Gostei muito do texto de Kerry Weber e por
isso também trago-o para o blog Indagações Zapytania. Acho que ele expressa muito bem o que se
passa na vida de muitos católicos nos tempos atuais e, por ser um verdadeiro
testemunho de fé, pode servir de ajuda para quem se sente confuso, inseguro ou
‘perdido’ em relação a sua fé cristã e a sua pertença à Igreja Católica.
Sobretudo, penso nos jovens e adolescentes...
O texto foi publicado no mês de maio de 2015
nos Estados Unidos e, posteriormente, também no site do Institutu Humanitas
Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
Eis
o texto.
Não
interessa se ele está vestindo um poncho, falando para o Congresso ou admitindo
que é um pouco ludita, parece que não passa um dia sem que o Papa
Francisco seja notícia. E não são apenas os católicos que parecem
estar ligados em cada palavra do Santo Padre. Pessoas de todas as origens
respeitam a preocupação do papa pelos pobres, sua sinceridade, sua alegria. Nós
nunca sabemos a próxima coisa que o que o Papa Francisco vai
fazer. E isso é exatamente o que é tão emocionante.
Francisco lembra-nos em ser abertos ao
Deus das surpresas. E ele usa continuamente a atenção que lhe é dada para levar
seus seguidores de volta a Cristo. Eu já ouvi histórias de muitos jovens
católicos, que antes se sentiam alienados, agora reconsiderando a relação com a
Igreja, graças ao exemplo de Francisco. Mas, embora Francisco possa
tornar a Igreja mais convidativa, ele não é razão suficiente para fazer as
pessoas permanecerem nela.
Felizmente,
há muitas boas razões se ter esperanças sobre o futuro da Igreja Católica, e
muitas razões para que os jovens católicos permaneçam por aqui, mesmo depois
que passar o frenesi sobre Francisco. Aqui estão apenas algumas:
Crescente
ênfase sobre a natureza global da Igreja.
Graças
às maravilhas da Internet, é mais fácil do que nunca para os jovens se
conectarem com pessoas ao redor do mundo, e queremos que a nossa Igreja reflita
essa diversidade. Os 20 novos cardeais nomeados pelo Papa Francisco representam
18 países diferentes. O grupo é diversificado tanto geográfica quanto
ideologicamente, o que esperamos possa ajudar a aumentar a conscientização
sobre a grande variedade de desafios enfrentados pelos católicos em diferentes
regiões do globo. Algumas vozes globais já estão ganhando proeminência: bispos
africanos têm manifestado preocupação com temas que vão da pobreza à poligamia
ao Boko Haram. E o cardeal Luis Tagle, das Filipinas, chamou
atenção recentemente sobre as dificuldades enfrentadas por muitos
trabalhadores nas Filipinas.
Parcerias
mais fortes entre leigos e ordens religiosas.
Muitas
ordens religiosas estão formalmente colaborando com leigos e leigas, em um
esforço para aumentar a consciência dos seus carismas. A organização "The
Jesuit Collaborative", em parte, promove programas de liderança e
retiros para jovens que querem enriquecer-se com a espiritualidade inaciana.
As Irmãs da Misericórdia estabeleceram o ramo chamado "Mercy
Associates" [Associados da Misericórdia], a qual faço parte. Isso
significa que eu me comprometi a tentar viver os valores de seu ministério,
oração e espiritualidade em minha própria vida de leiga. As Irmãs da
Misericórdia trabalham em estreita colaboração com os Associados, e
nos veem como parceiros na sua missão e ministério.
Como
muitos jovens continuam a procurar experiências significativas de vida em
comunidade, essas parcerias podem oferecer uma constante conexão para uma
comunidade de fé, mesmo quando nos mudamos de um lugar para outro, ajudando-nos
a incorporar essa espiritualidade em nossas vidas cotidianas. Além disso, eu
conheço pessoas interessadas na construção de novas comunidades religiosas em
torno da ideia de votos temporários, onde os membros se comprometem a alguns
dos tradicionais votos (pobreza, castidade e obediência) dentro do contexto de
uma comunidade, por um tempo limitado, em vez de uma vida.
Maior
apoio para as mulheres em papéis de liderança da Igreja.
Desde
o Concílio Vaticano II, as mulheres têm atuado em um número sem
precedentes de cargos de liderança na Igreja. Elas lideram paróquias, escolas,
hospitais e agências de serviços sociais. Um grande número de mulheres são
ministras leigas, profissionais e teólogas, e algumas ensinam em seminários
católicos. O Papa Francisco está entre aqueles que pedem um
papel maior para as mulheres, especialmente em locais de autoridade na Igreja.
