Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 1 de julho de 2012

Jesus faz milagres. A fé cura integralmente, a fé salva. - Uma reflexão.


O texto do Evangelho segundo Marcos (Mc 5, 21-43) é muito conhecido.  Jesus realiza dois milagres: a caminho da casa do Jairo,  chefe da sinagoga, uma mulher consegue aproximar-se dele no meio da multidão e tocar na sua túnica - imediatamente fica curada. Jesus a chama para ela se identificar e exalta a fé dela. Chegando à casa do Jairo, Jesus devolve a vida para a filha dele, uma menina considerada por todos morta.
Um texto repleto de  detalhes e imagens.  Uma reflexão mais profunda sobre ele pode nos audar a chegarmos mais perto de Jesus, fortalecendo a nossa fé nele.
Com este propósito trago aqui um comentário,  muito bonito,  da M. Asun Gutiérrez.
Não deixe de ler.
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[Os interessados pedem ler esse texto em PPS, acessando o site das Monjas Beneditinas de Montesserrat: http://www.benedictinescat.com/montserrat/indexceramport.html,  abrindo o link DOMINGO 13 do Tempo comum ano B 2012 – 1 de julho, -  Reflexão do Evangelho.  Trabalho muito bonito! ]



Marcos 5, 21-43
"Jesus voltou para o lado oeste do lago, e muitas pessoas foram se encontrar com ele na praia. Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, foi e se jogou aos pés de Jesus, pedindo com muita insistência:
- A minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare e viva!
E Jesus foi com ele. Uma grande multidão foi  junto e o apertava de todos os lados.
Chegou ali uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemorragia. Havia gastado tudo o que tinha, tratando-se com muitos médicos. Estes a fizeram sofrer muito; mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais. Ela havia escutado falar de Jesus; então entrou no meio da multidão e, chegando por trás dele, tocou na sua capa, pois pensava assim: “Se eu apenas tocar na capa dele, ficarei curada.” Logo o sangue parou de escorrer, e ela teve certeza de que estava curada. No mesmo instante Jesus sentiu que dele havia saído poder. Então  virou-se no meio da multidão e perguntou:
- Quem foi que tocou na minha capa?
Os discípulos responderam:
- O senhor está vendo como esta gente o está apertando de todos os lados e ainda pergunta isso?
Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher, sabendo o que lhe havia acontecido, atirou-se aos pés dele, tremendo de medo, e contou tudo. E Jesus disse:
- Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu sofrimento.
Jesus ainda estava falando, quando chegaram alguns empregados da casa de Jairo e disseram:
- Seu Jairo, a menina já morreu. Não aborreça mais o Mestre.
Mas Jesus não se importou com a notícia e disse a Jairo:
- Não tenha medo;  tenha fé!
Jesus deixou que fossem com ele Pedro e os irmãos Tiago e João, e ninguém mais. Quando entraram na casa de Jairo, Jesus encontrou ali uma confusão geral, com todos chorando alto e gritando. Então ele disse:
- Por que tanto choro e tanta confusão? A menina não morreu; ela está dormindo.
Então eles começaram a caçoar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem e, junto com os três discípulos e os pais da menina, entrou no quarto onde ela estava. Pegou-a pela mão e disse:
- “Talitá cumi!” (Isto quer dizer: “Menina, eu digo a você: Levante-se!”)
No mesmo instante, a menina, que tinha doze anos, levantou-se e começou a andar. E todos ficaram muito admirados. Então Jesus ordenou que de jeito nenhum espalhassem a notícia dessa cura. E mandou que dessem comida à menina."

As religiões orientais negavam à mulher a sua natureza racional. O judaísmo manifestou-se sempre como uma religião de varões. Mais ainda, no idioma do Antigo Testamento, as palavras piedoso, justo e santo não têm feminino.
Já que todos somos filhos do mesmo Pai, Jesus coloca os homens e as mulheres no mesmo nível.  E preocupa-se continuamente com a  causa  delas durante a sua  vida pública. Um grupo feminino seguia o Mestre por aldeias e cidades. Algo inconcebível para os rabinos de então,  que proibiam falar com uma mulher fora de casa. Além disso, numerosos milagres de Jesus têm como destinatárias as mulheres.

Comentário

Marcos narra-nos dois desses milagres, intercalados um no outro,
e os dois realizados em benefício de duas mulheres.

Os caminhos da fé, os graus de adesão e relação com Jesus, são distintos em cada pessoa.  Mas a fé supõe sempre o encontro e o diálogo pessoal com Ele.

