A reflexão sobre a oração continua. Por
que, frequentemente, não conseguimos rezar bem? Por que a oração, às vezes, não
traz para o nosso coração a esperada satisfação? Como rezar?
O texto abaixo, de Ferdinand Krenzer¹,
pode servir de grande ajuda para todas as pessoas que gostariam de entender melhor a questão de
oração.
A leitura é fácil e agradável. Não deixe
de ler.
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[Para aproveitar melhor a abordagem deste tema, é aconselhável ler desde o início todas as postagens que se referem a este assunto (começo no dia 6 de julho de 2012: Reflexões sobre a oração)].
(2)
Como rezar?
Hoje frequentemente ouvimos o
seguinte desabafo, também das pessoas de fé: “Eu não posso – já não consigo –
rezar. Sinto em mim um grande vazio”. Na
maioria, são as pessoas que tentam fazê-lo com toda a sinceridade.
O que causa que muitas pessoas não
conseguem rezar corretamente é o seu falso conceito de oração. A oração – geralmente assim se fala - é a conversa com Deus. Não é necessário aqui, no entanto, dizer que
para conversar com Deus não é importante falar: pode-se rezar com o coração. Mas,
em muitos casos essa conversa com Deus consiste em dirigir a Ele as fórmulas
decoradas ou aprendidas no tempo da infância.
Só que esta não é a verdadeira
conversa. Não se participa dela pessoalmente e por isso a boca pode
falar blá, blá, blá..., mas não há participação espiritual nisso tudo o
que se fala. Uma forma tão mecânica e superficial da oração só nos aborrece,
porque não é digna do homem e da mulher
de hoje.
Até mesmo quando alguém já
amadureceu e já “saiu” das orações de criança, e quando realmente tenta entrar
em contato com Deus e conversar com Ele com as próprias palavras – frequentemente acontece que, com o passar do tempo, as suas
orações novamente tornam-se fórmulas sem
vida. E mesmo quando continuamos falar com Deus – o que vemos é somente
o nosso monólogo. Então perguntamos a nós mesmos: em que pode estar e onde nós
podemos achar a resposta que Deus nos dirige?
Na realidade, é o próprio Deus que primeiro
falou para nós – pelas pessoas que nos
cercam e pelas coisas, e sobretudo por Jesus Cristo, o seu Filho. A nossa
oração, então, deve ser uma resposta
para tudo isso que Deus nos oferece; deve expressar a nossa reação à sua ação.
Desta maneira uma oração correta será
sempre atual e nunca vai se transformar num simples esquema.
O outro conceito falso da oração
consiste numa expectativa antecipada que a pessoa tem, quando espera
experimentar na oração a ajuda e o
fortalecimento interior. Não podemos esquecer que não é com isso que
se mede uma boa oração. Pode acontecer que Deus permita que
alguém experimente esse sentimento maravilhoso e, neste caso, esta pessoa só
pode ficar muito agradecida. Porém, isso não tem nada a ver com o bem que flui
da oração.
Na verdade, se alguém se esforça e
reza atenciosamente, certamente a sua oração é boa. Vejamos, até mesmo um
balbuciar de queixa, tipo: “Senhor, estás vendo que eu quero rezar, mas é tão
difícil para mim dirigir para Ti os meus pensamentos. Todo o resto torna-se
mais importante e mais visível para mim
que Tu. Eu sou assim, Senhor, ajude-me a rezar” – seria uma linda oração.
Em todo caso, nesse repetido com muita frequência desabafo de muita gente “não consigo
rezar”, existe a certeza de que rezar é
a nossa tarefa e obrigação. Esta necessidade nunca deixará de existir. (...)
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara,
Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 300-301)²
Continua...
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¹ Ferdinand Krenzer é um teólogo católico alemão, pastor, aposentado
e escritor.
² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer
fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a
entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis
desta doutrina.
Os textos publicados neste blog são
tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma
polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português). O título original: “Morgen wird man wieder
Glauben”.
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Prezado Walenty... há um tempo atrás escrevi isso e achei a propósito para sua postagem:
ResponderExcluirEu creio! Ajuda-me na minha falta de fé! (Mc 9,24)
Eu creio, Senhor! Creio que será possível olhar de novo para as orações. Re-lê-las, re-visitá-las, re-descobrir o seu gosto e o quanto elas nos aproximam de Ti. Quero ver as preces como folhas das árvores que se desprendem lentamente de nossos lábios e caem no chão do Teu amor!
Eu creio, Senhor! Creio que nossos templos ainda não se tornaram mercados: lugar do barulho e da agitação. Mas creio, também, que ainda não é preciso ouvir as chicotadas de Tuas palavras expulsando os vendilhões de armadilhas, de mentiras, desilusões...
Eu creio, Senhor! Creio no pão da palavra. Creio que será possível ouvir melhor os Teus profetas, os Teus apóstolos, o Teu evangelho.
Eu creio, Senhor! Creio que o Teu amor é derramado sobre nós. E que é possível sentir de novo o coração arder como em Emaús, naquela tarde. Creio que é possível escutar Teus passos na rua, correr à janela ou subir a uma árvore para te ver. Creio que vais comer conosco um pão, contar histórias e nos fazer rir. Estamos muito sérios e tristes, Senhor! Não somos como as crianças que fizeram algazarra ao teu redor!
Eu creio, Senhor! Ajuda-me na minha falta de fé!