Agora o assunto é a meditação. O que, na
verdade é a meditação? Qual é a diferença entre refletir e meditar? Por que a meditação religiosa é uma forma
muito especial de oração?
Sobre isso trata o texto abaixo, de
autoria de Ferdinand Krenzer¹. Não deixe de ler.
WCejnog
[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].
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A meditação
A meditação
Fazer reflexão ainda
não é a meditação, mas pode ser a
introdução para ela. Hoje, todos falam da meditação. Cada atenciosa leitura é chamada de meditação. Só
que a meditação não ocorre na cabeça, na
esfera dos pensamentos da pessoa, mas constitui um processo que acontece no
íntimo do ser humano e o envolve totalmente.
Quando a meditação é
verdadeira, tudo em nós acalma, apaga, silenciam também os pensamentos
conscientes. Já não sou eu que penso, mas “pensa-se”. Já não sou eu que reflito
alguma coisa ou palavra, mas deixo que essa alguma coisa ou palavra fale para
mim.
O ser humano possui um jeito peculiar de expressão e de comunicação,
como, por exemplo, quando fico fascinado ao ouvir uma música, ou ao contemplar
a tela de um quadro de arte – eles falam para mim. E eu não manipulo nada, nem tento formular
pensamentos bonitos. Não tenho nenhuma intenção, absolutamente. Mas, como nos
diz a experiência, justamente nessas condições conseguimos conhecer e
contemplar ou uma pessoa, ou as coisas, que “abrem-se” para nós do jeito
completo, com toda a sua força de
expressão e significado. Somos capazes de entender melhor o simbólico.
De novo temos que dizer, que
tudo serve para a meditação: chave, o portão podem falar para mim do mesmo
jeito que um cálice, aliança ou telefone.
Dessa “meditação natural”
para a religiosa separa-nos apenas um pequeno passo. Agora eu deixo que fale
para mim uma palavra ou algum gesto de Jesus Cristo, ou acontecimento, ou
encontro. A meditação cristã é uma oração parada, alongada, sem muitas
palavras.
Descrevemos a oração como
“encontro com Deus”. Quando encontramos um amigo, também não costumamos falar
todo tempo, pressionar ou insistir. Basta-nos que estejamos juntos, que estejamos
perto, que possamos vê-lo e que também que
ele possa nos ver.
Do mesmo jeito nós nos conscientizamos durante a
meditação que Deus está próximo a nós. Deixamos que a sua palavra nos fale,
ouvimos o que ela nos diz.
Também as coisas de uso
diário, como mencionamos anteriormente,
possuem uma profunda dimensão religiosa. Jesus Cristo se servia de todas
essas coisas: chave, caminho, água, pedra, semente..., para, usando-as, construir
parábolas, que nos mostram a proximidade de Deus.
Hoje em dia muitos jovens
estão descobrindo o valor de meditação. Também os não - cristãos deixam-se
fascinar por ela, sobretudo pelas suas formas orientais.
Alguns argumentam que a
nossa postura espiritual ocidental, dominada pelo racionalismo, no fundo é pouco humanista e
desvaloriza as áreas essenciais da vida humana.
A meditação cristã realmente
pode aprender bastante da experiência do Oriente. De qualquer jeito, muita
gente hoje percebe que a meditação não só alarga a consciência, mas também
relaxa e traz a paz interior. Ademais, quando meditamos sobre Jesus, sobre
as suas palavras e os seus ensinamentos – isso traz para nós um nova dinâmica
para melhor lidarmos com a rotina diária.
A oração conforme algum modelo
Quando, porém, todas essas
formas de oração e de meditação, que exigem recolhimento e silêncio, mostram-se
insuficientes para nós, talvéz porque sentimos o
vazio total e nada nos vem à cabeça, e tudo grita em nós, e não temos como nos
silenciar – aí, a melhor saída para
fazermos a oração é pegarmos na mão o
livro das orações, em que os mestres de
oração nos transmitiram os seus pensamentos. Se os outros conseguiram rezar desse jeito,
talvez, então, a nós também isso possa estimular.
(KRENZER, F. Taka
jest nasza wiara, Paris, Éditions Du
Dialogue, 1981, p. 306-307)²
Continuar...
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Ferdinand Krenzer foi um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand
Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor,
ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais
difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
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quando me dedico à meditação, por incrível que pareça eu me perco em meus raciocínios e as palavras ou aquele pensamento em que estava concentrado me fogem e consequentemente me impede de continuar meditando. reconheço que sou um tanto estressado, nervoso e impaciente, talvez porisso não consigo meditar. será?
ResponderExcluirMeditar, é despojar-me de tudo o que está em mim e em minha volta, sabendo que Deus está presente, ao meu lado, sabendo de tudo... Basta, então, que estejamos juntos...
ResponderExcluirE esse depojamento não é nada fácil...
Tento, mas será que consigo?...