Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 8 de julho de 2012

"Eu não sei - já não consigo - rezar."


A reflexão sobre a oração continua. Por que, frequentemente, não conseguimos rezar bem? Por que a oração, às vezes, não traz para o nosso coração a esperada satisfação? Como rezar? 

O texto abaixo, de Ferdinand Krenzer¹, pode servir de grande ajuda para todas as pessoas  que gostariam de entender melhor a questão de oração. 
A leitura é fácil e agradável.  Não deixe de ler.
WCejnog

 

 [Para aproveitar melhor a abordagem deste tema,  é aconselhável  ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].

 

    (2)

   Como rezar? 

 

Hoje frequentemente ouvimos o seguinte desabafo, também das pessoas de fé: “Eu não posso – já não consigo – rezar. Sinto em mim um grande  vazio”. Na maioria, são as pessoas que tentam fazê-lo com toda a sinceridade.

O que causa que muitas pessoas não conseguem rezar corretamente é o seu falso conceito de oração.  A oração – geralmente assim se fala -  é a conversa com Deus.  Não é necessário aqui, no entanto, dizer que para conversar com Deus não é importante falar: pode-se rezar com o coração. Mas, em muitos casos essa conversa com Deus consiste em dirigir a Ele as fórmulas decoradas ou aprendidas no tempo da infância.  Só que esta não  é a verdadeira conversa. Não se participa dela pessoalmente e por isso a  boca pode  falar blá, blá, blá..., mas não há participação espiritual nisso tudo o que se fala. Uma forma tão mecânica e superficial da oração só nos aborrece, porque não  é digna do homem e da mulher de hoje.

Até mesmo quando alguém já amadureceu e já “saiu” das orações de criança, e quando realmente tenta entrar em contato com Deus  e conversar  com Ele  com as próprias palavras – frequentemente  acontece que, com o passar do tempo, as suas orações novamente tornam-se fórmulas sem  vida. E mesmo quando continuamos falar com Deus – o que vemos é somente o nosso monólogo. Então perguntamos a nós mesmos: em que pode estar e onde nós podemos achar a resposta que Deus nos dirige?

Na realidade, é o próprio Deus que primeiro falou para  nós – pelas pessoas que nos cercam e pelas coisas, e sobretudo por Jesus Cristo, o seu Filho. A nossa oração, então,  deve ser uma resposta para tudo isso que Deus nos oferece; deve expressar a nossa reação à sua ação. Desta maneira  uma oração correta será sempre atual e nunca vai se transformar num simples esquema.

O outro conceito falso da oração consiste numa expectativa antecipada que a pessoa tem, quando espera experimentar na oração a ajuda e o  fortalecimento  interior.  Não podemos esquecer que não é com isso que se mede  uma boa  oração. Pode acontecer que Deus permita que alguém experimente esse sentimento maravilhoso e, neste caso, esta pessoa só pode ficar muito agradecida. Porém, isso não tem nada a ver com o bem que flui da  oração.

Na verdade, se alguém se esforça e reza atenciosamente, certamente a sua oração é boa. Vejamos, até mesmo um balbuciar de queixa, tipo: “Senhor, estás vendo que eu quero rezar, mas é tão difícil para mim dirigir para Ti os meus pensamentos. Todo o resto torna-se mais  importante e mais visível para mim que Tu. Eu sou assim, Senhor, ajude-me a rezar” – seria uma linda oração. 

Em todo caso, nesse repetido com muita frequência desabafo de muita gente “não consigo rezar”, existe a certeza de que rezar é a nossa tarefa e obrigação. Esta necessidade nunca deixará de existir. (...)

 (KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 300-301)²
Continua...
_____________________________________
¹ Ferdinand Krenzer  é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado e escritor.

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português).  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.

******************

Um comentário:

  1. Prezado Walenty... há um tempo atrás escrevi isso e achei a propósito para sua postagem:

    Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé! (Mc 9,24)
    Eu creio, Senhor! Creio que será possível olhar de novo para as orações. Re-lê-las, re-visitá-las, re-descobrir o seu gosto e o quanto elas nos aproximam de Ti. Quero ver as preces como folhas das árvores que se desprendem lentamente de nossos lábios e caem no chão do Teu amor!

    Eu creio, Senhor! Creio que nossos templos ainda não se tornaram mercados: lugar do barulho e da agitação. Mas creio, também, que ainda não é preciso ouvir as chicotadas de Tuas palavras expulsando os vendilhões de armadilhas, de mentiras, desilusões...

    Eu creio, Senhor! Creio no pão da palavra. Creio que será possível ouvir melhor os Teus profetas, os Teus apóstolos, o Teu evangelho.

    Eu creio, Senhor! Creio que o Teu amor é derramado sobre nós. E que é possível sentir de novo o coração arder como em Emaús, naquela tarde. Creio que é possível escutar Teus passos na rua, correr à janela ou subir a uma árvore para te ver. Creio que vais comer conosco um pão, contar histórias e nos fazer rir. Estamos muito sérios e tristes, Senhor! Não somos como as crianças que fizeram algazarra ao teu redor!

    Eu creio, Senhor! Ajuda-me na minha falta de fé!

    ResponderExcluir