A mulher atreveu-se mesmo que não fosse fácil. Impediam-lhe aproximar-se de Jesus as pessoas que, conhecendo a sua situação, evitaram o seu contato.  Atuação com a qual podemos identificar-nos  se tão pouco queremos ser tocados pelas pessoas “indesejáveis” da nossa sociedade.
 A que pessoas rejeito?

A mulher crê em Jesus. Desembaraça-se dos preconceitos religiosos que lhe impediam pôr-se em contato com ele.  Atreve-se a tocar naquele homem que emana bondade e compreensão, que tem uns olhos profundos que não evitam o seu olhar, que convidam à confiança, à fé.  Se atreveu-se. Tocou para ser curada.

O contato com Jesus tinha-a curado, tinha-a tornado livre para voltar a beijar, a abraçar, a acariciar os seus e a todos os que o necessitassem. O seu coração, tão  necessitado de contatos humanos, sentia a plenitude que a levava a amar o mundo inteiro, em especial os que, como ela, eram pessoas rejeitadas e excluídas pela sociedade.

Podemos compreender os sentimentos que Jesus lhe transmitiu: recuperação da dignidade, leveza de alma, plenitude de espírito, alegria transbordante, necessidade de partilhar...
O mesmo que sentimos quando sabemos que Jesus está junto a nós, quando necessitamos tocar-lhe e, sobretudo, quando nos sentimos tocados por Ele.

Jesus quer conhecer quem põe a sua fé n’Ele.  Não terminou o milagre. Quer devolver a confiança em si mesma àquela mulher. Ajudá-la a sair do anonimato.

Não era fácil confessar em público o que tinha feito. A sua atuação também tinha convertido Jesus em impuro  (Lv 11, 44-45 – 15, 25-27). De novo se atreveu! E foi capaz de se sobrepor a todos os medos e ao “que vão dizer”. Dar testemunho da fé implica sair do anonimato e dar a cara.

Muitas pessoas tocam Jesus, mas poucas com a fé desta mulher. Não são iguais todas as maneiras de se aproximar de Jesus. Jesus não se atribui a si mesmo as curas. Recorda algo realmente surpreendente:  A tua fé te salvou. A tua fé te curou. Jesus  diz à mulher que a sua fé é a causa da sua saúde.

Na pessoa que crê há sempre algo que a pode salvar e libertar de tudo o que a desumaniza e a impede viver com dignidade. A fé realiza o milagre, não ao contrário. A fé é uma postura de total confiança numa Pessoa, de entrega, de esperança. A fé cura integralmente, a fé salva.

Na casa do chefe da sinagoga

Jesus impede a entrada na casa aos que formam o coro dos lamentos, aos que se riem das suas palavras e impedem que o coração mantenha a esperança.  Não morreu.  Está a dormir. Palavras pronunciadas com firmeza, com convicção interna, que soam a música celestial ao pai e à mãe da menina.  Agora sim, cresce a esperança! E confiaram.
Confio em Jesus e na sua Palavra?

Esta revelação é todavia imperfeita. Há que esperar a outra vitória mais sublime e reveladora: a vitória sobre a sua própria morte.  Então poderão divulgar tudo.

Para se levantar e continuar a viver, a menina necessita comer. Todas as pessoas necessitam ter alimento para uma vida justa e digna. A nossa missão é dar de comer, partilhar pão, alegria, consolo, esperança... aos que cruzam no nosso caminho.

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As mãos de Jesus

A nossa recordação vai pousar agora sobre as mãos de Jesus,
as mãos capazes de transmitir confiança, de expressar afeto,
de oferecer segurança, de dar amor...
Mãos abertas para acariciar e abençoar as crianças,
mãos estendidas para socorrer os que estão caídos à beira do caminho
incapazes de continuar a andar,
 mãos sanadoras para curar os corpos dilacerados  e os espíritos maltratados, mãos trabalhadoras que lançam as redes ou modelam a madeira,
mãos que marcam o caminho e estimulam a seguir em frente,
mãos que levam à plenitude.
Te pedimos que estendas a tua mão a todos e a todas para que o teu toque revitalize,
o teu beijo vivifique e o teu abraço consiga que sejamos conscientes da tua proximidade.
Acompanhados por ti também seremos capazes de nos tornarmos próximos
dos nossos irmãos e irmãs.
Ajuda-nos a estender as nossas mãos aos que delas necessitem.
Contamos com o teu apoio.
Ajuda-nos a não perder a fé e a sentir o contato das tuas mãos
contra as nossas. AMÈM
Isabel Gómez Acebo


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