No entanto, a este respeito, pouco progresso tem sido feito, e o próprio Francisco usa
frequentemente uma terminologia desanimadora quando fala das mulheres. E embora
alguns católicos esperam por uma discussão mais aprofundada sobre a ordenação
de mulheres ao sacerdócio, Francisco disse que a ordenação de
mulheres "não é uma questão aberta à discussão". No entanto, muitos
católicos - homens e mulheres - sugeriram uma série de maneiras criativas de
forma que as mulheres católicas possam ocupar posições de poder na Igreja, como
à frente de uma congregação ou concílio na Cúria Romana, servindo no corpo
diplomático da Santa Sé, ou como cardeal, diaconisa ou pregadora
leiga. Os jovens católicos acostumados a ver mulheres bem sucedidas no trabalho
terão também a chance de vê-las tornarem-se líderes no ambiente da fé.
Maiores
esforços para ouvir.
Os
jovens católicos querem ser ouvidos; e eles têm ideias que vale a pena ouvir.
Várias dioceses fizeram esforços deliberados para coletar as opiniões dos
católicos em nível paroquial antes do Sínodo sobre a Família. Espero que os
líderes da Igreja ouçam a dor daqueles que se sentem alienados e também os
motivos que, por vezes, causaram essa dor. Eu estou esperançosa de que nossa
Igreja está se movendo na direção a uma maior responsabilização pela tragédia
do abuso sexual por parte do clero. Espero que os líderes da Igreja encorajem,
de forma intencional, as pessoas a serem mais autênticas. O futuro da nossa fé
depende da nossa capacidade de sermos verdadeiramente presentes um ao outro
agora.
Um
chamado contínuo a amar.
Muitos
jovens encontram esperança no Papa Francisco, porque ele
constantemente nos lembra aquilo que Cristo nos lembrou: Amar-nos uns aos
outros. Quando as pessoas se preocupam com o futuro da Igreja, muitas vezes
essas preocupações estão relacionadas com as coisas tangíveis, os edifícios, as
escolas, os cheiros e os sinos da liturgia. E a Igreja, de fato, inclui essas coisas.
Mas é muito fácil esquecer que a Igreja também existe em cada um de nós.
Ela
existe nos pais juntando os seus filhos para ir à missa. Ela existe no jovem
que duvida de Deus. Ela existe no homem ajoelhado diante da Eucaristia. Ela
existe nos voluntários que servem comida e conhecem os convidados pelo nome em
sua cozinha comunitária. Ela existe entre os ativistas contra a pena de morte,
nas pessoas em macacões laranja fora da Casa Branca protestando
contra a prisão na Baía de Guantánamo. Ela existe nos avós que
rezam terços para os seus netos, e nos netos correndo em círculos em torno de
seus avós. A Igreja existe naqueles que a deixaram, naqueles que estão com
raiva ou tristes por causa dos pecados da Igreja. Ela existe no perdão dos
sobreviventes do genocídio, pessoas que conheci em Ruanda, e nos
homens que conheci quando trabalhei na Prisão de San Quentin.
Ela
existe entre as pessoas de todas as classes, raças e identidades sexuais. Ela
não conhece fronteiras políticas ou pastorais. A Igreja vai para as periferias.
Está nas periferias. E está no centro de tudo que fazemos.
A
Igreja é imperfeita.
Eu
sou apaixonada pela Igreja, por isso sempre há a possibilidade de ela partir
meu coração. E ela já fez isso com alguma frequência. Mas a minha
vulnerabilidade, essa fragilidade, muitas vezes permite um ponto de entrada
para o Espírito Santo. Embora pesquisa após pesquisa mostre que muitos jovens
estão optando por deixar para trás essa coisa toda de religião, eu descobri que
a melhor maneira para lidar com minhas frustrações com a Igreja é aprofundar a
minha fé. E então, mais e mais, encontro um sinal de esperança, o Espírito que
trabalha, fora de vista, mesmo quando a Igreja ou o mundo parece estagnado e
imutável. Para muitos jovens, de fato, as lições que aprendemos com a Igreja
Católica fundamentaram o nosso desejo de trabalhar contra as injustiças dentro
dela. Eu me importo com essa bela, controversa, hierárquica, histórica, falha,
inspirada, abençoada e dolorosamente lenta instituição. Eu não sei o que o
futuro reserva para a Igreja. Mas perseverar na incerteza, com esperança, é
exatamente o que significa ter fé.
A
Igreja é guiada pelo Espírito.
Assim, onde quer que a
Igreja vá, eu vou com ela. E eu estou aqui por opção. Eu estou aqui porque
acredito, e porque todos os dias tenho de enfrentar minha incredulidade. Eu nem
sempre concordo com tudo o que meus líderes da Igreja dizem. Mas eu confio que
Deus quer transformar seus corações ou o meu. Provavelmente ambos. Esperemos
que em breve. Nesse meio tempo, tudo o que podemos fazer é continuar a
trabalhar conjuntamente para tentar construir o Reino de Deus, mesmo que não
consigamos dizer completamente como ele vai parecer. Porque acreditamos que o
Espírito Santo vai continuar a guiar a Igreja em direção ao que é verdadeiro,
bom e belo. Nós nunca sabemos o que o Espírito Santo vai fazer a seguir. E isso
é exatamente o que é tão emocionante.
Fonte IHU - Notícias
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