esta: mas, o que fez ou o que disse Francisco para que seja atacado
como de fato está sendo atacado? Como é do conhecimento de todos, na história
da eclesiologia ficou famosa a tese, defendida pelo cardeal Humberto e recolhida por Graciano (D. XL, c. 6, col. 146),
segundo a qual “o papa não deve ser julgado por ninguém, a não ser que tenha se
desviado da fé” (“a nemine iudicandus, nisi deprehendatur a fide devius”). É a
famosa tese do “papa herege”, que foi tema de ásperas discussões durante
séculos. Não é questão de analisar agora este assunto, que já não ocupa lugar
algum nos tratados sobre a Igreja.
Mas vale a pena recordar
esse assunto. Ao menos para perguntar àqueles que atacam o Papa atual: Francisco incorreu em alguma heresia?
Ele se desviou da fé da Igreja? Falo da “fé da Igreja”, não da “fé de quem
ataca o Francisco”. Mas então,
se não puderem demonstrar que estamos diante de um “papa herege”, o que, na
realidade, pretendem aqueles que atacam este Papa? Será que querem um Papa “à sua medida”? Que o digam
claramente. E então saberemos a que nos ater.
E para terminar, apenas
uma coisa. Se os problemas, que tanto preocupam a alguns, são os problemas
teológicos relativos à família, não seria ruim se os descontentes com Francisco estudassem a fundo o
“valor dogmático” de alguns enunciados doutrinais sobre a família, que deixa
tão nervosos determinados teólogos, alguns bispos e inclusive certos cardeais.
Que estudem a fundo este assunto. Caso o fizerem com a devida competência,
honradez e sinceridade, com certeza vão se defrontar com isso: não há na Igreja
uma única afirmação doutrinal sobre a família que seja “dogma de fé”. Então,
para que tanto barulho e tanto alvoroço?
Fonte: IHU - Notícias
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